As recentes eleições municipais mostraram de forma clara que o bolsonarismo segue vivo e em pleno crescimento, mesmo com Jair Bolsonaro fora da disputa eleitoral direta. Essa realidade acaba com a farsa da imprensa burguesa e dos setores da burguesia que, desde a inelegibilidade de Bolsonaro, insistem em falar que o bolsonarismo estaria em declínio. Os resultados das urnas, no entanto, mostram o oposto: o bolsonarismo, como força política, não apenas sobrevive, mas expande sua influência por todo o País.
Essa constatação deveria servir de alerta, principalmente para a esquerda, que parece não estar preparada para enfrentar o perigo crescente representado por essa força de extrema direita. A perseguição judicial a Bolsonaro, longe de enfraquecer o movimento que ele lidera, acabou fortalecendo a propaganda de que ele e seus aliados são vítimas de uma injustiça promovida pelas instituições do regime.
A inelegibilidade de Bolsonaro, promovida por setores do Judiciário que buscavam eliminar sua influência na política, foi um cálculo político malfeito. Em vez de enfraquecer o bolsonarismo, criou-se uma mística em torno da figura de Bolsonaro como um “mártir” do sistema. O que se viu nas urnas foi uma demonstração clara de que o bolsonarismo transcende a figura de Jair Bolsonaro. É uma força social e política com raízes profundas na atual crise do regime e no descontentamento generalizado das massas populares.
Nas eleições municipais, candidatos alinhados ao bolsonarismo obtiveram vitórias expressivas em várias cidades do País. Mesmo onde não venceram, o número de votos obtidos por candidatos bolsonaristas foi significativo, mostrando que o movimento se consolidou como uma força eleitoral de peso. Esse fenômeno não pode ser ignorado ou subestimado, e a tentativa da imprensa burguesa de minimizar o impacto desse crescimento é uma estratégia deliberada para manter as massas desinformadas sobre o verdadeiro estado da política nacional.
O principal erro da esquerda e, em particular, do Partido dos Trabalhadores (PT), foi acreditar que a exclusão de Bolsonaro do cenário eleitoral resolveria o problema do bolsonarismo. A ilusão de que as instituições burguesas, como o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), seriam capazes de neutralizar o bolsonarismo por vias judiciais levou o PT e outros setores da esquerda a uma paralisia política. Em vez de se mobilizar para enfrentar diretamente o bolsonarismo nas ruas e nas urnas, a esquerda ficou à espera de uma solução institucional, que jamais virá.
O resultado disso é que o bolsonarismo cresceu, e a esquerda foi amplamente derrotada nas eleições.