Izadora Dias

Izadora Dias é militante do Partido da Causa Operária em São Paulo, coordenadora do coletivo de mulheres Rosa Luxemburgo e integrante da Secretaria de Organização do PCO. É militante anti-imperialista e anti-identitária. É estudante da USP e colunista do Diário Causa Operária.

Coluna

De Gaza a Netflix, o imperialismo busca apagar o povo palestino

Plataforma de filmes apagou quase todos os filmes sobre a Palestina

Em 2021, a Netflix lançou a coleção Palestinian Stories, com mais de 30 filmes que retratavam a resistência, o cotidiano e a luta dos palestinos sob a ocupação sionista. A coleção era um raro espaço onde as histórias dos palestinos podiam ser conhecidas, trazendo nuances da vida cotidiana, longe dos estereótipos e distorções sobre o Oriente Médio. Contudo, no último dia 13 de outubro, quase todos os filmes dessa coleção foram retirados da plataforma, restando apenas duas produções ainda acessíveis. A exclusão foi feita de maneira silenciosa: ao acessar a página a partir de um endereço IP israelense, não só os 24 filmes desapareceram, como a seção “Palestinian Stories” deixou de existir. O URL da página de destino, em vez disso, redireciona para uma página de erro 404, indicando que o site não pode ser encontrado.

A recente decisão da Netflix de remover a maioria dos filmes pode parecer algo sem importância. A plataforma alegou apenas que as licenças dos filmes expiraram; no entanto, essa ação revela um movimento estratégico do imperialismo, que vem ocorrendo nas redes sociais e que agora vemos em outras plataformas, como uma forma de ocultar a história dos povos oprimidos. A partir disso, molda-se uma opinião única em defesa dos interesses imperialistas.

O genocídio na Palestina mostra até que ponto a violência do imperialismo pode chegar, e essa ação pode ser apenas um ensaio do que o imperialismo está disposto a fazer em outros países pelo mundo. Tanto o uso do bombardeio indiscriminado sobre civis, atacando hospitais e escolas, mostra esse caráter totalmente violento, quanto a maneira de ocultar tudo o que está acontecendo nas redes sociais. Há muitas tentativas de censurar a divulgação do que está acontecendo na Palestina. É praticamente certo que qualquer publicação e denúncia sobre a Palestina será censurada. No X, isso acontece em uma escala menor, mas ainda ocorre. O caso da Netflix apresenta outra forma de censurar a história dos oprimidos. Hoje começa pela Palestina; amanhã avança para a ocultação da história e do massacre de outros povos.

Abaixo estão alguns dos filmes que integraram a coleção Palestinian Stories, lançada pela Netflix em 2021, não estão mais disponíveis na Netflix, mas podem ser encontrados por outros meios na internet:

  • Salt of This Sea, de Annemarie Jacir
  • The Present, de Farah Nabulsi
  • When I Saw You, também de Annemarie Jacir
  • Ghost Hunting, de Raed Andoni
  • Ave Maria, de Basil Khalil
  • Frontiers of Dreams and Fears, de Mai Masri
  • Children of Shatila, de Mai Masri
  • 3000 Nights, de Mai Masri
  • A Man Returned, de Mahdi Fleifel
  • 3 Logical Exits, de Mahdi Fleifel
  • A Drowning Man, de Mahdi Fleifel
  • Divine Intervention e Paradise Now, ambos de Elia Suleiman
  • The Crossing, de Ameen Nayfeh
  • Bonbone, de Rakan Mayasi

 

Gostou do artigo? Faça uma doação!