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HISTÓRIA DA PALESTINA

Os principais massacres cometidos por ‘Israel’ – Parte 3

Confira alguns dos massacres mais monstruosos perpetrados pela ocupação sionista contra o povo palestino

Pouco tempo depois que o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas, na sigla em árabe) lançou a Operação Dilúvio de Al-Aqsa contra o Estado sionista de “Israel”, o Diário Causa Operária (DCO) iniciou uma série para contar a história da Palestina, do povo palestino e daqueles que lutam contra a ocupação.

Neste artigo, reunimos mais algumas das matérias publicadas ao longo desse último ano para relembrarmos os massacres perpetrados pelo Estado nazista de “Israel” desde antes de sua fundação até tempos mais recentes. Confira:

Massacre de Qana: ‘Israel’ assassina mais de 100 libaneses

Publicado originalmente em 18 de abril de 2024

Dentre partidos, países e milícias populares que fazem parte do Eixo da Resistência, o Hesbolá é o partido que mais combate o sionismo auxiliando o povo palestino na luta para acabar com a ditadura nazista de “Israel”. Não é coincidência, pois o Partido de Alá surgiu, na década de 1980, como uma resposta do povo do Líbano contra os massacres perpetrados por “Israel” e pelas milícias fascistas dos cristãos maronitas (ex.: Massacre de Sabra e Chatila).

Embora a Primeira Guerra do Líbano tenha acabado oficialmente em 1990, “Israel” manteve sua ocupação criminosa do sul do país dos cedros, especificamente da região da fronteira. Sob a justificativa de estabelecer uma “Zona de Segurança” contra a resistência palestina, os invasores sionistas permaneceram lá até 2000, quando foram expulsos pelo Hesbolá. Durante a década que permaneceram ocupando o sul do Líbano, perpetraram inúmeros massacres, uns diretamente, outros através de seus fantoches maronitas, cuja principal força militar era o Exército do Sul do Líbano. Um desses massacres foi o de Qana.

O massacre foi perpetrado diretamente por “Israel” em 18 de abril de 1996.

A conjuntura política da época era a luta do povo libanês para libertar o sul do país, expulsando os invasores sionistas da região e pondo fim ao artificial “Estado Livre do Líbano”, fantoche de “Israel”.

Essa luta era encabeçada pelo Hesbolá, que, na época, já era a principal organização armada libanesa lutando contra o sionismo e a ditadura imperialista na região.

Até o dia 11 de abril, existia extra-oficialmente um cessar-fogo entre “Israel” e o Hesbolá, trégua não escrita firmada em 1993 após “Israel” fracassar em destruir o partido através da “Operação Prestação de Contas”, que durou de 25 a 31 de julho e resultou na morte de 140 civis libaneses, 500 feridos e mais de 300 mil deslocados. Segundo a trégua, civis não poderiam ser alvos.

Em 30 de março de 1996, dois libaneses foram assassinados pelas forças israelenses de ocupação, quando um míssil atingiu uma torre de água no município de Iater, sul do Líbano. “Israel”, como de costume, violou o cessar-fogo de 1993. O Hesbolá respondeu lançando foguetes contra posições das forças de ocupação ao norte de “Israel”. Em 9 de abril, mais mísseis foram lançados pelo Hesbolá após as tropas sionistas terem assassinado um menino de 14 anos na aldeia de Baraxite.

Foi então que, em 11 de abril de 1996, “Israel” desatou a Operação Vinhas da Ira, operação militar que durou até o dia 27. Durante ela, as forças israelenses de ocupação tentaram dobrar o Hesbolá atacando a população civil libanesa, não apenas do sul do país, principal ponto de apoio do partido, mas também em Beirute (capital), cujo porto foi bloqueado pela marinha israelense. Os portos de Sidon e Tire, ao sul, também foram bloqueados. Exatamente o mesmo modus operandi utilizado por “Israel” atualmente em relação à Faixa de Gaza, apenas em menor escala.

