O ato de provocação de um grupo de torcedores corintianos, que resultou no arremesso ao campo de uma cabeça de porco, no último clássico entre Corinthians e Palmeiras, disputado no Itaquerão, na última segunda-feira (4), pode resultar na prisão dos envolvidos.
A equipe alvinegra venceu o histórico rival por 2 a 0. A vitória afastou o Corinthians da zona de rebaixamento e complicou a vida do Palmeiras na disputa pelo título nacional, que agora está com 6 pontos de desvantagem em relação ao líder Botafogo, que superou o Vasco, no clássico carioca, por 3 a 0 no dia seguinte.
A cabeça de porco faz alusão ao apelido da equipe alviverde, algo que começou como uma provocação dos corintianos e terminou sendo adotado pelos rivais.
O ocorrido não acarretou violência ou ferimentos de nenhuma natureza; a cabeça foi arremessada próximo à marca do escanteio, enquanto Raphael Veiga, meia palmeirense, realizava a cobrança. O atacante Yuri Alberto, do Corinthians, chutou a cabeça para fora da linha do campo.
Nas redes sociais, o torcedor identificado como Rafael Modilhane publicou vídeos e fotos com a cabeça, proferindo frases em provocação aos palmeirenses e ao que foi atribuído aos corintianos.
A provocação é algo constante na rivalidade entre clubes; desta vez não houve qualquer tipo de dano sofrido por torcedores ou jogadores. Mesmo assim, a polícia está empenhada em punir os envolvidos, seja com prisão ou com banimento dos estádios.
A Polícia Civil, por meio da Drade (Delegacia de Polícia de Repressão a Delitos de Intolerância Esportiva), órgão especializado na repressão de torcedores, investiga como a cabeça entrou no estádio.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) afirma que “a Polícia Civil analisa as imagens para esclarecer a dinâmica do ocorrido e prender os envolvidos”. Dois dos torcedores identificados foram detidos por provocação de tumulto e assinaram um Termo Circunstanciado.
A imprensa capitalista está fazendo um grande alarde sobre o ocorrido. Uma provocação pacífica está sendo tratada como um caso de violência. Pode parecer grotesco para alguns, porém, dentro da rivalidade entre torcidas, é visto como uma piada.
Em uma matéria, o GE procura dramatizar o ocorrido, trazendo a alegação do árbitro da partida, que diz que não foi apenas a cabeça de porco que foi arremessada por torcedores do Corinthians, mas também copos plásticos e isqueiros, objetos que não possuem nenhum potencial de acarretar ferimentos em ninguém.
Desde que as partidas de futebol contam com as torcidas no estádio, o arremesso de pequenos objetos ao campo sempre foi tratado como algo normal, tanto pela torcida quanto pelas organizações que gerenciam o esporte.
O episódio servirá para que a polícia e a imprensa reforcem a perseguição aos torcedores, principalmente aqueles que acompanham suas equipes no estádio. Desta vez, o esforço está direcionado a torcedores comuns, que não pertencem às torcidas organizadas, que já são tradicionalmente atacados.
O torcedor Osni Fernando Luiz, em depoimento, resumiu muito bem a natureza desses ataques: “a provocação é sadia. Eu não peguei uma barra de ferro para agredir. Eu não dei soco em ninguém. Eu acho que o futebol tem que parar com isso, o futebol raiz tem que viver. Na época de 90, todo mundo ia junto para o estádio e brincava com o outro. E hoje em dia estão acabando com o futebol”, declarou.