No dia 13 de outubro de 2024, foi publicada uma nova pesquisa Genial/Quaest que mostrou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) liderando com 32% das intenções de voto, enquanto os candidatos de direita Pablo Marçal (PRTB) e Tarcísio de Freitas (Republicanos), obtiveram 18% e 15%, respectivamente. No entanto, uma análise detalhada dos números revela um cenário muito preocupante para o presidente.
Ao analisar os dados divulgados pela pesquisa, órgãos como o Brasil 247 destacaram a liderança de Lula no primeiro turno, sugerindo uma vantagem para o presidente diante de uma direita fragmentada. O problema, no entanto, é que o sistema eleitoral brasileiro prevê que, se nenhum candidato obtiver mais de 50% dos votos no primeiro turno, os dois mais votados disputam o segundo turno. Neste caso, os eleitores da direita, divididos entre Marçal e Freitas no cenário hipotético, tenderiam a se unir em torno de um único nome.
Essa matemática simples revela o quanto a situação pode se complicar para o presidente. Mas há outros dados igualmente preocupantes. Lula, que tradicionalmente conta com o apoio de eleitores mais pobres, está enfrentando um declínio nesse segmento, o que também é um sinal de alerta. Segundo a pesquisa, a percepção de que Lula não deveria concorrer à reeleição cresceu, indicando uma erosão de sua base tradicional de apoio que diminui as suas chances de vitória.
Essa situação eleitoral delicada é o reflexo da situação atual do governo Lula. A política econômica adotada por Fernando Haddad tem sido uma continuidade das medidas neoliberais dos governos anteriores, favorecendo a burguesia em detrimento dos trabalhadores. O ministro vem implementando uma política de controle fiscal e ajuste econômico, responsável por cortar gastos públicos e afetando diretamente a população mais vulnerável, ao mesmo tempo em que mantém os interesses do grande capital intactos. Isso tem feito com que Lula perca rapidamente o apoio em sua base.
Não bastasse tudo isso, é preciso ainda destacar que Lula perderia as eleições com o seu maior rival fora de campo. Conforme a Genial/Quaest, Lula perderia as eleições no segundo turno caso fosse para o pleito contra Marçal – uma figura que, até três meses atrás, ninguém sabia quem é – e contra Tarcísio de Freitas, que, embora hoje controle uma máquina eleitoral importante, o governo do estado de São Paulo, é um burocrata que só está se tornando mais conhecido pela população nos últimos dois anos. Lula, por sua vez, é conhecido há mais de 40 anos e é o presidente da República.
A direita, contudo, tem uma liderança infinitamente mais poderosa, do ponto de vista eleitoral, que Tarcísio e Marçal juntos. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), há vários anos, tem se consolidado como uma liderança entre setores da pequena burguesia, da burguesia e até mesmo uma parcela da classe operária.
Bolsonaro é, hoje, um político com milhões de pessoas em sua base social. Prova disso é que a perseguição judicial contra ele não apenas não fez com que seu apoio diminuísse, mas fez com que sua base se radicalizasse ainda mais. Caso Bolsonaro tenha seus direitos eleitorais restituídos e se candidate, o cenário seria ainda pior para Lula.