Durante a Operação Vinhas da Ira, o Estado nazissionista realizou mais de 1.100 ataques aéreos e bombardeios extensivos, para os quais utilizou mais de 25 mil projéteis. A maioria desses ataques foi feito contra a população civil. Em um deles, “Israel” acabou atingindo um complexo das Nações Unidas. Especificamente, um complexo da UNIFIL, sigla em inglês para Força Interina das Nações Unidas no Líbano, força militar do imperialismo para a “manutenção da paz” no Líbano. Criada em 1978, como toda força militar imperialista organizada para “manter a paz”, seu real objetivo era frear a luta revolucionária do povo libanês contra “Israel” e o imperialismo, especialmente a luta do Hesbolá. Qualquer antagonismo da UNIFIL em relação a “Israel” era apena no sentido de garantir que o Estado sionista não exagerasse em sua violência fascista, para evitar que o imperialismo perdesse o controle sobre a região. Sendo assim, não teria problema se o ataque de “Israel” à UNIFIL tivesse aniquilado militares do imperialismo. Serviria para aumentar a crise.

O problema foi que no complexo da UNIFIL em Qana estavam abrigados mais de 800 civis libaneses que se refugiavam dos bombardeios sionistas. O complexo foi atacado com barragem de artilharia, utilizando munições de 155 mm, resultando no assassinato de 106 civis libaneses.

A ONU acusou as forças israelenses de terem realizado o ataque deliberadamente. Como é típico por parte de “Israel”, negaram a acusação. Contudo, a alegação da ONU era fundamentada em vídeo gravado por soldado da UNIFIL que mostrou um VANT (veículo aéreo não tripulado, drone, em inglês) israelense sobrevoando o complexo, fazendo reconhecimento antes da ação.

Segundo concluiu a Human Rights Watch à época “a decisão daqueles que planejaram o ataque, de escolher uma mistura de projéteis de artilharia de alto explosivo que incluía projéteis anti-pessoal mortais projetados para maximizar as lesões no solo — e o disparo contínuo desses projéteis, sem aviso prévio, em proximidade próxima a uma grande concentração de civis —, violou um princípio fundamental do direito internacional humanitário”.

Em demonstração de que o Estado de “Israel” está entranhado de uma natureza genocida e nazista, Naftali Bennett, que comandou a ação que resultou no massacre, eventualmente se tornou primeiro-ministro de “Israel”. Foi chefe de governo do Estado sionista entre 13 de junho de 2021 e 30 de junho de 2022, sendo também vice-primeiro-ministro de Yair Lapid entre julho e novembro de 2022.

Uma amostra de que não é apenas Netaniahu que é genocida, mas sim toda a máquina política do Estado de “Israel” e o sionismo.

Massacre de Hula: quando os sionistas assassinaram mais de 80

Publicado originalmente em 31 de janeiro de 2024

Tendo em vista as décadas de domínio da propaganda imperialista a favor de “Israel”, que falsificam a realidade de forma incessante, ainda permanece praticamente impossível listar todos os massacres que os sionistas cometeram contra os palestinos durante a Nakba.

Contudo, à medida que foi se aprofundando a crise de “Israel”, com o avanço da resistência palestina ao longo dos anos, mais e mais casos foram sendo revelados.

Um destes casos foi o do massacre de Hula, perpetrado pelas Forças Israelenses de Ocupação no dia 31 de outubro de 1948.

Hula é uma aldeia localizada no sul do Líbano, a apenas 3 km do kibutz de manara, este, por sua vez, situado no extremo norte de “Israel”. O vilarejo libanês existe até os dias atuais, e é próximo do Rio Litani, o qual os sionistas tentam tomar do Hesbolá há anos como parte de sua política colonial na região.

Segundo expõe o historiador judeu israelense Ilan Pappe, em sua obra A Limpeza Étnica da Palestina, pág. 192, o massacre fez parte de planos dos sionistas de tomar o sul do Líbano, planos estes baseados em relatórios de inteligência que apontavam que os libaneses não tinham nenhum plano ofensivo, mas apenas defensivo. O historiador aponta ainda que, nesta conjuntura, um total de 13 vilarejos na região sul do país foram tomados, mostrando que o expansionismo colonial de “Israel” no Líbano remonta à época da Nakba.

Assim como todos os massacres perpetrados pelos sionistas durante a Nakba, o massacre cometido contra os aldeões de Hula foi feito sem absolutamente nenhuma necessidade militar. Afinal, as tropas das Forças Israelenses de Ocupação, especificamente a Brigada Carmeli, invadiram e estabeleceram controle sobre o vilarejo no dia 24 de outubro.

No decorrer de uma semana, antes do massacre, mostrando que a situação era controlada, e que o massacre era desnecessário, as tropas sionistas dedicaram-se a expulsar os habitantes do vilarejo. Todas as mulheres e crianças foram expulsas; quanto aos homens, foram expulsos a maioria entre 15 e 60 anos.

