O Presidente do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, concedeu uma entrevista ao canal Da Prática Política no Youtube. Durante a entrevista, Rui conversou com o jornalista Claudio Porto sobre as resoluções da 37ª Conferência Nacional do PCO.
O governo Lula chegou a um impasse. Na política externa adquiriu um caráter de adaptação das políticas do imperialismo, e isso se reflete nas medidas tomadas pelo governo com relação a Venezuela e a China. No cenário interno, o governo do PT retoma as políticas de ajuste fiscal e outras políticas neoliberais.
Visto este cenário, Pimenta apontou a necessidade de o PCO lançar uma candidatura própria para a presidência. Durante a Conferência, o PCO indicou que concorrerá às eleições presidenciais de 2026 com Rui Costa Pimenta como candidato.
O presidente do Partido da Causa Operária explicitou que este não é um lançamento oficial de campanha. O anuncio da candidatura de Rui foi dado porque o partido acredita ser necessário uma campanha política intensa nestes dois anos pré-eleições presidenciais. Estabelecendo uma crítica, um contraste político às políticas do governo Lula. Neste sentido a candidatura do PCO será uma forma de manifestar uma campanha política por todo o país.
O dirigente do PCO esclareceu que o apoio dado à candidatura de Lula em 2022 foi uma situação extraordinária no PCO, devido à conjuntura política do golpe de Estado de 2016, à fraude eleitoral e à vitória ilegítima de Bolsonar. O PCO, inclusive, complementou Pimenta, não entrou na frente política que elegeu o presidente Lula.
Apesar das esforços do PT, o entrevistado destacou a fraqueza do governo. Sem apoio e encurralado, é necessário que Lula e o PT se apoiem na mobilização popular das bases para governar. Porém, Lula insiste em “jogar o jogo político”, fazendo alianças com a direita, afastando-se das bases, sem conseguir resultado algum.
Soma-se a estes fatores a massiva pressão do imperialismo em todos os governos do mundo. Os casos de tentativas de golpes em todo o mundo, especialmente na América Latina, somam-se aos montes. Após uma sequência de derrotas, o imperialismo está partindo para uma política agressiva contra o mundo: subserviência ou golpe.
No Brasil a situação não é diferente. O imperialismo força sua política no país. Lula tenta usar os resultados econômicos do país para conseguir uma margem de manobra para governar, contudo o imperialismo pressiona de tal forma que isto mostra um erro de cálculo do governo.
A economia está – apesar das tentativas alucinadas de alguns militantes do PT – em maus lençóis. O crescimento do país não é suficiente para estabelecer o pleno emprego, 55 milhões de pessoas não tem carteira assinada. Diversos negócios estão fechados, os preços estão em patamares muito distantes da realidade do povo e o número de pessoas em situação de rua cresce cada vez mais.
“A situação é uma situação dramática e o PT adotou uma política de avestruz: enfiar a cabeça debaixo da terra. No quadro internacional isso é muito perigoso. Se o governo não perder as eleições em 2026, ele pode ser derrubado por um golpe de Estado. Vamos ter claro: por mais que o Lula se adapte à política do imperialismo, o imperialismo não tem nenhum amor por ele. Por que não preferir um Tarcísio, uma figura muito mais identificada com o capital que o Lula?”, disse Rui Costa Pimenta.
O presidente do PCO ressalta, porém, a necessidade de defender o governo Lula. Não há alternativa para o governo petista neste momento. Pedir a derrubada do governo é abrir caminho para a vitória do bolsonarismo.
A fraqueza do governo vem de uma falta de compreensão da sua própria história e de uma falta de personalidade política da esquerda. O PT toma para si os louros de seus antigos governos, quando, na realidade, os resultados positivos dos governos do PT na década de 2000 e 2010 se deram por uma conjuntura política e econômica exterior que o beneficiava. Ao mesmo tempo, a esquerda – e o governo Lula – penam pela ausência de um programa político, de uma personalidade política. Defendem o aumento da repressão e o ajuste fiscal, políticas totalmente da direita. A face de camaleão desta esquerda afasta o povo e o joga para a direita. Apesar de ser um programa político horrível, a direita segue seu programa e possui personalidade política, diferente desta esquerda que vire-e-mexe se fantasia de direita para tentar agradar a burguesia ou ganhar mais votos.
Rui Costa Pimenta fez ainda uma avaliação das eleições municipais. Segundo o presidente do PCO, o verdadeiro vitorioso das eleições foi Jair Bolsonaro. Apesar de o PL não ter sido o partido que mais levou prefeituras no segundo turno, foi o quarto partido que mais ganhou prefeituras. Os três partidos acima do PL são todos da direita e, em sua maioria, de composição bolsonarista ou ligados ao bolsonarismo. O próprio PSD, que ganhou mais prefeituras, é composto majoritariamente por bolsonaristas.
“Bolsonaro continua sendo um fator fundamental na política nacional. A direita pode ganhar a eleição, mas só pode ganhar a eleição se o Bolsonaro apoiar o candidato. Sem o Bolsonaro não ganha a eleição. Se ele dividir o voto da direita, a direita não ganha (…). Se houver um governo de direita, tem de ser um governo de acordo com o bolsonarismo. Isso já é, na minha opinião, um fator dado”, afirmou o dirigente.
O presidente do PCO continua dizendo que:
“Se não houver um enfrentamento com a direita, eu acho que a possibilidade que o Lula perca a eleição em 2026 é grande. Agora não há enfrentamento com a direita. A esquerda abandonou completamente o terreno político para a direita. O caso mais dramático é o caso da Palestina.”
Por fim, o presidente do PCO comentou sobre a nova embaixada dos Estados Unidos em Brasília. O prédio da nova embaixada dos Estados Unidos terá nove andares subterrâneos e terá 22.000 metros quadrados, uma área equivalente ao tamanho da Praça da República no centro de São Paulo.
“Eu acho assustador isso. Se tem uma coisa perigosa no mundo, são os Estados Unidos. Se eles estão adotando essa política é porque eles julgam, acertadamente, que o Brasil é um país chave na luta internacional que está se dando neste momento (…). Eles não querem e não vão deixar que o brasil se alinha com os seus inimigos, porque eles consideram que são os donos do Brasil. Por que eles precisam de tanto espaço? O que vai ter de agente da CIA dentro desta embaixada, de corrupção e de cooptação de políticos, é o golpe de 1964 multiplicado por 100. O governo Lula não consegue fazer frente a isso (…). É preciso uma campanha para botar essa gente para fora do Brasil”, declarou.