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São Paulo

Votar em Boulos: uma ‘resistência’ fadada ao fracasso

Jornalista defende candidatura que não hesitará em reprimir brutalmente os trabalhadores e consolidar o verdadeiro fascismo

No artigo A urgência de resistir ao fascismo, publicado pelo portal Brasil 247, o jornalista Paulo Moreira Leite traça um cenário apocalíptico caso o candidato Ricardo Nunes (MDB) vença o segundo turno das eleições municipais em São Paulo. Para Leite, essa vitória seria “a consumação de uma tragédia política comparável às maiores catástrofes do passado”. Segundo ele, um processo destrutivo de longo prazo, que traria dores e traumas permanentes. No entanto, se a esperança de evitar tal catástrofe recai sobre Guilherme Boulos (PSOL), então São Paulo já está condenada, afinal, como confiar em um candidato que, na prática, faz da repressão o centro de sua campanha, como indicado na frase do psolista reproduzida por Leite: 

“Se você acha que São Paulo está uma cidade segura, se você se sente seguro andando com seu celular, você concorda com o meu adversário. Quem sabe que São Paulo pode mais, merece mais, está comigo e com a Marta. É isso que está em jogo nesse segundo turno”.

Essa fala de Boulos revela sua inclinação para ser, no mínimo, tão repressor quanto seu adversário, Ricardo Nunes. Em campanha, ele promete aumentar a repressão policial, o que se materializa com a inclusão de Alexandre Gasparian, ex-comandante da ROTA, em sua equipe. Vale lembrar que Gasparian chefiou a força de elite da PM durante a chacina de Osasco e Barueri, em 2015.

Enquanto Nunes tem como vice o coronel aposentado Ricardo de Mello Araújo, também da ROTA, Boulos inclui figuras igualmente autoritárias em seu círculo, tornando difícil discernir uma real diferença entre ambos. A máquina de guerra do fascismo, representada pela brutalidade policial, está presente nas duas campanhas. Assim, Leite tenta pintar Boulos como a última esperança para evitar o avanço da extrema direita, mas, na prática, a extrema direita já é parte da campanha do psolista.

Leite tenta criar uma distinção entre o bolsonarismo de Nunes e a suposta resistência de Boulos, dizendo que o primeiro seria a “ponta de lança de um esforço de submissão e recolonização do país”. No entanto, quando confrontado sobre a necessidade de solidariedade ao povo palestino, Boulos fugiu do assunto ao declarar que não era candidato a prefeito de Telavive. Essa desculpa, de extremo oportunismo, mostrou que ele não tem nenhum compromisso sério com causas anti-imperialistas.

Além disso, Boulos foi rápido em atacar Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, numa clara demonstração de submissão ao imperialismo norte-americano. Longe de ser algo do momento, o histórico de Boulos não deixa dúvidas de que o psolista é um fiel defensor do imperialismo, tendo sua trajetória se iniciado com a participação ativa do candidato defendido por Leite no golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, ao se aliar com setores da burguesia e usar sua “militância” para dividir a esquerda.

Braço esquerdo do golpe de 2026, Boulos evoluiu para se tornar um serviçal da ONG imperialista IREE, diretamente financiada pela CIA. Toda a trajetória política do homem deixam claro que Boulos é a última pessoa de quem se pode esperar uma defesa da soberania do país.

É fundamental lembrar que Boulos tampouco é diferente de Nunes em questões centrais à burguesia. Ambos representam uma estrutura social que, diante da crise do capitalismo, caminha cada vez mais em direção ao fascismo, o que se traduz na sanha repressiva cada vez mais alucinada da direita e da esquerda pequeno-burguesa. O verdadeiro enfrentamento ao fascismo só pode ser conduzido por uma organização que defenda os interesses dos trabalhadores, e esse não é o caso de Boulos, que já na campanha prometeu aumentar o efetivo da Guarda Civil Metropolitana (GCM) e reforçar o aparato repressivo da cidade.

Ainda, se o ajuste fiscal da então presidenta Dilma Rousseff tornou-a “indefensável” em 2016, Boulos foi rápido em mostrar simpatia pelas políticas de austeridade de Fernando Haddad, provando que, além de repressor, é desonesto e oportunista. Ele age como qualquer outro político burguês, buscando se ajustar às circunstâncias, mantendo, porém, uma coerência com os interesses do imperialismo.

Paulo Moreira Leite, ao empurrar a esquerda para o apoio a Boulos, confunde o verdadeiro enfrentamento ao fascismo. Boulos, longe de representar uma barreira contra o avanço fascista, será um facilitador para a burguesia, contribuindo para a repressão dos trabalhadores e a continuidade do regime político que beneficia o imperialismo.

Leite acaba promovendo uma falsa ilusão de resistência ao fascismo, ignorando o fato de o PSOL e Boulos não terem interesse algum em combater as forças reacionárias da burguesia. Pelo contrário, suas ações e alianças revelam que são cúmplices da consolidação do fascismo no Brasil.

Votar em Boulos não é uma resistência ao fascismo, mas sim uma capitulação. Leite erra ao não levar em conta o papel fundamental que Boulos desempenha como peça do imperialismo, deixando-se seduzir por sabe-se lá qual fetiche esquerdista usado, mas totalmente desprovido de substância social.

Sob o pretexto de combater o fascismo, o jornalista acaba ajudando uma candidatura que comprovadamente, não hesitará em reprimir brutalmente os trabalhadores e consolidar o verdadeiro fascismo. A verdadeira resistência deve passar pela rejeição a figuras oportunistas como Boulos, que, ao longo de sua trajetória política, mostrou-se incapaz de oferecer qualquer tipo de enfrentamento real ao fascismo.

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