Após o martírio do herói do Dilúvio de al-Aqsa, Iahia al-Sinuar, um canal saudita no Iraque ousou caluniá-lo. Pouco tempo depois, uma multidão furiosa de iraquianos invadiu a sede do jornal em revolta. Sinuar já se tornou uma lenda, é o Che Guevara moderno do mundo árabe. E aí está a questão central desta coluna, o povo árabe está unificado pela língua. Estima-se que são 473 milhões de árabes desde o norte da África até o Oriente Médio. Mas devido à intervenção do imperialismo são mais de 20 países.
O caso do Oriente Médio mostra a importância da unificação nacional do Brasil, a grande conquista da independência em 1822. Um dos motivos que o imperialismo consegue intervir no Oriente Médio é porque ele dividiu a região em diversas nações artificiais. Criou a Palestina para impor o projeto nazissionista. Dividiu os países produtores de petróleo do golfo, Cuaite, Omã, Emirados Árabes Unidos, Barém e Catar, para que todos fossem fracos.
Dividiu a Síria, o Iraque, a Jordânia e o Líbano. Separou o Egito, um país de 110 milhões de habitantes, dos demais. O Iêmen ficou isolado, a Arábia Saudita poderia ser muito mais forte caso as demais monarquias não existissem. A tendência natural seria que todos esses países citados se unificassem em um só. Isso aconteceu já em alguns momentos da história, sobre o Império Otomano isso era quase uma realidade.
Imagine que o imperialismo tente fazer um projeto sionista em algum estado brasileiro, por exemplo, o Espirito Santo. Seria impossível, pois ele faz parte de um país gigantesco. Imagine que quer roubar o petróleo do Amapá e assim começa uma guerra no estado. Também seria impossível, pois seria necessário comprar uma guerra com todo o Brasil. Isso não deixa o país isento das intervenções, mas a guerra, a mais violenta intervenção de todas, raramente é cogitada pelo imperialismo. Os golpes de Estado são o método tradicional.
A unidade nacional do Brasil, portanto, é uma gigantesca defesa contra o imperialismo. Caso o país tivesse se divido em pequenas nações no século XIX, a realidade seria muito pior. Os EUA controlariam totalmente a Amazônia. Teria realizado uma intervenção no Rio de Janeiro, onde se encontra 90% da atual produção de petróleo nacional, iria controlar ainda mais a economia dos demais estados. O Brasil seria ainda mais fraco que a América Latina, pois estaria mais isolado com a língua portuguesa.
Voltando para o mundo árabe, o que existe é uma grande nação dividida artificialmente. Por isso a Revolução Palestina e a Revolução do Iêmen são tão perigosas. Os árabes são um único povo. É como se houvesse uma Revolução vitoriosa no Rio Grande do Sul, ou em Pernambuco, a tendência do governo de São Paulo ou do Rio de Janeiro cair seria enorme. O sionismo é a peça central do imperialismo para manter o povo árabe dividido. Esse é o medo crucial do imperialismo. A vitória da Palestina é a vitória de todos os árabes.