A BR-319, rodovia que liga Manaus a Porto Velho, representa uma batalha histórica pela integração da Amazônia com o restante do Brasil. Criada em 1976, a estrada de 877 quilômetros é a única via terrestre de ligação entre Manaus e o País. Quase 50 anos depois, a pavimentação da estrada continua inacabada, tornando o tráfego praticamente impossível. Essa falta de infraestrutura perpetua o isolamento de uma das regiões mais ricas em recursos naturais do Brasil, gerando uma série de impactos econômicos e sociais devastadores.
Segundo o senador Plínio Valério (PSDB-AM), a luta pelo asfaltamento da BR-319 não é apenas sobre mobilidade, mas uma questão de dignidade para o povo do Amazonas. Ele denuncia que, apesar de a estrada já existir e nenhum novo desmatamento ser necessário para a sua pavimentação, barreiras criadas por ONGs imperialistas (e órgãos controlados por essas ONGs) como o Observatório do Clima, continuam travando o projeto.
“A BR-319 não servirá só para passear de carro; ela é vital para escoar produtos da Zona Franca de Manaus e garantir a chegada de remédios e vacinas”, afirmou Valério, destacando a importância da rodovia para a logística da região, especialmente em momentos críticos como a pandemia de COVID-19, quando caminhões de oxigênio ficaram atolados no meio da estrada.
A demagogia da preservação ambiental é frequentemente utilizada para justificar os obstáculos à pavimentação da BR-319. Valério acusa a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (REDE), de representar interesses estrangeiros ao se opor à conclusão da obra, favorecendo ONGs financiadas por grandes fundos internacionais como o Instituto Clima e Sociedade (ICS) e a Open Society Foundation, que estão por trás das manobras que buscam manter a Amazônia isolada e atrasada.
Entre 2018 e 2022, o ICS recebeu mais de US$ 300 milhões para sustentar projetos que, segundo o senador, sabotam o desenvolvimento da região Norte. “Esses recursos sustentam uma agenda que finge apoiar causas climáticas, mas que, na verdade, se opõe aos interesses dos habitantes da Amazônia e ao desenvolvimento nacional”, ressaltou.
Outro ponto levantado por Valério é que, ao contrário do que afirmam os críticos, a pavimentação da BR-319 aumentaria a fiscalização ambiental. O senador acredita que, com uma estrada asfaltada, o combate ao tráfico de drogas e ao desmatamento ilegal seria mais eficaz.
Contudo, órgãos como o Ibama e o Observatório do Clima continuam impondo restrições, como a suspensão da licença prévia para a obra. A justificativa é o suposto impacto ambiental, com alarmistas como Philip Fearnside, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), afirmando que a pavimentação “empurraria o clima global a um ponto de não retorno”, o que naturalmente, não passa de uma chantagem.
Há quase uma década, reportagens revelaram que a estrada havia sido deliberadamente sabotada por “gente poderosa” para inviabilizar seu uso. Moradores da região contaram à imprensa que a BR-319 foi destruída com dinamites em uma ação coordenada para impedir que a estrada funcionasse. “Assassinaram a BR”, declarou Tereza Alves, uma moradora que viu a rodovia em boas condições ser propositalmente arruinada em entrevista ao portal de notícias da Globo g1, ainda em 2015.
Esse cenário caótico gera uma dependência quase absoluta dos rios e do transporte aéreo para o deslocamento e transporte de mercadorias na região. O deputado estadual Delegado Péricles (PL), em discurso proferido na Assembleia Legislativa do Amazonas, denunciou essa situação como um “desrespeito ao cidadão amazonense”, que fica refém de passagens aéreas caríssimas e da falta de opções acessíveis para se deslocar por terra. “Estamos sendo sabotados. A falta de uma rodovia adequada nos torna reféns dos rios e do transporte aéreo, com passagens caríssimas. Isso é um desrespeito ao cidadão amazonense, que merece ter a possibilidade de se deslocar por terra, de maneira digna e acessível”, afirmou.
Ao longo de quase 50 anos, cinco presidentes passaram pelo Palácio do Planalto, mas a BR-319 permaneceu abandonada. Apesar de promessas de campanhas, como a de Lula em 2014, que garantiu a entrega da rodovia pavimentada, nenhuma solução definitiva foi implementada. Durante os governos de Lula e Dilma Rousseff, a obra foi paralisada, mesmo com discursos políticos prometendo seu avanço. Ao mesmo tempo, o ex-presidente Jair Bolsonaro, que utilizou a BR-319 como bandeira de campanha, não moveu um dedo para concluir a estrada durante seus quatro anos de mandato, em um indicativo da pressão exercida pelo imperialismo contra a pavimentação da rodovia.
A dependência de interesses internacionais, em detrimento das necessidades do povo do Norte e do Brasil, é um reflexo da capitulação do governo às pressões imperialistas que utilizam a agenda ambiental como cortina de fumaça para travar o desenvolvimento da Amazônia. Essa política, que condena a região ao isolamento, abre espaço para a ascensão de discursos populistas, como o de Bolsonaro, que explora o abandono para atacar o governo Lula, sem reconhecer que seu próprio governo foi igualmente ineficaz.
Diante desse cenário, a região Norte se destaca como uma das áreas onde o governo Lula enfrenta sua pior avaliação. A incapacidade de resolver o impasse da BR-319 é um símbolo do fracasso em atender às demandas progressistas da população local. Enquanto os defensores da preservação ambiental impedem o desenvolvimento da rodovia, milhões de amazonenses continuam reféns de uma infraestrutura precária que os condena à miséria e ao atraso.
A conclusão da BR-319 não é apenas uma questão de logística, mas de soberania nacional. O Brasil não pode continuar refém de políticas impostas por ONGs financiadas pelo imperialismo, que se opõem ao progresso de uma região estratégica para o país.
É necessário que o governo tome uma posição firme em defesa do desenvolvimento do Amazonas, pavimentando a BR-319 e implementando um programa de industrialização e desenvolvimento que garanta melhores condições de vida para a população. Afinal, um país que chega à segunda década do século XXI com capitais sem ligação por terra ao restante do território não pode se considerar plenamente soberano.