Nos últimos dias, em ocasião do martírio do mestre de campo Iahia Sinuar, herói da Revolução Palestina e líder do birô político do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas, na sigla em árabe), o portal sionista e lavajatista O Antagonista publicou dois artigos contendo provocações policialescas contra o Partido da Causa Operária (PCO). O primeiro deles, intitulado PCO exalta genocida Sinwar como “herói” e glorifica o terror, foi publicado em 18 de outubro, data em que o Hamas confirmou a morte de seu dirigente. O segundo deles, de título É um erro subestimar o potencial radicalizador do PCO, que glorifica o Hamas, foi publicado três dias depois e assinado por Madeleine Lacsko.
No primeiro texto, O Antagonista apresenta algumas citações de publicações feitas por perfis do PCO nas redes sociais, nas quais o Partido diz coisas como “glória para os mártires”, “Iahia al-Sinuar é um herói de todos os oprimidos” e “seu martírio não enfraquecerá a resistência”. Isto é, frases semelhantes ao que qualquer um pode encontrar nos órgãos parceiros do Partido – como o Diário Causa Operária e a Causa Operária TV – e ao que centenas de lideranças e organizações políticas de todo o mundo disseram:
- “O partido lamenta o grande comandante militar, Iahia Al-Sinuar, que foi martirizado após anos de luta, sacrifício e entrega, que ele passou tanto no campo de batalha quanto atrás das grades, permanecendo firme e engajado na batalha, nunca recuando da oferta de sangue e alma até os momentos finais de sua vida” (Partido Nacional Socialista Sírio).
- “Um movimento cujo Secretário-Geral é martirizado não será derrotado, não será quebrado e não recuará” (Saraya Al-Quds – Cisjordânia)
- “Parabenizamos os irmãos de armas e jiade, o Movimento de Resistência Islâmica, Hamas, pela ascensão do bravo lutador Iahia al-Sinuar, chefe do birô político, que foi martirizado no campo de batalha, avançando sem recuar, seguindo os passos dos líderes mártires que o precederam nos jardins eternos, em um assento de honra com o Soberano Todo-Poderoso” (Movimento Al-Nujaba – Resistência Islâmica no Iraque)
- “Com grande orgulho e honra, as Brigadas do Mártir Abu Ali Mustafa, a ala militar da Frente Popular para a Libertação da Palestina, anunciam o martírio do grande líder e combatente nacional, chefe do bureau político do Movimento de Resistência Islâmica, Hamas, e o arquiteto da batalha do Dilúvio de Al-Aqsa, e um dos símbolos mais proeminentes da luta palestina, o heróico mártir Iahia Ibrahim Hassan Al-Sinuar” (Mártir Abu Ali Mustafa).
Embora o PCO apenas tenha expressado o sentimento dos oprimidos de todo o mundo, O Antagonista tenta fazer disso um escândalo chamando Sinuar de “genocida”. Afinal, se Sinuar é um “genocida” e o PCO o está exaltando, o PCO seria a favor de “genocídios”. Sendo O Antagonista um porta-voz de delinquentes políticos como Deltan Dallagnol, que defende a ingerência do Estado sobre os partidos políticos, quando rotula o PCO de “genocida”, ele está praticamente pedindo para que o registro do Partido seja cassado e seus dirigentes sejam colocados na cadeia.
Que O Antagonista queira usar a força do aparato repressivo para perseguir o PCO, não causa surpresa. O que é curioso, no entanto, é o pretexto. O portal decidiu chamar de genocida um homem que dedicou a sua vida inteira à luta pela libertação de seu povo. Sinuar passou metade de sua vida adulta nas masmorras israelenses. Rejeitou as propostas de colaborar com o inimigo. Saiu da prisão após uma heroica ação da resistência palestina e, a partir de então, dedicou cada segundo de sua vida ao fim dos crimes de guerra cometidos contra seus irmãos, seus primos, seus filhos.
Qualquer um sabe, por outro lado, que o pior, mais criminoso e mais explícito genocídio que ocorre hoje no mundo é o genocídio do povo palestino. É o genocídio promovido por “Israel”. Sinuar é, portanto, a antítese do genocídio: ele é o homem que melhor encarnou a dignidade humana de quem não se curva diante de genocidas.
A calúnia de O Antagonista contra Sinuar não apaga em nada a grandeza do líder guerrilheiro; por outro lado, fala bastante sobre o portal sionista-lavajatista. O Antagonista, na medida em que ataca a memória de Sinuar, se volta contra o direito dos oprimidos de resistirem à violência do opressor. É uma apologia, portanto, do genocídio.
O apoio aos crimes de guerra de “Israel” contra o povo palestino é um aspecto presente desde a fundação do portal. Seu editor é Diogo Mainardi, filho de um brasileiro que vivia em um “kibutz” israelense. Em 2012, muito antes da Operação Dilúvio de Al-Aqsa, declarou que quem sonhasse com um Estado Palestino independente e pacífico que “tire o cavalinho da chuva”. No mesmo ano, foi convidado pela sionista Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) para um debate.
Diogo Mainardi, diga-se de passagem, faz jus a sua defesa de “Israel”. Enquanto o Estado fundado por milícias fascistas como a Haganá e a Lehi acusa os combatentes palestinos de serem “terroristas”, o portal de Mainardi acusa o PCO de defender o “terrorismo”, sendo que o editor é acusado de ter se infiltrado em manifestações de bancários para depredar prédios e, assim, atrair a polícia.
Na metade do primeiro artigo de O Antagonista, o portal decide, abertamente, incriminar o PCO. O texto chama a agremiação de “partido da causa terrorista” e afirma que, “em 17 de fevereiro, o presidente do partido, Rui Costa Pimenta, esteve reunido com o antigo chefe do braço político do Hamas, Ismail Hanié, eliminado em Teerã, capital do Irã, em 31 de julho”. O Antagonista apenas esqueceu de dizer que Ismail Hanié era um dos principais diplomatas do Hamas, responsável pela negociação dos acordos de cessar-fogo, e que ele foi assassinado por um ataque aéreo enquanto estava de visita a Teerã para a posse do novo presidente do país persa…
Mas os fatos não importam para o portal. É o método da Lava Jato: de nada importam os fatos, de nada importa a Lei, de nada importam os direitos democráticos. E é com esse espírito de vale-tudo que o portal enuncia que:
“Ao contrário do que diz Pimenta, terrorismo é crime no Brasil, tipificado na lei 13.260, aprovada em março de 2016, durante o governo de Dilma Rousseff. Em seu segundo artigo, a lei entende terrorismo como ‘prática por um ou mais indivíduos dos atos previstos neste artigo, por razões de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião, quando cometidos com a finalidade de provocar terror social ou generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade pública’.”
O que o portal não tem coragem de falar, no entanto, é que nem o Hamas, nem seus líderes são considerados “terroristas” pelas instituições brasileiros – portanto, não há nada de criminoso em defendê-los ou exaltá-los. O Antagonista, assim, revela o que de fato é: um portal estrangeiro que atua no Brasil. Afinal, a designação de “terrorista” para Sinuar e Hamas vem do Departamento de Estado Norte-Americano – assim como veio de lá a Operação Lava Jato.
As provocações do portal de Diogo Mainardi, portanto, não podem ser entendidas como ações que vêm de um grupo de brasileiros. Afinal, o portal sequer é brasileiro. Elas vêm daqueles que sustentam diretamente o genocídio na Palestina e que utilizam serviçais como os editores de O Antagonista para fazer o seu trabalho sujo.
Na edição de amanhã, publicaremos um artigo comentando o segundo texto de O Antagonista.