A Revista Movimento, do MES (Movimento Esquerda Socialista), grupo do PSOL ligado a Luciana Genro, publicou em seu sítio neste dia 24 (quinta-feira) uma entrevista intitulada Os anos de 2023 e 2024 são os piores anos para a humanidade em termos de eventos climáticos. A entrevista foi concedida pelo cientista Johan Rockström, do Instituto Potsdam (PIK – Potsdam-Institut für Klimafolgenforschung). O PIK, ao contrário do que pode parecer, não é propriamente uma academia científica, mas uma entidade fundada pelo governo alemão que reúne “especialistas” de diversas áreas; uma think tank, a principal, quando o tema é o meio ambiente.
Apesar do título de cientista e de Rockström ser um professor, não devemos nos impressionar, pois todos sabemos que uma das funções, talvez a mais importante, das think tanks é a influência política. Não há consenso dentro da comunidade científica, como veremos, sobre as causas das mudanças climáticas. Por outro lado, o alarmismo em torno do clima, e o medo que se cria nas pessoas com a divulgação de dados de ‘especialistas’, tem sido fundamental para o imperialismo implementar de pressão contra a industrialização dos países atrasados.
A entrevista
Destacamos abaixo alguns trechos da entrevista em tom apocalíptico, que tenta vender a ideia de que não existe nada de mais urgente do que tratar do clima, caso contrário a Terra atingirá um ponto de não-retorno.
Segundo a Revista Movimento, Johan Rockström foi um dos vencedores do Prêmio Virchow 2024 – distinção internacional que reconhece contribuições excepcionais para a promoção da saúde global –, e não se trata apenas de reconhecimento, mas também de uma quantia ‘substancial’ em dinheiro, a bagatela de €500 mil.
A primeira pergunta diz: “O prêmio reconhece a sua contribuição para a saúde planetária e humana. Você acha que esses dois elementos estão interligados?”. E Rockström responde que “sim, definitivamente”.
“Hoje temos muitas evidências científicas de que a violação dos limites planetários tem um impacto direto nos seres humanos. No Instituto Potsdam fazemos muita investigação, por exemplo, sobre o impacto das ondas de calor na saúde humana e na insegurança alimentar relacionada com a escassez de água causada pelas alterações dos ecossistemas. Além disso, entre oito e nove milhões de pessoas morrem prematuramente todos os anos devido à poluição atmosférica. Portanto, existe uma ligação muito estreita entre a saúde do planeta e a saúde humana”.
Como se vê, a resposta está repleta de sinais catastróficos sobre a situação da humanidade, tais como “impacto de ondas, insegurança alimentar, escassez, mortes prematuras”, etc. Na sequência, o entrevistador diz que uma das principais ideias de Rockström é a “estrutura dos limites planetários” que reza que um país saudável (não é o nosso caso) “é capaz de amortecer as emissões e arrefecer”. E aproveita para dizer que se a “a floresta amazônica, por exemplo, ultrapassar o ponto crítico, ela mudará para um novo estado que será mais parecido com uma savana, e então liberará uma grande quantidade de carbono, danificará o ciclo geológico e terá importantes efeitos prejudiciais sobre o aquecimento”.
O problema é que não existe consenso sobre o tal aquecimento. O cientista e professor Luiz Carlos Molion, membro do grupo gestor da comissão de climatologia da Organização Meteorológica Mundial afirmou que “As mudanças globais existem e são naturais e, ao contrário do que pregam os cientistas do IPCC (Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas), a Terra está esfriando e não aquecendo. Isso acontece devido à perda de atividade do sol e ao resfriamento dos oceanos”. A temperatura dos oceanos é medida por sondas espalhadas por todo o planeta.
A nova moda espalhada por Rockström é o hipotético “1,5 graus”, temperatura que é arbitrariamente definida como limite climático planetário; e, se for ultrapassada, poderá nos colocar à beira do precipício, tais como degelo abrupto, colapso de sistemas de recifes de coral, de correntes marinhas, e que “corremos o risco de desencadear uma série de pontos de inflexão”.
Toda essa conversa, na verdade, é para atacar o uso de combustíveis fósseis, o petróleo, recurso que para obter o imperialismo já destruiu países inteiros. As emissões de carbono viraram uma verdeira moeda controlada pelos países ricos para controlar os países atrasados e impedir seu desenvolvimento.
Interesses políticos
Em 10 de junho do ano passado, publicamos um artigo de Thierry Meyssan (leia no íntegra), do portal VoltaireNet, que desmascara os interesses políticos detrás da questão do clima. O texto diz que existe uma teoria científica alternativa para explicar o aquecimento global. Foi afirmado pelo geofísico croata Milutin Milanković durante o período entre guerras.
A órbita da Terra varia de acordo com três ciclos naturais: sua excentricidade, sua obliquidade e a precessão dos equinócios. Cada uma dessas variações segue um ciclo perfeitamente calculável, entre 20.000 e 100.000 anos. Essas três variações combinadas influenciam a insolação da Terra e, portanto, seu clima. Esta teoria foi confirmada em 1976 pelo estudo de núcleos de gelo durante a perfuração de Vostok (Antártica). Mas não explica tudo.
A Academia Russa de Ciências acaba de anunciar uma terceira teoria, também baseada na observação da natureza. Segundo ela, “A principal causa dos desastres climáticos locais é a crescente emissão de hidrogênio natural devido à alternância das forças gravitacionais da lua e do sol, que causam buracos na camada de ozônio. O consequente aumento da temperatura e a mistura de ozônio e hidrogênio são as principais causas dos incêndios florestais e estepes”.
A esquerda dominada
O ecossossialismo, bem como o identitarismo, que o MES abraçou, é uma das portas de entrada do imperialismo na esquerda. Esses dois campos contam com a presença massiva de ONGs, institutos, a maioria financiada por governos ou fundações, como a Fundação Ford, NED, e outros ligados à CIA.
É preciso denunciar essa fraude do “ecossossialismo”, que, além de não ter nada de socialismo, afasta a esquerda da luta pelos reais interesses da classe trabalhadora. Temos denunciado que essa esquerda ongueira, conscientemente ou não, está servindo como agente do imperialismo, e como tal deve ser desmascarada e combatida.