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Eleições municipais

Um apoio malandro à Frente Ampla

Acadêmico esquerdista considera a derrota do PT deliberada para fortalecer a política capituladora

Declarando-se professor associado da Universidade Estadual do Norte Fluminense em seu blog pessoal blog do Pędłowski, Marcos Pędłowski publicou um artigo no sítio intitulado Apesar das aparências, Lula foi o grande vencedor do 1o. turno das eleições municipais, trazendo a tese de que “Lula, e não Gilberto Kassab (PSD), foi o grande vencedor no primeiro turno das eleições municipais de 2024”, como indicado no título. Segundo o acadêmico, com as prefeituras entregues à direita, “Lula também se livra o ônus de ter que conversar sob o tacão das políticas neoliberais que são impostas aos municípios pelo seu próprio governo”, o que faria da derrota acachapante sofrida pelo PT nas eleições municipais, um esforço deliberado (para não dizer mirabolante) para o partido perder o controle de máquinas públicas importantes para a eleição de parlamentares e influenciar os votos majoritários como as prefeituras, perder também parcelas do fundo eleitoral e dar uma demonstração pública de fraqueza, segundo a extravagante interpretação do autor, de olho em 2026. Diz Pędłowski:

“Diante do inevitável fracasso das promessas feitas pela direita nas eleições municipais, Lula, ou um escolhido para substituí-lo, pode manter a fachada de esquerda para ganhar as eleições de 2026, usando a repetida, manjada, mas efetiva assertiva de que a direita não governa para os pobres.

Em suma, discordo de quem diz que a política da ‘Frente Ampla’ de Lula foi derrotada no primeiro turno das eleições municipais de 2024. Na verdade, essa política ficou fortalecida ao apontar para um cenário em 2026 em que novamente será o PT (e seus aliados) contra o conveniente fantasma da extrema-direita.”

O objetivo do partido é ganhar as eleições de 2026, mas para isso, é preciso perder hoje? E isso a título de “manter a fachada de esquerda” enquanto se livra do encargo de uma política direitista? A ideia em si já é um tanto extravagante e não diz de maneira concreta porque a derrota seria positiva, nem como a população seria convencida de que a política direitista do governo federal é antes fruto das prefeituras de direita e não do governo de esquerda, mas deixa de ser um mero devaneio de diletante para ganhar substância política quando Pędłowski, declara:

“Na maioria dos casos [das candidaturas], faltou de tudo nas campanhas ‘raiz’ do petismo, a começar por uma linha política que habilitasse seus candidatos a terem um mínimo de chance.  Isso também ficou claro em campanhas próximas do que seria o campo popular, como foi o caso da campanha de Guilherme Boulos, o mais petista dos psolistas ainda no PSOL. A imposição de Marta Suplicy como candidata a vice-prefeita, por exemplo, só serviu para esmaecer as tinturas esquerdistas de Boulos”.

O PT empurrou Boulos para a direita? Tendo se projetado nacionalmente por meio de campanhas direitistas como o “Não vai ter Copa!”, Boulos logo tornou-se o braço esquerdo do imperialismo para a mobilização golpista contra o governo de Dilma Rousseff, tendo sido uma peça importante do golpe de 2016. Desde então, trabalhou na ONG financiada pela CIA IREE, ajudou a enterrar a primeira onda de mobilizações do Fora Bolsonaro iniciadas pelas torcidas organizadas em junho de 2020, a eleger Bruno Covas à prefeitura de São Paulo em 2020.

Agora em campanha, já declarou publicamente não ter ligações com o movimento de moradia, negou-se a prestar solidariedade ao povo palestino, sem no entanto se furtar a apoiar a campanha imperialista contra a Venezuela, disse abertamente que atacará os movimentos de moradia da capital paulista para “não prevaricar” e fez da repressão o verdadeiro tema de sua campanha, prometendo dobrar o efetivo da odiada GCM e também trazendo um ex-comandante da ainda mais odiada ROTAM para sua campanha. A extrema direita que chama o banqueiro George Soros de “socialista” credenciar Boulos como esquerdista vá lá, mas alguém que se diz de esquerda repetir os bolsonaristas diante de um currículo como o do psolista é uma insanidade.

Pędłowski critica a política da “Frente Ampla”, mas ignora o fato de que a aliança do PT com o Boulos é parte intrínseca disso. Fosse consequente em sua oposição à tática derrotista adotada por Lula, o acadêmico a criticaria integralmente. Ao invés disso, no entanto, o professor diz:

“O fato é que a primeira tarefa de quem realmente deseja mudar o cenário político brasileiro e movê-lo para a esquerda é superar toda e qualquer ilusão em Lula. Com isso será possível liberar as forças populares da paralisia que lhes é imposta por Lula e pelo PT. Essa, convenhamos, não será uma tarefa fácil, pois basta ver o que foi feito para desmoralizar quadros emergentes da esquerda como era o caso de Marcelo Freixo e Guilherme Boulos, ou para abandonar e deixar à mercê da direita uma liderança ascendente como Glauber Braga.”

Tal como fez com Boulos, Pędłowski deixa claro ser um simpatizante da política que diz criticar ao tratar como “quadro emergente da esquerda” o hoje petista Marcelo Freixo, responsável pela famosa pérola “Lula Livre não unifica”. A frase, não se pode esquecer, foi dita enquanto o à época parlamentar psolista era pressionando a apoiar a campanha pela libertação de Lula, preso político pelo imperialismo, que por meio da famigerada “Operação Lava Jato”, atirou o atual presidente ao cárcere no Paraná e impediu sua participação nas eleições de 2018, em um novo golpe de Estado. Eis o “quadro da esquerda” do professor.

Os personagens velada ou abertamente elogiados pelo acadêmico mostram como suas palavras e posições estão em uma contradição em termos. A crítica à política da “Frente Ampla” não passa de um disfarce para na realidade defendê-la e com isso, o derrotismo que afirma combater. Boulos e Freixo são elementos direitistas aceitos indevidamente no campo da esquerda.

Não é possível ser contra a “Frente Ampla” por seu aspecto mais óbvio, a capitulação da esquerda à direita, mas apoiar a infiltração da direita na esquerda através de indivíduos que dizem ser esquerdistas. Por isso mesmo, ao elogiar essas figuras que personificam essa política de capitulação, Pędłowski na realidade reafirma a tática e, com isso, contribui não para o deslocamento à esquerda do governo Lula, mas à direita.

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