Contudo, o modus operandi das forças de ocupação não era apenas expulsar os palestinos. Segundo matéria publicada neste jornal, durante anos, os sionistas, com auxílio indispensável do imperialismo britânico, criaram um extenso banco de dados sobre as organizações da resistência palestina e todos que estiveram envolvidos com tais grupos. Assim, sempre que os sionistas invadiam os vilarejos, eles selecionavam aldeões para serem assassinados. Alguns deles realmente haviam tido alguma ligação com a resistência palestina. Contudo, na maioria dos casos, isto era apenas um pretexto.

Assim, além de expulsarem os palestinos de Hula, os sionistas perpetraram um massacre. Mais outro.

Como informado no início deste artigo, o assassinato em massa ocorreu no dia 31 de outubro de 1948, já nas etapas finais da Nakba.

Em apenas um dia, “as forças judaicas executaram mais de 80 aldeões apenas no vilarejo de Hula” (Pappe, ob. cit. pág. 192). O principal militar israelense no comando do massacre foi o tenente Shmuel Lahis.

Pelo massacre, ele foi denunciado e submetido a julgamento. Deste, resultou uma condenação a apenas 7 anos de prisão. Vale ressaltar, contudo, que Lahis não ficou preso. Para confirmar a natureza genocida do sionismo e do Estado de “Israel”, o tenente foi perdoado quase que de imediato pelo presidente à época (do Estado provisório de “Israel”), que era ninguém menos que Chaim Weizmann, um dos principais líderes da história do sionismo, em especial de sua corrente dita moderada, tendo sido inclusive presidente da Organização Sionista Mundial por mais de duas décadas, em dois mandados não consecutivos.

Eventualmente, o fascista Shmuel Lahis foi alçado à posição de presidente da Agência Judaica, uma das principais organizações responsáveis para consolidar a colonização da Palestina após a expulsão dos palestinos na Nakba.

3 mil palestinos assassinados no horrendo Massacre de Tal Zaata

Publicado originalmente em 27 de janeiro de 2024

AGuerra Civil libanesa deve ser entendida como uma enorme operação do imperialismo para exterminar os palestinos e sua resistência. É uma história de massacres, a maioria deles pouco ou nada conhecidos.

O massacre mais conhecido é o dos campos de Sabra e Chatila, quando o Exército de “Israel”, que estava no controle dos campos logo após a retirada da Resistência Palestina do Líbano e, portanto, no desarmamento dos palestinos, fez um acordo com a milícia fascista cristã maronita, Falange Libanesa, para que essa realizasse um brutal massacre que resultou em cerca de 3.500 mortos.

No entanto, durante os anos de Guerra Civil, provocada pelo imperialismo para expulsar a Resistência Palestina, houve muitos massacres. Antes mesmo de Sabra e Chatila, houve o sangrento massacre de Tal Zaatar.

O massacre ocorreu sob a cumplicidade não apenas de “Israel”, mas das Forças Sírias que haviam invadido o Líbano.

Em 1976, após quase um ano de guerra, o governo sírio interveio diretamente no conflito. O presidente sírio, Hafez el Assad, decidiu invadir o Líbano sob pretexto de evitar que a situação no país evoluísse de forma a obrigar a Síria a enfrentar “Israel” sozinha. O Departamento de Estado norte-americano, discretamente, autorizou a invasão. A ação síria, portanto, obedecia aos interesses do imperialismo e do sionismo e não era, como se poderia pensar, benéfica aos palestinos. As relações do presidente sírio com os cristãos eram relativamente amistosas.

A esquerda libanesa denunciou em mensagem à ONU que “as forças sírias, ao invés de restabelecer a ordem, se preparam para cometer um espantoso massacre contra os povos libanês e palestino” (A tragédia do Líbano, retrato de uma guerra civil, Domingo del Pino). A denúncia era correta: a primeira atuação síria, em junho de 1976, foi justamente bombardear vários campos de refugiados palestinos. A atuação síria foi tão nefasta que foi elogiada pelo então presidente norte-americano, Gerald Ford, do Partido Republicano.

A tropas sírias avançaram sobre os campos de refugiados palestinos, respaldadas pelas milícias cristãs. Enquanto isso, a Marinha síria bombardeava os de Sidon e Tiro, ao sul, e Trípoli, ao norte.

