A vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, foi assassinada em março de 2018. Desde então, um dos principais lemas do PSOL e de parte da esquerda pequeno-burguesa era “quem mandou matar Marielle?”.
Nessa quarta-feira (30), o 4º Tribunal do Júri do Rio condenou os assassinos da vereadora e do motorista Anderson Gomes. O julgamento teve grande divulgação na imprensa capitalista nacional e internacional.
Ronnie Lessa, ex-policial militar, acusado de ser o autor dos disparos, recebeu pena de 78 anos e 9 meses de prisão. Élcio Queiroz, motorista do Cobalt usado no crime, foi condenado a 59 anos e 8 meses de prisão.
Além das penas de prisão, os dois terão que pagar indenizações equivalentes a R$3,5 milhões. Uma pensão para o filho de Anderson Gomer até os 24 anos; indenização por dano moral para os filhos e as viúvas das vítimas, além de Fernanda Chaves, assessora de Marielle que sobreviveu ao atentado.
Pelos acordos de delação premiada, Élcio Queiroz ficará preso, no máximo, por 12 anos em regime fechado; Ronnie Lessa ficará preso por, no máximo, 18 anos em regime fechado e mais dois anos em regime semiaberto.
O resultado do julgamento foi divulgado como grande vitória e em clima de “justiça foi feita”. Assim o julgamento foi apresentado na imprensa nacional e internacional.
Ronnie Lessa e Élcio Queiroz são os mandantes do crime? Eles teriam tomado sozinhos a decisão de armar uma emboscada e cometer um assassinato político contra uma vereadora? Claro que não.
Voltamos, então, à pergunta: quem mandou matar?
Segundo reportagem do UOL, a irmã de Marielle e atual ministra, Anielle Franco, declarou que “Hoje a gente ‘tá’ aqui, sim, com a certeza de que a Justiça está começando a ser feita, com um vazio no peito sim, mas com muita luta, com muita garra e vontade de seguir lutando”.
Comemorar o resultado do julgamento é ingenuidade. É exatamente o que deseja a burguesia, abafar o caso.
Nitidamente, Ronnie Lessa e Élcio Queiroz são dois “peixes pequenos”, não decidiram por conta própria fazer um assassinato elaborado e que obviamente daria grande repercussão.
A justiça não foi feita, como dizem. Pelo contrário, se o caso for interrompido nesse ponto, está claro que há um acordo para poupar os reais mandantes do crime político.
Esse é mais um caso em que a Justiça pega apenas o baixo escalão. As investigações, seis anos depois do crime, nunca conseguiram avançar mais do que isso.
Com todo o poder de perseguição que tem a polícia brasileira, é óbvio que os mandantes apenas não foram encontrados porque não há interesse que sejam. Isso joga ainda mais suspeita sobre o caso. O mais provável que os mandantes sejam pessoas com poder dentro do Estado.
Fato é que nem Ronnie Lessa, nem Élcio Queiroz são as figuras centrais desse crime.
Os acordos de delação premiada, que em outros casos serviram para passar por cima de direitos e prender pessoas inclusive sem provas, não está funcionando nesse caso. A direita e a extrema direita que controlam o Judiciário tem interesse em manter as investigações nesse ponto.