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Rússia

Com 36 países, começa a 16ª Cúpula dos BRICS

Reunião começa na cidade russa de Cazã e já é vista como o início de uma nova fase para os BRICS

A 16ª Cúpula dos BRICS, que teve início em Cazã, Rússia, nesta terça-feira (22), é considerada a maior e mais significativa desde a fundação do bloco em 2006. Com a presença de representantes de 36 países, o encontro acontece em um momento de grande tensão global e promete redefinir as alianças e o equilíbrio de poder internacional. O evento, que se estende até o dia 24 de outubro, marca a inclusão de novos membros no grupo – como Irã, Emirados Árabes Unidos, Egito e Etiópia – e traz à tona debates sobre segurança, cooperação econômica e financeira, além de uma crescente ênfase em temas militares.

Um dos pontos centrais dessa cúpula é a cooperação militar, reforçada pelo conceito de “segurança” como um dos eixos principais de discussão entre os líderes. A importância dessa questão se reflete nas palavras do presidente russo, Vladimir Putin, que destacou a necessidade de fortalecer a cooperação em várias frentes dentro dos BRICS, inclusive no âmbito da defesa.

A reunião ocorre em um momento em que a Rússia busca consolidar alianças frente à guerra na Ucrânia e às sanções impostas pelo imperialismo. Chineses e iranianos também estão às voltas com a ameça da guerra imperialista levada às suas fronteiras, demonstrando que o fortalecimento dos laços militares dentro dos BRICS está na ordem do dia, sendo visto como um claro indicativo de que os membros do grupo estão se organizando para fazer frente às pressões externas e às ameaças à sua soberania.

Durante o encontro, Putin ressaltou a importância de “decisões cruciais” que devem ser tomadas, visando à ampliação da cooperação multilateral e à redução da dependência das economias dos países membros em relação ao dólar americano. Um exemplo prático dessa estratégia é o crescente uso de moedas locais nas transações comerciais entre os países dos BRICS, o que, segundo Putin, “minimiza riscos geopolíticos” e fortalece a autonomia financeira dos membros. Essa decisão é um movimento claro para contrapor a hegemonia do sistema financeiro global controlado pelo imperialismo, que utiliza o dólar como instrumento de dominação.

A presença de líderes como o presidente chinês, Xi Jinping, e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, reforça o peso geopolítico da cúpula. Juntos, Rússia, China e Índia representam três das maiores potências militares e econômicas fora da esfera de influência direta do imperialismo. Esses países, juntamente com os novos membros, estão moldando um novo cenário global em que a cooperação em temas de defesa e segurança ganha um protagonismo inédito, principalmente em um contexto de instabilidade internacional.

No entanto, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva não compareceu ao evento presencialmente, alegando supostas dificuldades médicas. Embora tenha participado por videoconferência, sua ausência física é sentida. O Brasil, como membro fundador dos BRICS e país mais desenvolvido entre as nações atrasadas, sempre desempenhou um papel importante nas discussões do grupo.

O governo Lula, entretanto, tem adotado uma postura cada vez mais ambígua, em especial em relação à guerra na Ucrânia. Enquanto Putin e seus aliados utilizam os BRICS para reforçar suas posições contra o imperialismo, Lula tem buscado manter um equilíbrio frágil entre os parceiros e o imperialismo, defendendo o diálogo e uma solução pacífica para o conflito, mas sem assumir um alinhamento claro com a Rússia e tampouco um antagonismo, uma tentativa de agradar gregos e troianos que só tem gerado críticas tanto dentro quanto fora do Brasil.

Recentemente, a imprensa russa destacou que o Brasil, sob o comando de Lula, tem apontado os Estados Unidos como os principais responsáveis pela continuação da guerra, um posicionamento que agrada ao Crêmlin. No entanto, a política externa brasileira tem oscilado entre condenar a invasão russa e sugerir que ambos os lados estão “se beneficiando da guerra”. Essa falta de clareza enfraquece a posição do Brasil nos BRICS, especialmente quando comparado a outros membros, como China e Rússia, que adotam uma postura mais assertiva.

A BBC destacou que o imperialismo enxerga a reunião dos BRICS em Cazã como um possível prenúncio de uma nova era de conflitos, em que o bloco estaria se organizando não apenas para fortalecer laços econômicos, mas também para preparar o terreno para um empreendimento militar de grande escala. Especialistas ouvidos pela emissora indicam que o imperialismo se prepara para uma guerra de proporções não vistas desde a Segunda Guerra Mundial, e os BRICS, com suas recentes decisões sobre cooperação em segurança e defesa, estaria sendo percebido como uma aliança militar emergente. Isso seria especialmente relevante no contexto da guerra na Ucrânia, onde a Rússia mostra que não está isolada no cenário internacional.

Com o aumento das tensões globais e a intensificação das sanções contra a Rússia, o fortalecimento dos BRICS e a expansão do grupo são vistos pelo imperialismo como uma ameaça real ao regime imperialista. Os novos membros, como Irã e Arábia Saudita, trazem uma diversidade política e representam um desafio ainda maior à ditadura dos monopólios, na medida que une ao bloco o principal inimigo das potências desenvolvidas no Oriente Médio com a monarquia saudita, até o começo da crise no Leste Europeu, o principal aliado árabe dos EUA e da União Europeia.

O Brasil, contudo, parece ser o ponto destoante dentro do grupo. Enquanto países como Rússia e China caminham para uma cooperação mais estreita em termos militares, o governo de Lula se encontra em uma posição de fragilidade política e diplomática.

As constantes capitulações de Lula diante do imperialismo, como sua hesitação em apoiar mais firmemente a Venezuela e Nicarágua, enfraquecem a posição brasileira dentro dos BRICS e deixam o país cada vez mais isolado em relação aos seus pares. Lula, ao tentar manter uma política externa supostamente, acaba enfraquecendo a influência do Brasil no bloco, que cada vez mais se afasta dos interesses de uma verdadeira cooperação anti-imperialista.

Assim, a 16ª Cúpula dos BRICS, marcada por discussões estratégicas em segurança e cooperação militar, se torna um divisor de águas na política global. Enquanto o resto do bloco avança rumo a uma maior autonomia e fortalecimento frente às pressões externas, o Brasil, sob a liderança de Lula, permanece em uma posição vacilante, enfraquecendo sua própria relevância dentro do grupo. Resta saber até quando.

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