O Estado israelense vem declarando, recorrentemente, que a invasão ao sul do Líbano será mantida enquanto houver combatentes do Hesbolá na fronteira. Por vezes, o Primeiro-Ministro, Benjamin Netaniahu, afirmou que “Israel” fará com o Líbano o que fez com Gaza. No entanto, apesar das bravatas e ameaças de extermínio vindas dos sionistas, as forças israelenses enfrentam seu maior desafio desde a guerra dos seis dias.
Nesse domingo (13), ocorreu mais um ataque do Hesbolá ao norte do território ocupado pelo Estado sionista. Veículos aéreos não tripulados (VANTs) do Hesbolá foram utilizados para atingir uma base militar israelense na área de Binyamina, matando quatro soldados e ferindo mais de 60 pessoas.
O Hesbolá afirmou que o alvo do ataque foi um campo de treinamento da Brigada Golani das “Forças de Defesa de Israel” (IDF, na sigla em inglês), localizado entre Telavive e a cidade de Haifa. De acordo com o grupo libanês, a ação foi uma resposta aos ataques israelenses realizados na última quinta-feira (10) no sul do Líbano e em Beirute.
Os moradores que vivem perto da base militar atingida descreveram uma enorme explosão, seguida por um fluxo de veículos de emergência correndo para o local. O ataque, que ocorreu na noite de domingo, foi o mais mortal desde a invasão israelense ao Líbano, iniciada no mês passado.
Inicialmente, os moradores de regiões vizinhas pensaram que as explosões estavam ligadas ao crime organizado, percebendo em seguida que o ataque estava ocorrendo na base militar.
Em matéria da Agence France-Presse, moradores vizinhos da base atingida chegaram a questionar como o Hesbolá foi capaz de atacar o local. “Estamos trabalhando aqui há dois anos e não percebemos que estávamos próximos a uma base tão importante. Como o Hesbolá sabia o que estava aqui?”, perguntou Yousef, gerente de um restaurante no vilarejo vizinho de Kfar Kara, expressando preocupação com a possibilidade de ataques futuros. “Agora que eles sabem onde fica essa base, e se da próxima vez eles atirarem e errarem um pouco o alvo?”
Esse é o segundo ataque na região em dois dias. No sábado, um drone atingiu o subúrbio de Telavive, causando danos, mas, segundo as autoridades israelenses, sem deixar feridos.
Em 18 de junho, o Hesbolá havia divulgado um vídeo de 10 minutos que mostra uma missão de reconhecimento, realizada por um veículo aéreo não tripulado, sobre a área da Baía de Haifa. O vídeo mostra vários locais, incluindo o complexo Rafael, os portos civis e militares de Haifa, o aeroporto de Haifa e parte das cidades de Krayot. O Hesbolá analisou cuidadosamente o material ao longo do filme, identificando e apontando importantes alvos e locais de interesse potencial.
A verdade é que o Hesbolá de 2024 não é a mesma organização de 2006, contando com um alto grau de profissionalização, organização e financiamento, além de continuar gozando de profundo apoio político no Líbano por parte da população xiita e cristã.
Seu financiamento, que vem tanto da própria população libanesa, no país e na diáspora, conta também com o apoio significativo do Irã. Inclusive, sua capacidade de atingir alvos em solo israelense, na quantidade e precisão demonstradas no conflito, é um resultado direto do apoio iraniano.
Isso não significa, no entanto, que o Hesbolá é uma força “proxy” iraniana. Ou seja, um grupo que atua pelo Irã por procuração. Ao contrário, o Hesbolá é fruto das contradições inerentes ao Estado libanês, sendo a cristalização da luta por libertação nacional deste povo e de todo o povo xiita, um dos pontos nodais de intersecção com os objetivos iranianos. Outro ponto de encontro é o inimigo em comum, conformado pelo Estado israelense na região e as forças do imperialismo internacional, mais acentuadamente os EUA.