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Oriente Médio

‘É mais fácil ser negro em Israel’; o difícil é ser palestino

Colunista do O Globo acha que "Israel" é bom para os negros mas ignora a limpeza étnica contra o povo palestino

O sionismo e seu regime de ocupação criminoso do território palestino utilizam historicamente de várias formas de manipulação ideológica para manter seu domínio. “Israel” é conhecido mundialmente como a capital dos LGBTs e das supostas liberdades dos oprimidos. É como se fosse um paraíso isolado, num mundo extremamente caótico, onde todos os oprimidos como gays, mulheres, negros, seriam respeitados. Uma sociedade superior à conversadora e islâmica, como dizem por aí. Mas é claro que não passa de pura propaganda e demagogia barata.

E para deixar claro que se trata de pura demagogia, usaremos como exemplo uma coluna do jornal golpista O Globo, intitulada “É mais fácil ser negro em ‘Israel’ do que no Brasil”, assinada por João Torquato, que se diz “militante do movimento negro” e é analista de comunicações do Instituto Brasil-Israel. A ficha do colunista já esclarece seu trabalho como capacho e serviçal do imperialismo e do sionismo.

“O medo da violência policial [no Brasil] muitas vezes me impediu de sair de casa e viver uma vida normal. Como judeu, me veio a questão: a negritude em Israel seria semelhante?”, questiona o colunista.

“Mesmo com a narrativa de Israel ser um país branco e racista, com tranquilidade digo que me senti muito mais seguro lá em comparação ao Brasil. O sentimento de medo que me acompanha quase diariamente ao sair nas ruas de São Paulo era inexistente em Tel Aviv, Harish, Lod, Petah Tikva e tantas outras cidades israelenses por onde passei”, afirma Torquato.

O autor reafirma sua posição de que “Israel” não seria racista sustentado por declarações de outros amigos seus, que também residem lá e nunca foram vítimas de racismo, até mesmo de um amigo “não-judeu”. E como bom identitário, apela para o sentimentalismo de que sua opinião de negro não tem valor:

“Para parte do campo progressista brasileiro que sustenta a narrativa de Israel ser um país branco e europeu, a experiência individual de um homem negro é inválida.”

E a culpa de não levarem a opinião dele em conta é das “pessoas que gozam do privilégio da branquitude” e “praticam uma das formas mais brutais de racismo, a anulação da subjetividade do sujeito, como se um negro não fosse capaz de formular suas próprias crenças e percepções por meio de sua experiência individual”.

Primeiro, é interessante observar como a questão do “lugar de fala” e essas baboseiras que permeiam os debates identitários tendem a levar ao ápice dessa política, o sionismo. Aqui, o colunista dá a clássica cartada de que deveríamos dar como certo o que ele diz só porque é negro e tem sua experiência individual. O critério para definir uma política correta ou um posicionamento não pode ser a cor de pele de quem está se pronunciando, mas sim os seus interesses. E, no caso em questão, o autor quer colocar sua “negritude” a serviço dos genocidas de “Israel”.

A defesa de que “Israel” não é racista por supostamente ninguém ter sido racista com o funcionário do Instituto Brasil-Israel (IBI) é algo compreensível. No geral, o empresário não deveria ser preconceituoso com o seu mais fiel funcionário, com o seu cachorro de estimação. É muito mais interessante iludi-lo com a ideia de que sua empresa não tem problemas desse tipo e que todos são bem vindos.

A menos, é claro, que você seja um palestino.

Quando se diz que “Israel” é racista, o problema não está no funcionário do IBI que não foi ofendido por ninguém. O racismo está escancarado no genocídio e na limpeza étnica que “Israel” pratica há mais de 100 anos contra o povo palestino. Os palestinos foram expulsos de sua terra e são duramente reprimidos pelas forças de ocupação “israelenses”. Não é só uma questão de cor de pele, mas de toda uma etnia. O problema não é a cor de sua pele, mas sim se você está do lado da ocupação ou não.

Muitos judeus ortodoxos, que não apoiam a ocupação e defendem o território palestino, são igualmente reprimidos, espancados e torturados pelo exército “israelense”. E esses são brancos e literalmente judeus. Mas são tratados como lixo, por não concordarem com o genocídio em curso há décadas.

Voltando ao início da coluna, o autor faz um apanhado histórico falando sobre a escravidão no Brasil, para exemplificar como os negros sofrem do racismo até hoje:

“A Abolição da Escravidão no Brasil aconteceu há mais de um século, 136 anos especificamente, e, independentemente de qual seja o campo político a que você pertença, é inegável que o sequestro de milhões de homens e mulheres do continente africano para ser usados como mão de obra escrava nos ciclos econômicos que ajudaram a moldar a economia brasileira trouxe danos ao povo negro brasileiro até hoje”

Aqui, Torquato se solidariza com os milhões de africanos que foram utilizados como mão-de-obra escrava no Brasil e que, de acordo com ele, sofrem na pele os problemas até os dias de hoje. Os negros no Brasil de fato sofrem da opressão, mas ela se dá, principalmente, por uma questão econômica. Finalmente, um negro funcionário de “Israel” não precisará se preocupar com racismo no dia a dia, pois tem todo um aparato a seu favor.

Por que se solidarizar com o sofrimento do povo negro, africano, mas ignorar completamente o povo palestino, árabe, e de todo o Oriente Médio, que são bombardeados diariamente pelos genocidas de “Israel”? Os libaneses, os sírios, os iemenitas, não são vítimas de violência e de uma limpeza étnica? Eles foram dizimados ao longo de décadas de opressão, mas o capitão do mato funcionário do IBI não considera os árabes como “gente” o suficiente para ser defendida de opressão.

João Torquato, como um bom identitário, que reivindica sua carteirinha de militante do movimento negro, é um típico funcionário do imperialismo, a serviço dos poderosos e contra todos os oprimidos. Após um ano da intensificação do genocídio em Gaza, o sujeito tem a indecência de defender “Israel” como uma sociedade democrática e que não é racista. “Israel” iniciou um verdadeiro regime de apartheid, jogando em campos de concentração a céu aberto todo um povo. O colunista do Globo é um cínico e um criminoso, defensor de genocídio.

E todo esse show de horrores do sionismo está na conta da política identitária, erradamente adotada por um setor majoritário da esquerda brasileira. O mesmo acontece com os LGBTs, que são contaminados com a falácia de que “Israel” tem a maior parada LBGT do mundo, o melhor país para os gays, como defende Jean Wyllys. Tudo isso é uma farsa.

A realidade é que “Israel” assassina mulheres e crianças, bombardeia hospitais, metralha moradias de civis e estupra mulheres e reféns de guerra. Essa é a sociedade democrática do país fictício que só existe graças a Inglaterra, aos Estados Unidos e ao restante das nações imperialistas que oprimem os povos do mundo inteiro.

O identitarismo é usado sistematicamente para justificar a limpeza étnica e defender a supremacia “israelense” sobre os povos árabes. Mas graças aos heroicos combatentes da resistência palestina, desde o dia 7 de outubro de 2023, esse regime de ocupação está com os dias contados e cada vez mais próximos de cair.

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