Com base em dados de exportação de armas israelenses de 2005-2010, o Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) concluiu que o Brasil é o quinto maior importador de armas de “Israel” do mundo.
A campanha “Stop the wall” produziu um longo relatório sobre essas relações. A campanha concluiu que os programas assinados entre “Israel” e Brasil já renderam quase um bilhão de dólares (Brazil’s military relations with Israel, The Palestinian Grassroots Anti Apartheid Wall Campaign, mar./2011).
O relatório apontou os seguintes dados importantes das relações militares entre os países:
- O Brasil assinou um acordo de cooperação de segurança com “Israel” no final de novembro de 2010 para facilitar a cooperação militar e contratos;
- As Forças Armadas Brasileiras abriram um escritório em Telavive em 2003;
- O Brasil regularmente recebe delegações políticas e econômicas patrocinadas pelo Estado de “Israel” com o objetivo de fortalecer os laços militares;
- A Expo de Defesa LAAD do Brasil recebe anualmente as mais importantes empresas de armas israelenses;
- Autoridades brasileiras ajudaram empresas de armas israelenses a entrar em contato com forças armadas de outros países da América Latina.
O relatório também apresenta as relações entre algumas das fabricantes de armas israelenses e o Brasil.
Elbit Systems
- Fornece armas que as forças militares israelenses usam para matar civis e em “execuções extrajudiciais”;
- Comprou três empresas brasileiras de armas: AEL, Ares Aeroespacial e Defesa SA (“Ares”) e Periscópio Equipamentos Optrônicos SA (“Periscópio”);
- Tem vários contratos com as Forças Armadas Brasileiras, incluindo o projeto Guarani.
A Elbit Systems é uma das maiores e mais influentes empresas de defesa e tecnologia militar de “Israel”, com atuação global em diversas áreas, incluindo sistemas de aeronaves, veículos aéreos não-tripulados (VANTs), tecnologias de comunicação, sistemas de controle de fogo e inteligência. Fundada em 1966, a companhia tem se consolidado como um dos principais fornecedores de equipamentos militares para o Estado de “Israel”, além de exportar suas tecnologias para inúmeros países.
A empresa tem sido frequentemente criticada por seu envolvimento em projetos de segurança e controle em territórios palestinos ocupados, fornecendo tecnologias usadas em operações militares, vigilância e repressão. Seus VANTs e outros equipamentos foram amplamente utilizados em massacres em Gaza.
Indústrias Aeronáuticas de “Israel” (IAI)
- Fornece armas usadas pelo exército israelense para matar civis e em “execuções extrajudiciais”;
- Formou uma joint venture chamada EAE com o Grupo Synergy. A subsidiária Bedek da IAI utiliza centros de manutenção e produção da TAP M&E Brasil nos aeroportos do Rio de Janeiro e Porto Alegre;
- Possui diversos contratos com as Forças Armadas Brasileiras e atualmente busca novos contratos com a Embraer.
As Indústrias Aeronáuticas de “Israel” (IAI) são uma das maiores e mais influentes empresas de defesa e aeroespacial de “Israel”, especializando-se no desenvolvimento e fabricação de uma ampla gama de produtos militares e civis. Fundada em 1953, a IAI desempenha um papel central na indústria de defesa do país, sendo um dos principais fornecedores de tecnologia militar para o exército “israelense”, além de exportar seus produtos para vários países.
A IAI é conhecida por seus avanços na produção de VANTs, sistemas de radar, mísseis e satélites, bem como aeronaves comerciais e militares. Seus drones, em particular, têm sido amplamente utilizados por “Israel” em operações militares, especialmente nos territórios palestinos ocupados.
Indústrias Militares de “Israel” (IMI)
- Está envolvida em casos de corrupção e suborno de autoridades públicas;
- Concedeu à Taurus a licença para produzir seus rifles Tavor no Brasil;
- O exército brasileiro compra os rifles Tavor produzidos pela Taurus.
O relatório conclui instando o Estado brasileiro a interromper todas as relações militares com “Israel” e, em particular, a:
- Não ratificar e cancelar o acordo de cooperação de segurança com “Israel”;
- Fechar os escritórios das Forças Armadas Brasileiras em “Israel”;
- Modificar os regulamentos de aquisição do Exército Brasileiro para garantir que empresas que violam o direito internacional sejam excluídas de contratos;
- Impedir que empresas envolvidas em violações do direito internacional se estabeleçam em território brasileiro por meio de aquisições de empresas, joint ventures ou licenciamento;
- Impedir a participação de empresas que violam o direito internacional na Expo de Defesa LAAD;
- Processar devidamente suspeitos israelenses de crimes de guerra e crimes contra a humanidade quando encontrados em território brasileiro.