Nesta sexta-feria (25), o Ministério da Segurança da Argentina pediu um alerta de prisão internacional para Hussein Ahmad Karaki. Segundo a pasta, ele seria o chefe operacional do Hesbolá na América Latina e teria organizado dois atentados na Argentina.
A decisão da justiça argentina coloca o Irã como promotor e financiador dos atentados, com “responsabilidade internacional” sobre os mesmos. Alegando ainda “a obrigação de reparar integralmente o dano causado, moral e material”, sugerindo encaminhamento do caso a tribunais internacionais.
Para o ministério argentino, Karaki “recrutava militantes e planejava ataques” na America do Sul, incluindo no Brasil. A suposta investigação argentina, com os apoios do Brasil e do Paraguai, o teria caracterizado como “cérebro e recrutador do Heabolá” no continente.
“Essa pessoa vem trabalhando desde os anos 1990 na organização do Hesbolá em nosso continente”, declarou a ministra da Segurança argentina, Patricia Bullrich.”Ele também foi o chefe operacional em linha direta com [Hassan] Nasrallah, que foi morto há algumas semanas no Líbano”, acrescentou Bullrich.
Karaki também foi responsabilizado por um atentado contra a Embaixada de “Israel” em Buenos Aires, e outro na Associação Mutual Israelita Argentina (Amia). Ainda segundo Bullrich, Brasília e Assunção “vão apoiar o alerta vermelho que a Argentina está solicitando” a Interpol.
Os atentados

O primeiro atentado na embaixada, em 1992, que resultou em 29 mortos, segundo Bullrich, Karaki foi responsável por conseguir um carro-bomba utilizado. Karaki teria fugido para o Brasil horas antes do atentado, utilizando passaporte colombiano.
No segundo, na Amia, em 1994, Bullrich afirma que Karaki “recebeu a ordem direta” para executar a ação que resultou em 85 mortos e centenas de feridos. Em ambas acusações não são expostos provas ou indícios, nenhum detalhe da investigação é exposto.
“Hussein Ahmad Karaki supervisionou a logística dos atentados contra a Argentina, da embaixada de Israel, em março de 1992, e da Amia, em julho de 1994. Durante esse período, transitou por Argentina, Brasil e Paraguai”, afirmou Bullrich.
Chama atenção que os atentados que Karaki teria supostamente cometido, ocorreram há, ao menos, 30 anos. Nessas três décadas nunca foi provado que as ações decorreram de um inimigo de “Israel”, e outros, como o Irã, recebem a pecha de autor desse ato. Mas qual seria o novo fato que justificaria o procedimento em desfavor de Karaki? Nenhum.
Trata-se de utilizar um fato antigo, de 30 anos atrás, não solucionado, para criar, direcionar as opiniões e assim tentar viabilizar uma campanha política em 2024. Uma campanha rasteira do imperialismo, que nem a Polícia Federal (PF) brasileira quis executar. E note-se que a PF já se prestou ao ridículo na operação Trapiche, que acusou pagodeiros de integrarem o Hesbolá.
O rei do crime na America do Sul?
Bullrich ainda afirmou que Karaki teria utilizado documentos do Brasil, Colômbia e Venezuela. Ele estabeleceria relações com os grupos Primeiro Comando da Capital, e Comando Vermelho, e estaria organizando novas ações no Brasil.
Aqui vemos um Karaki operador de façanhas ao estabelecer a cooperação entre facções concorrentes. Segundo ao planejar ativar uma operação continental que se manteve por três décadas dormentes, isso tudo do Líbano onde estava residindo.
Bullrich apresenta Karaki quase como um Wilson Fisk islâmico, uma versão muçulmana do Rei do Crime da Marvel Comics. Um personagem espantalho de uma trama policialesca mal escrita.
Iniciativa imperialista
A repercussão na imprensa nacional, aludindo a posição do governo golpista de Javier Milei, oferece o tom da campanha. As marionetes do imperialismo, incluso a extrema-direita e sionismo, estão prestando mais um serviço aos seus patrões.
Requentar um fato de 30 anos, tentado reapresenta-lo como atual, demonstra um esforço tremendo. Uma política que, embora orientada, expõe desespero.
A ministra ainda criticou os governos sul-americanos que não condenam enfaticamente o Hesbolá e Irã: “Brasil, Peru, Bolívia e Colômbia, onde tentaram matar dois ex-diplomatas israelenses e perpetrar os fatos citados, não condenaram o Hesbolá ou as ações de apoio do Irã”.
Milei foi o primeiro a encenar, com a decisão da Justiça argentina, afirmando que a decisão expunha “as reiteradas tentativas do kirchnerismo de encobrir a responsabilidade do Irã” em atos terroristas.
O imperialismo necessita de um endurecimento dos regimes para manutenção de sua dominação. A unidade da imprensa imperialista na campanha, a censura prévia e coesão militar nesse momento não se mostram suficientes para manutenção do regime imperialista.





