No último debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo, no sábado (19), o candidato supostamente esquerdista, Guilherme Boulos, ao ser acusado pelo bolsonarista Ricardo Nunes de já ter sido um defensor do fim da Polícia Militar, da descriminalização das drogas e de ser um “apoiador” da “bandidagem”, respondeu:
“Fico triste que o candidato comece com mentiras. O modelo de polícia que eu defendo, é uma polícia armada (…), uma polícia que é dura com o crime, mas que trata os cidadãos de maneira igual(…), a polícia tem que tratar igual quem mora nos jardins e quem mora na periferia.”
De maneira absurdamente cínica, o amigo da Polícia Militar (nas palavras de seu próprio pai), Boulos, tenta fazer a população trabalhadora acreditar que as milícias fascistas, armadas para defender o Estado burguês, como é o caso de todas as polícias, podem ser amigas da mesma população a qual ela é paga para aterrorizar.
O que Boulos não conta, é que quem decide o que é considerado “crime”, com o qual ele defende que a polícia deve ser dura, é o mesmo Estado burguês que, para proteger os privilégios dos mais ricos, simplesmente criminaliza a pobreza.
Inúmeros estudos apontam que é a população pobre e negra, na esmagadora maioria das vezes, o alvo de chacinas promovidas pelas polícias para as quais todo pobre é um criminoso em potencial.
Só no estado de São Paulo, o número de assassinatos cometidos por policiais, tanto militares como civis, em 2024 já é, segundo levantamento conservador feito pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP), pelo menos 53% maior do que em 2023.
O levantamento do MPSP apura em cerca de 598 pessoas mortas por policiais este ano em São Paulo. Esses assassinatos são, via de regra, “justificados” pela Secretaria de Segurança Pública com o argumento de que os policiais estariam “reagindo à ação de criminosos”, logo, para Boulos, estas mortes estariam justificadas.
Um verdadeiro defensor da classe trabalhadora não pode ser, ao mesmo tempo, defensor de variantes da máxima da direita segundo a qual “bandido bom é bandido morto”.
Para Boulos, a polícia não apenas está fazendo um bom trabalho como deveria estar fazendo ainda mais, uma vez que uma das suas principais plataformas de campanha é dobrar o número da Guarda Civil Metropolitana.
Quem defende a polícia é um inimigo de toda população. Historicamente o movimento dos trabalhadores defende o fim da Polícia Militar e de todos os aparatos de repressão do Estado burguês. É uma traição de classe defender o aumento ostensivo da GCM e se posicionar em favor da PM. É preciso pedir o fim dessas verdadeiras máquinas de matar pobre no brasil e se Boulos não está nem perto de defender isso, não é digno da confiança dos trabalhadores e não merece nenhum tipo de apoio.