No município de Jaqueira (PE), os camponeses posseiros do Engenho Barro Branco, dirigidos pela Liga dos Camponeses Pobres (LCP), recuperaram a área que havia sido destruída pelo movimento Invasão Zero durante a Batalha de Barro Branco, ocorrida em 28 de setembro. A recuperação ocorreu no dia 26 de outubro, logo após a realização da Assembleia Popular de Barro Branco, ocorrida no início da tarde daquele dia.
Contando com a participação de estudantes, partidos políticos e demais apoiadores da luta dos posseiros, a Assembleia Popular fez um balanço da luta até o momento e tomou uma série de decisões visando a defesa das terras dos posseiros. Presidindo o evento, a Associação de Moradores de Barro Branco convidou para a mesa representantes da Liga dos Camponeses Pobres (LCP), do Mangue Vermelho, do Ventania, do Partido da Causa Operária (PCO), da Associação Pernambucana de Anistiados Políticos (APAP), do Movimento Feminino Popular (MFP) e da Associação Brasileira de Advogados do Povo (Abrapo).

Na primeira fala, o representante da Abrapo deu o informe sobre importantes conquistas no âmbito jurídico e na divulgação da luta dos camponeses de Barro Branco. Em seguida, a APAP saudou o movimento e apresentou dados sobre a empresa Agropecuária Mata Sul, que vem tentando tomar a terra dos camponeses. O PCO, por sua vez, destacou a importância que a vitória dos camponeses na Batalha de Barro Branco teve para que a luta dos posseiros ganhasse repercussão. Para o representante do Partido, foi o fato de que os camponeses não baixaram a cabeça e decidiram colocar os pistoleiros para correr que fez com que pessoas de todo o País se solidarizassem com a causa dos posseiros.
Os representantes do Mangue Vermelho, que estão há semanas em Barro Branco, junto aos camponeses, destacaram o apoio que a luta dos posseiros vêm recebendo na cidade. Por fim, a representante do MFP aproveitou sua fala para denunciar as arbitrariedades cometidas pela Polícia Militar contra os moradores de Barro Branco.
Em sua fala, a Liga dos Camponeses Pobres (LCP) agradeceu às organizações presentes e destacou o papel dos jornais A Nova Democracia (AND) e Diário Causa Operária (DCO) na cobertura da Batalha de Barro Branco, divulgando as imagens que tornaram o evento conhecido nacionalmente. O representante da LCP também dedicou parte de sua fala a uma homenagem ao mestre de campo Iahia Sinuar, líder do Birô Político do Hamas martirizado na Faixa de Gaza.

Ao final da assembleia, os camponeses decidiram, além de recuperar as terras, iniciar um acampamento, intitulado Acampamento Menino Jonatas. O nome do acampamento é uma homenagem à criança Jonatas Oliveira, assinada aos nove anos de idade por pistoleiros que invadiram sua casa. O crime cometido pelos latifundiários ocorreu em 2022, na cidade pernambucana de Barreiros.
“Essa terra foi palco da Batalha Feroz de Barro Branco, na qual os pistoleiros, antes de serem escorraçados pela resistência camponesa, destruíram 3 sítios de camponeses e tomaram uma área pertencente aos camponeses de Barro Branco”, conta o jornal A Nova Democracia. “Os camponeses decidiram que chegara o momento de recuperarem essa terra, que se encontra ‘nas costas’ no Engenho Barro Branco, e cujo domínio dela pelo latifúndio deixava os camponeses suscetíveis a outros ataques por parte dessas mesmas hordas paramilitares, e que após o ataque sofrido no dia 28, não poderiam deixar brechas para o inimigo”.
Durante a assembleia, os camponeses também decidiram realizar uma homenagem ao ativista Gokarakonda Naga Saibaba, falecido a 12 de outubro de 2024. Os posseiros também gravaram um vídeo em solidariedade aos camponeses da Área Revolucionária Renato Nathan, no município de Messias (AL), que sofreram um despejo ilegal no último dia 22.





