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Política internacional

Coreia, Taiuã e Europa: sinais da grande guerra se multiplicam

Eventos recentes são sinais claros de que o mundo está caminhando para um enfrentamento de grandes proporções

Na última terça-feira (15), o governo da República Popular Democrática da Coreia (RPDC, ou Coreia do Norte) explodiu partes de rodovias e ferrovias, as linhas Gyeongui e Donghae que ligam o país à Coreia do Sul, em resposta às provocações realizadas pelo país vizinho em parceria com os Estados Unidos. O governo norte-coreano justificou a medida como uma resposta ao uso de veículos aéreos não tripulados (VANTs) sul-coreanos, que há semanas vêm sobrevoando a capital da Coreia do Norte, Pyongyang, e distribuindo panfletos de propaganda imperialista.

O episódio marca o novo apogeu de uma escalada de tensões iniciada entre 19 e 29 de agosto, quando o imperialismo empreendeu outra provocação contra o regime norte-coreano por meio de exercícios militares. Segundo o porta-voz sul-coreano Lee Sung Joon, a operação tinha como objetivo preparar a Coreia do Sul “para a guerra total” por meio de “exercícios de preparação para a guerra e simulações reais de agências governamentais, incluindo respostas a ataques cibernéticos e terrorismo”. Cerca de 19 mil soldados foram mobilizados apenas pela Coreia do Sul na operação segundo Joon, que não informou quantos norte-americanos participaram.

Em resposta à mais recente provocação feita com VANTs, antes de explodir as vias de comunicação, a Coreia do Norte anunciou o fechamento permanente da fronteira com o Sul e a construção de posições defensivas, além de mobilizar unidades de artilharia para a região próxima à fronteira, que foram colocadas em prontidão para disparar contra qualquer VANTs que cruzasse a linha demarcada.

A Coreia do Sul reagiu rapidamente às explosões, disparando tiros de advertência perto da fronteira e condenando a ação como inaceitável. O governo fantoche do imperialismo destacou que essas estradas já estavam fechadas havia anos, mas a destruição delas é um sinal claro de que o líder coreano, Kim Jong Un, não está disposto a negociar.

Entre os exercícios militares de agosto e o incidente de 15 de outubro, houve um período de relativa calma entre as duas nações, sem eventos significativos relatados. Contudo, a recente escalada mostra que as tensões ainda estão muito presentes e que qualquer novo incidente pode levar a consequências graves.

O verdadeiro inimigo dos norte-coreanos, o imperialismo norte-americano ainda não se pronunciara oficialmente sobre o evento de 15 de outubro até o fechamento desta edição. A presença contínua dos EUA na região e seu envolvimento nas manobras militares são fatores que exacerbam a tensão na península coreana.

A tensão entre a Coreia do Norte e os EUA vem acompanhando em escala inversamente proporcional o sucesso da Rússia na guerra contra a OTAN na Ucrânia. A Coreia do Norte tem sido um aliado militar e econômico dos russos na operação militar de desnazificação do leste europeu, incluindo por meio de fornecimento de armas e munições ao gigante eslavo, segundo a espionagem imperialista.

O episódio reforçou a percepção de que uma guerra de grandes proporções esteja se encaminhando na Ásia, algo que vem sendo alertado por um número crescente de analistas. Um deles é o professor de Ciências Políticas da Universidade de Chicago John Mearsheimer. Em visita a universidades chinesas, Mearsheimer declarou que “quando esta guerra [na Ucrânia] terminar, teremos relações envenenadas até onde é possível ver, entre os Estados Unidos e o Ocidente, de um lado, e a Rússia, de outro”, acrescentando, por fim, que apesar de todas as tensões existentes no mundo, “a ameaça mais séria que os EUA enfrentam é a ascensão da China”.

Na mesma conferência, o acadêmico declarou que “se Taiuã declarasse sua independência, isso ajudaria em muito a provocar a China a uma guerra, mesmo que os custos fossem enormes”. A observação vem após o governador fantoche da província chinesa de Taiuã, Lai Ching-te, retomar a campanha separatista da ilha, impulsionada pelos EUA. Em resposta, no último dia 13, as Forças Armadas da China fizeram exercícios militares simulando um cerco à ilha.

Com a temperatura subindo no extremo oriente e no Leste Europeu, o imperialismo também empreendeu exercícios militares com a Finlândia, porém com uso de armas nucleares. A provocação contra a Rússia ocorreu no último dia 14, já sob o comando do novo secretário-geral da OTAN, o holandês Mark Rutte.

Conhecidos como “Steadfast Noon” (Meio-dia Firme, em português), os exercícios militares contaram com a participação de aproximadamente duas mil tropas de 13 países membros. Esses exercícios simulam a utilização de armas nucleares norte-americanas implantadas na Europa sob o acordo de compartilhamento nuclear da aliança. O treinamento deste ano envolve mais de 60 aeronaves, incluindo caças, bombardeiros e aviões de guerra eletrônica capazes de transportar armamento nuclear.

Os exercícios ocorreram no mar do Norte, que banha o Reino Unido, a Noruega, a Dinamarca, a Alemanha, os Países Baixos, a Bélgica e a França. Conecta-se com o Mar Báltico através dos estreitos de Skagerrak (entre a Noruega e a Dinamarca) e de Kattegat (entre a Dinamarca e a Suécia), por meio do qual chega-se também à Rússia.

O governo russo considera inoportuna a realização dos exercícios “Steadfast Noon”, sobretudo em meio ao conflito na Ucrânia. Segundo o Crêmlin, a realização desse treinamento pode agravar ainda mais as tensões internacionais. A Rússia criticou o sistema de compartilhamento de armas nucleares da OTAN, alegando que ele vai contra os princípios do Tratado de Não Proliferação Nuclear.

Esse mecanismo da aliança permite que armas nucleares americanas sejam armazenadas em países que não possuem arsenal nuclear próprio. Como reação direta à postura da OTAN, a Rússia anunciou que pretende espelhar o modelo norte-americano, posicionando suas próprias armas nucleares em território bielorrusso. Isso visa fortalecer a cooperação militar com a Bielorrússia e aumentar sua capacidade dissuasória contra a OTAN.

Os eventos recentes na Península Coreana, em Taiuã e no Mar do Norte, na Europa, são sinais claros de que o mundo está caminhando rapidamente em direção a uma guerra de grandes proporções. As provocações imperialistas, seja por meio de exercícios militares que simulam uma guerra total, o uso de VANTs ou manobras nucleares, indicam que a ditadura mundial está pressionando as nações mais avançadas entre os países atrasados, buscando desestabilizar regiões cruciais.

O fechamento da fronteira e a explosão das estradas na Coreia do Norte, os exercícios de cerco à Taiuã pelas forças chinesas e a resposta russa aos treinamentos nucleares da OTAN no mar do Norte mostram que essas nações estão se preparando para uma escalada militar inevitável. A aliança entre Coreia do Norte, China e Rússia, somada ao apoio destes ao esforço militar russo na Ucrânia, prova que os mais avançados entre os países atrasados estão cada vez mais unificados contra a ofensiva geral das potências imperialistas, rumo a um conflito inevitável entre as necessidades predatórias dos monopólios mundiais e a luta contra a espoliação pelos países atrasados.

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