O portal Esquerda Online, em seu artigo Até o dia 27 de outubro, a tarefa fundamental é a batalha eleitoral contra o bolsonarismo, defende uma vez mais a grotesca tese do “mal menor”, argumentando que, nas cidades onde a extrema direita disputa com a direita tradicional, o correto é votar na direita para impedir uma vitória bolsonarista. Esse raciocínio, que já foi repetido à exaustão em diversos momentos da história, revela a fragilidade de uma esquerda que não acredita em sua própria capacidade de mobilização e que, ao optar por essa aliança com seus inimigos de classe, se anula politicamente. Na prática, o que Esquerda Online propõe é nada mais que um suicídio político, pois apoiar a direita tradicional apenas fortalece a burguesia, a mesma que, em última instância, impulsiona o fascismo.
A tese de que o fascismo seria enfraquecido pela vitória da direita tradicional é um completo absurdo. A história já nos mostrou que a burguesia, quando vê seus interesses ameaçados, não hesita em se aliar aos setores mais reacionários. O próprio fascismo, na Europa dos anos 1930, ascendeu ao lado da burguesia tradicional, e hoje não é diferente. O exemplo mais recente está em Porto Alegre, onde o PSDB, supostamente uma direita “democrática”, declarou apoio ao bolsonarista Sebastião Melo contra a candidata de esquerda Maria do Rosário. A direita tradicional nunca será um aliado da esquerda na luta contra o fascismo, e sim um parceiro estratégico do fascismo quando seus interesses estão em jogo.
O artigo ainda afirma que é preciso evitar a vitória de candidatos como Éder Mauro, em Belém, e que o voto crítico em Igor Normando, do MDB, seria a melhor opção. Mas o que o Esquerda Online não entende, ou finge não entender, é que uma prefeitura controlada por Normando ou por Mauro significa, na prática, o mesmo para os trabalhadores: ambos são inimigos de classe que vão governar em favor dos interesses da burguesia e contra os trabalhadores. Para o povo de Belém, a diferença entre a extrema direita e a direita tradicional é mínima. A única forma de fortalecer a consciência de classe e a mobilização popular é deixar claro que ambos são inimigos e que nenhum voto deve ser dado a esses candidatos.
A política do “mal menor” só confunde os trabalhadores e enfraquece a esquerda. O papel da esquerda é esclarecer a política, e não ceder à pressão de “derrotar o fascismo” a qualquer custo, especialmente quando isso significa entregar o poder à direita tradicional. A eleição entre Donald Trump e Joe Biden nos Estados Unidos é um exemplo claro disso: apoiar Biden, responsável por genocídios e golpes de Estado, em nada contribui para a emancipação dos trabalhadores. Da mesma forma, apoiar um candidato como Igor Normando contra Éder Mauro é uma farsa que apenas perpetua o domínio da burguesia sobre o regime político.
Se a esquerda quer ser uma força real de transformação, ela precisa abandonar essa política suicida de alianças com a burguesia. A luta contra o fascismo não pode ser travada ao lado de quem o impulsiona. A esquerda deve adotar uma política de independência de classe, uma política que esclareça os trabalhadores e os organize para lutar contra a direita em todas as suas formas.