A postura dos artistas diante da crescente censura e cerceamento da liberdade de expressão, tanto no Brasil quanto globalmente, é alarmante. Recentemente, no Brasil, a atriz Cássia Kiss tornou-se alvo de um processo judicial, acusada de homofobia por declarações contrárias a relacionamentos homossexuais e ao que a direita chama de “ideologia de gênero”. Embora a sentença final ainda não tenha sido dada, a atriz enfrenta o risco de prisão – mais uma evidência de uma ofensiva preocupante contra a liberdade de expressão. Como Cássia Kiss é uma artista de direita, ninguém sai em defesa dela, permitindo essa situação.
O caso do youtuber Monark também evidencia que criticar autoridades políticas no país se tornou arriscado: por chamar o ministro do STF Flávio Dino de “gordola”, foi condenado a mais de um ano de prisão e a uma multa de 50 mil reais.
Esse cenário se agrava com a incapacidade dos artistas de se manifestarem a respeito de questões políticas diversas. É o caso da defesa da Palestina. Não há registro de nenhum artista de maior projeção no Brasil que tenha defendido de forma efetiva a questão palestina, e os que se posicionam acabam sendo invisibilizados pela imprensa. No cenário internacional, uma exceção notável é Roger Waters, ex-membro do Pink Floyd, que tem se posicionado de forma contundente contra o sionismo.
A principal responsável por essa despolitização é a esquerda nacional e internacional, submissa ao imperialismo, que, sob a justificativa de enfrentar o bolsonarismo, tem apoiado a censura e o fim da liberdade de expressão no Brasil, além de serem vacilantes na defesa da Palestina. As poucas vozes contrárias, no que diz respeito à liberdade de expressão, vêm, em sua maioria, de humoristas ou personalidades identificadas com a extrema-direita, que defendem a liberdade de expressão apenas em situações convenientes para eles e também não denunciam a censura contra quem defende a Palestina.
Essa ofensiva da censura, além de proibir o debate político no ambiente social, também sufoca o meio artístico. A inação dos artistas é, portanto, preocupante e exige uma reflexão mais profunda. Nós, do Partido da Causa Operária, acreditamos que os artistas precisam se organizar em torno de um partido revolucionário, que defenda a liberdade de expressão em todas as suas frentes, sem concessões. Afinal, se os próprios artistas não se opõem ao cenário macabro que ameaça a arte e a liberdade, quem o fará?