Um dos principais grupos revolucionários do Oriente Médio, o Partido de Alá (“Hesbolá”, na sigla em árabe) anunciou o veterano xeique Naim Qassem como novo dirigente da organização. O anúncio foi feito pelo Conselho da Shura, a direção do partido, que divulgou o nome do novo dirigente nessa terça-feira (29). Segundo o comunicado, a decisão foi “fundamentada nos princípios do verdadeiro Islã e nos ideais inabaláveis do Hesbolá, segue os procedimentos estabelecidos pelo partido para a seleção do secretário-geral”.
Membro fundador do partido, Qassem nasceu em 1953 na capital libanesa, Beirute, e desde 1991 é parte da direção do Hesbolá, tendo sido vice-secretário-geral desde esse ano. É também um autor prolífico, tendo produzido cerca de 20 obras ligadas a temas como política, cultura e educação.
Um dos mais famosos é Hizbollah, The story within (Hesbolá, a história por dentro, em tradução livre, ainda inédito no Brasil), de 2002, ainda hoje o único produzido por um dos fundadores do partido. Trazendo a história e o programa do partido revolucionário libanês, a obra é uma de suas mais importantes, entre o conjunto que o alçou à posição de principal líder intelectual do Hesbolá. Ex-professor universitário, suas qualidades o levaram a ser uma referência do partido no meio cultural e também a alcunha de “historiador do Hesbolá”.
O xeique iniciou sua militância no movimento Amal, uma organização xiita libanesa fundada na década de 1970 por Musa al-Sadr, com o objetivo de defender os direitos da população xiita. Amal nasceu como uma força de resistência ao imperialismo e ao poder de grupos sectários que mantinham a maioria xiita em condições de penúria. Qassem participou ativamente deste movimento, integrando-se à sua estrutura e desempenhando um papel essencial nas campanhas de organização da juventude xiita.
Foi nesse momento que aprofundou seu conhecimento das estratégias de resistência. Com o avanço da ocupação israelense e a onda causada pela Revolução Islâmica do Irã (conduzida pelos operários, em sua imensa maioria xiitas), Qassem e outros membros de Amal buscaram uma resposta mais séria aos ataques sofridos pelo país, o que culminou na fundação do Hesbolá em 1982, após a invasão do Líbano por “Israel”. O novo movimento, diferentemente de Amal, defendia uma mobilização mais radical, focada no combate armado e na luta pela libertação total do Líbano, consolidando Qassem como um dos principais estrategistas e líderes intelectuais da resistência xiita no país.
Ao longo de sua atuação como vice-secretário, Qassem estabeleceu diretrizes que consolidaram o Hesbolá como uma força política e social influente no Líbano, ampliando seu apoio entre as comunidades xiitas e enfrentando os interesses da ditadura sionista na região. Sua eleição representa a continuidade dos princípios que sustentam o partido e demonstra a confiança da base na sua capacidade de liderar o enfrentamento contra “Israel” e seus aliados.
Qassem já declarou publicamente seu compromisso com a libertação do Líbano e do povo palestino, reafirmando a prontidão do Hesbolá para resistir e avançar. Como líder, ele administra não só a resistência armada, mas também programas de educação e saúde essenciais para a estabilidade das regiões sob influência do partido.
Sua trajetória ao lado de Nasseralá foi crucial para consolidar a imensa força do partido libanês, a força mais poderosa do Mundo Árabe, capaz de proteger a soberania libanesa e os interesses da população marginalizada. A eleição de Qassem sinaliza que o Hesbolá continuará firme nos valores que o guiaram, preparando-se para enfrentar novos desafios e fortalecer seu papel como principal dirigente de um dos mais importantes partidos do Eixo da Resistência.