O martírio do líder palestino e chefe do birô político do Hamas Iaiá Sinuar, ocorrido no último dia 17 em confronto com as forças de ocupação da ditadura sionista, desmascara por completo uma das principais mentiras da propaganda israelense, frequentemente difundidas até mesmo por setores da esquerda. Morto como um guerreiro em luta, como destacou em nota o partido palestino opositor ao Hamas, o Fatá, o caso desmentiu a calúnia de que os dirigentes da resistência palestina vivem como marajás, distantes dos locais de horrores e da opressão que seu povo enfrenta, uma farsa que desmorona diante da realidade de seu martírio.
Repetida incessantemente pelos órgãos de propaganda do imperialismo, a afirmação que os líderes do Hamas se escondem em lugares luxuosos, particularmente no Catar, enquanto os combatentes nas Brigadas al-Qassam e o povo palestino são sacrificados. No entanto, a trajetória de Sinuar e de outros líderes do movimento revela exatamente o oposto. Sinuar, que já havia passado mais de duas décadas em prisões israelenses, jamais abandonou a luta direta contra a ocupação, demonstrando com sua vida e agora com sua morte que a liderança palestina não se isola do sofrimento e do sacrifício de seu povo.
A morte de Iaiá Sinuar não é um caso isolado. O genocídio promovido pela ditadura sionista contra qualquer um que tenha ligação com a resistência palestina é uma política amplamente conhecida. Outro exemplo que desmente essa política de difamação é o martírio de dezenas de parentes de Ismail Hanié, antigo dirigente do Hamas. Hanié, outro líder proeminente da resistência, também viu sua família ser sistematicamente exterminada pelos ataques israelenses. Três de seus filhos e quatro netos foram assassinados pelas forças de ocupação. A tentativa de Israel de exterminar fisicamente qualquer ligação com a resistência não distingue nem mesmo entre líderes e seus familiares, mostrando o alcance do terror de Estado imposto sobre o povo palestino.
A propaganda sionista, ao insistir na falsa imagem de que os líderes da resistência vivem em luxo, distorce deliberadamente os fatos para enfraquecer a moral da luta palestina. Ao retratar a liderança como “distante” e “privilegiada”, Israel busca desmoralizar um movimento que permanece profundamente enraizado entre seu povo. O caso de Sinuar, no entanto, não é isolado. Desde o início da atual ofensiva genocida, a ditadura sionista tem como objetivo eliminar toda e qualquer forma de liderança palestina que desafie sua ocupação. E não faz distinção entre combatentes e civis, atacando famílias inteiras e destruindo bairros onde a resistência tem presença ativa.
Esse tipo de assassinato em massa, com o objetivo claro de quebrar a resistência pela força bruta, é nada menos que terrorismo de Estado. A destruição sistemática de casas, escolas e hospitais, além da execução de membros de uma mesma família, é uma prática que remonta às primeiras fases da Nakba (palavra árabe que significa “Catástrofe”), o desastre que marcou a criação de Israel e o deslocamento forçado de centenas de milhares de palestinos. Hoje, mais de 70 anos depois, essa prática genocida continua, agora direcionada especificamente contra aqueles que lideram e inspiram a luta pela libertação da Palestina.
A verdadeira face de Iaiá Sinuar e Ismail Hanié, ao contrário do que pregam os órgãos de comunicação do imperialismo, é a de líderes comprometidos, cujas famílias têm pagado o preço mais alto por sua resistência. O martírio de Sinuar não é apenas uma perda para o Hamas ou para a resistência palestina.
É a prova de que a liderança da resistência está nas trincheiras, junto ao seu povo, e não em palácios distantes. Ao desmascarar a propaganda sionista que tenta criminalizar a luta pela libertação, a morte de Sinuar revela que a resistência palestina, longe de ser uma luta de “privilegiados”, é uma luta de todo um povo que não recua diante da opressão.
A tentativa de Israel de eliminar fisicamente os líderes da resistência, no entanto, não se limita a Sinuar ou Hanié. Diversos outros líderes e suas famílias têm sido sistematicamente alvejados, numa política que visa desmantelar a capacidade de organização do povo palestino. Porém, o enclave imperialista falha em compreender que, para cada líder que cai, outros surgem, prontos para continuar a luta.
Se a propaganda sionista tentava criar a imagem de uma elite política privilegiada, distante, os fatos demonstram o contrário. Iaiá Sinuar foi um mártir da resistência palestina, lutando lado a lado com seus compatriotas, vivendo as mesmas condições de opressão que qualquer palestino vive sob o regime de apartheid israelense. Sua morte em combate é um exemplo claro de que a liderança da resistência não se afasta do campo de batalha, e qualquer tentativa de retratar esses líderes como distantes da realidade do povo palestino é uma farsa.
O martírio de Sinuar, portanto, deve ser visto como parte de uma longa tradição de luta e sacrifício que tem mantido viva a resistência palestina. A tentativa de Israel de desmoralizar essa luta através da propaganda não passa de uma mentira que se desfaz diante da realidade. Assim como Sinuar, outros líderes da resistência continuarão a surgir e a liderar seu povo na luta contra o apartheid sionista, até que a Palestina seja finalmente livre.