O colunista Ivan Rios publicou no portal Brasil 247 um artigo, no último dia 13 de setembro, chamado A conspiração da Brasil Paralelo: como a distorção histórica e científica ameaça a democracia brasileira.
O autor coloca várias críticas ao grupo Brasil Paralelo e no final do artigo não apresenta nenhuma solução sobre o que fazer.
“A gravidade dos fatos apontados não pode ser subestimada. A disseminação de informações falsas e tendenciosas tem o potencial de influenciar negativamente a opinião pública e moldar a percepção das novas gerações sobre a história do país. Isso é particularmente preocupante em um momento em que a desinformação está se tornando uma ferramenta poderosa nas mãos de grupos com agendas políticas específicas.”
O texto é repleto de colocações como essa. O que espanta é a ingenuidade do autor, que ignora, por exemplo, que essas mesmas coisas podem ser ditas sobre a imprensa tradicional, a começar pela maior máquina de mentiras, chamada Rede Globo.
A Brasil Paralelo, inclusive, cresce na crítica a esse monopólio representado pela Globo e outros órgãos da imprensa tradicional. O próprio autor reconhece isso ao dizer que “A empresa utiliza uma estratégia de marketing agressiva para atrair um público que se sente desiludido com as narrativas tradicionais”.
O crescimento de canais de comunicação ligados à extrema direita obedece, portanto, ao mesmo fenômeno relacionado com o crescimento da extrema direita na política.
A crise do regime político, da política tradicional, joga cada vez mais pessoas a posições polarizadas. A extrema direita, com seu discurso demagógico, acaba canalizando esse descontentamento.
O colunista do Brasil 247 percebe os problemas, critica a Brasil Paralelo, em alguns momentos parece até assustado e desesperado com o crescimento da agência de extrema direita. Mas falta a ele entender exatamente o que está acontecendo e, mais importante ainda, encontrar uma saída a esse problema.
O autor bate na tecla do “negacionismo”, um cavalo de batalha da esquerda pequeno-burguesa, repetindo a burguesia, que nada mais é do que uma ideologia que tenta calar qualquer um que pense diferente do que dizem os meios oficiais: “O negacionismo histórico e científico promovido por Olavo de Carvalho e pela Brasil Paralelo é particularmente pernicioso. Eles não apenas distorcem eventos históricos, mas também negam evidências científicas objetivamente comprovadas, como a mudança climática e a eficácia das vacinas. Essa postura anticientífica mina a confiança pública na ciência e nas instituições acadêmicas, promovendo uma cultura de desinformação e ignorância.”
Pensar diferente dos meio oficiais não quer dizer pensar certo ou errado. O problema é que por trás dessa ideia do “negacionismo” está um pretexto para justificar a censura. Por isso, o autor do artigo, sem encontrar uma solução para a Brasil Paralelo, que ele vê como um monstro, namora a censura, embora não diga isso abertamente.
Logicamente que a censura não pode ser a solução. O que ia acontecer é que a censura se voltaria contra a esquerda, que seria acusada de “revisionista”.
É um setor da burguesia que está impulsionando a Brasil Paralelo, contra isso, a única arma da esquerda seria apostar em algo que pudesse se contrapor.
O problema é que a esquerda, e isso o colunista também não compreende, adota uma postura de integração ao regime. Segue a política institucional da informação, o que fica revelado até mesmo pela preocupação do colunista: “ao minar a confiança nas instituições acadêmicas e culturais, a Brasil Paralelo e o Instituto Ítalo Católico enfraquecem a base sobre a qual se constrói o conhecimento crítico e a cidadania informada.”
É justamente o que a esquerda deveria fazer, se desligar totalmente das instituições acadêmicas e culturais que estão falidas como está falido o regime político. Mas ao contrário, a esquerda se apega a elas, como se fossem a única verdade. E assim, dá espaço para a extrema direita navegar à vontade.