Previous slide
Next slide

Política internacional

Quem oprime a África é o imperialismo, e não a China

Mais uma vez, esquerda pequeno-burguesa defende a tese absurda do imperialismo chinês

A fraqueza do imperialismo mundial amplia a tendência de luta no mundo inteiro. Uma das expressões disso é que até mesmo governos que não são revolucionários se chocam com o imperialismo. É o caso da Rússia e da China, que levam adiante o BRICS, a união dos países oprimidos contra o imperialismo. A campanha de propaganda do imperialismo contra a Rússia e a China aumenta. Para a esquerda pequeno-burguesa, que capitula diante do imperialismo, é preciso achar formas de não defender esses países. Uma das teses mais comuns é a tese do “imperialismo russo e chinês”. É o caso do Esquerda.Net, que publicou o texto Abraços de urso – há um imperialismo chinês em África?.

Ele começa o texto com uma breve introdução sobre as grandes relações da China com os países africanos, formulando a pergunta: “é a China uma potência imperialista e esta relação com África é parte de um projeto neocolonial?”. O texto segue tentando justificar que a China se tornou uma potência imperialista que avança sobre a África.

Para justificar o “imperialismo chinês”, levantam a questão do PIB: “o seu PIB é superior ao dos Estados Unidos em paridades de poder de compra e em breve pode ser maior em termos absolutos (embora, como a população chinesa é cinco vezes maior, o PIB per capita seja muito menor), os seus excedentes comerciais são maiores e a sua capacidade de entesourar reservas é, portanto, superior aos dos seus concorrentes”. De fato, a China acumulou muita riqueza nas últimas décadas. Mas o PIB está longe de ser uma medida de imperialismo.

É preciso avaliar o controle dos mercados do mundo, o controle político e o controle militar do planeta. Nesse sentido, a China não é nada em comparação com o imperialismo dos EUA. A China não controla nem todo o seu território nacional. A ilha de Formosa (chamada pela imprensa de Taiuan), por exemplo, está ocupada militarmente pelos EUA. Os governos do entorno da China, como a Tailândia, a Birmânia, Bangladexe, Filipinas, Indonésia, Austrália, Nova Guiné etc. não são controlados pela China. Na África, a China não controla nenhum país. Na América Latina, o imperialismo impõe um cerco enorme aos aliados da China.

No quesito militar, quem domina o mundo são os norte-americanos e a OTAN. A China se tornou uma potência, mas está longe de ter uma presença militar em todo o planeta. Apenas os EUA têm essa presença. Estão em todo o entorno da China. Eles têm bases no pacífico, no Japão, no sul da Coreia, em Formosa. Os EUA praticamente cercaram a China com tropas e frotas navais. Na África, eles têm uma quantidade enorme de bases em todas as regiões do continente. Eles usam as bases para controlar os países politicamente e roubar seus recursos. No Oriente Médio, todos os países são ocupados pelos EUA ou foram destruídos pelos EUA com exceção do Irã.

O texto tenta justificar o “imperialismo chinês” na África por meio das relações econômicas. Segundo essa tese, é impossível um país mais rico ter relações econômicas com outro sem ser imperialismo. Ele afirma: “esta relação econômica subordina, portanto, os países africanos. E, se as infraestruturas criadas são especialmente viradas para a extração mineral (o comércio entre a China e África cresceu em 2023 para 282 mil milhões de dólares), o compromisso destas economias africanas com o rentismo extrativista é a contrapartida da rentabilidade das grandes empresas tecnológicas chinesas. Assim, esta forma de subordinação é uma exploração neocolonial”.

É ridículo. Os países africanos são atrasados economicamente. É óbvio que a exportação de recursos será uma enorme parcela da relação econômica com qualquer país. Mas apenas extrair os recursos é o que faz o imperialismo de verdade. Para os países pobres, nesse sentido, a China tem um benefício gigantesco em relação ao imperialismo, pois ela também tem projetos de grandes obras de infraestrutura. A China constrói portos, pontes, estradas, ferrovias e hidrelétricas na África. Isso, perto do imperialismo, é o paraíso.

Temos o caso do Níger, por exemplo. O país era uma colônia da França, os franceses roubavam todo o urânio do Níger para sustentar suas usinas nucleares. Os chineses, por sua vez, estavam construindo uma hidrelétrica, a qual ajuda a solucionar o problema de que mais da metade do país não tem eletricidade. Além disso, os chineses, comprando a produção agrícola do Níger, davam mais dinheiro para o país do que os franceses comprando urânio! Um caso concreto que escancara o problema do imperialismo.

O texto, então, tenta explicar a economia chinesa: “assim, é um capitalismo tutelado pelo Estado sob uma forma que é historicamente inédita, dada a particularidade de ser um partido comunista que o dirige. Mas é uma economia capitalista e 60% do PIB é gerado por estes setores de acumulação privada, correspondendo provavelmente a três quartos do emprego. A relação com África, que visa obter as importações de energia fóssil e sobretudo de minérios fundamentais para as produções de material de comunicação, é uma componente importante deste mapa”.

De fato a China é um país capitalista com grande intervenção do Estado na economia. Mas a economia dos países imperialistas existe quando surgem os monopólios internacionais. Isso é algo que a China não possui. Ela não controla nenhum setor importante na economia internacional. Não controla o petróleo, os bancos, a indústria de automóveis, as telecomunicações, as redes sociais, a imprensa. A China começou a disputar no setor de celular e no 5G, bem como na produção de baterias. E isso já deu início a uma enorme batalha com o imperialismo.

Ele conclui: “o imperialismo chinês não se expande criando bases militares ou ocupando território, mas disputa com o centro imperial o domínio sobre uma parte do mundo – e aí tem vencido”. Essa conclusão resume bem o erro da Esquerda.Net. Sem bases militares e controle político do território não há imperialismo. Quando o imperialismo dos EUA tomou controle de locais dominados pelos espanhóis, por exemplo, houve guerra e ocupação. O mesmo quando os EUA chegaram no Pacífico e tomaram os territórios controlados pelo Japão.

Os autores do texto deveriam estar pensando como a China está auxiliando Angola, Moçambique e as demais ex-colônias a se libertarem de Portugal. No entanto, fazem a campanha imperialista contra a China que apenas facilita a dominação da África pelos genocidas da Europa e dos EUA.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Rolar para cima

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.