A primeira etapa da intervenção síria terminou com a destruição e o massacre do campo de refugiados palestino de Tal Zaatar. As milícias cristãs – com apoio do exército sírio e de assessores militares israelenses – sitiaram o campo de refugiados de Tal Zaatar por 50 dias.

O jornalista e escritor espanhol Domingo Del Pino, em seu livro A tragédia do Líbano, retrato de uma guerra civil, testemunha ocular da guerra, descreve assim o episódio:

Segundo os cristãos, o cerco ao campo de refugiados de Tal Zaatar em 22 de junho tinha como objetivo “varrer da zona cristã todos os enclaves palestinos constituídos pelos campos de Dbaye, Jisr el Bacha e Tal Zaatar. Dbaye havia caído em 1975 e Jisr el Bacha foi ocupado em 30 de junho de 1976.”

“Três mil pessoas, segundo estimativas da Cruz Vermelha Internacional, foram massacradas quando os cristãos conseguiram finalmente romper a resistência dos palestinos que defendiam o local e entraram no campo. Um espetáculo realmente dantesco se oferecia aos jornalistas, quando visitamos Tal Zaatar, ou o que sobrava dele, no início de agosto. A tragédia havia sido muito maior porque os cristãos impediram a passagem de ambulâncias e do pessoal médico para atender os numerosos feridos.

“Dezenas de cadáveres jaziam entre as ruínas, e um terrível cheiro de morte invadia toda a zona, estendendo-se até o bairro cristão de Dekuane. Como em Sabra e Chatila em setembro de 1982, os milicianos falangistas que entraram em Tal Zaatar utilizaram o estratagema de chamar com megafones os habitantes que se haviam escondido nos abrigos, e à medida que saíam, os metralhavam, sem distinguir entre homens, mulheres e crianças.

“Os milicianos falangistas entraram uma primeira vez em Tal Zaatar no dia 27 de julho, mas foram rechaçados e expulsos. No entanto, no tempo em que permaneceram no campo, dinamitaram um edifício que sepultou cerca de cem pessoas que estavam nos abrigos do porão. (…)

“Em 13 de agosto, um dia depois do massacre final, e rapidamente, para impedir que se levassem a cabo investigações, os milicianos falangistas enviaram vários tratores a Tal Zaatar, abriram valas e nelas atiraram os cadáveres, cobrindo-os a seguir com escombros” (A tragédia do Líbano, retrato de uma guerra civil, Domingo del Pino).

Episódios com esse deixam muito claro que a política do imperialismo e do sionismo para os palestinos é a da limpeza étnica e do genocídio.

Massacre da Mesquita de Ibrahim: 29 assassinatos por um ‘colono’

Publicado originalmente em 26 de janeiro de 2024

Uma das maiores vitórias que o Hamas e demais organizações armadas da resistência palestinas vêm conquistando desde a Operação Dilúvio de Al-Aqsa, desatada no dia 7 de outubro, tem sido mostrar a todo o mundo que o Estado de “Israel” genocida. Uma das monstruosidades do sionismo, que agora pode ser vista pelos trabalhadores de todo o mundo, são os ataques que os colonos israelenses cometem diariamente contra os palestinos na Cisjordânia, roubando suas casas, agredindo-os e, frequentemente, assassinando-os.

Esses colonos não são nada além de milicianos fascistas do sionismo, e sua violência contra os palestinos praticada desde os primórdios da ocupação sionista. Assim, vale ressaltar um dos eventos mais revoltantes da violência fascista dos colonos, o Massacre da Mesquita de Ibrahim.

A conjuntura política à época era a da assinatura dos Acordos de Oslo, o primeiro assinado em 1993, e o segundo em 1995. Uma capitulação da principal liderança palestina à época, a OLP, os acordos também foram uma oportunidade para o fascista Isaque Rabin mostrar-se como moderado.

O massacre ocorreu no ano de 1994, no dia 25 de fevereiro. Naquele ano, o feriado muçulmano do Ramadã e o feriado judeu de Purim acabaram coincidindo na mesma data.

Quem perpetrou o assassinato de inúmeros palestinos foi Baruch Goldstein, um colono sionista residente no assentamento ilegal de Kiryat Arba, próximo à cidade de Hebron, na Cisjordânia.

Um breve adendo a respeito de Goldstein. Nascido nos EUA em 1956, imigrou para “Israel” apenas em 1983. Enquanto ainda estava no continente norte-americano, residindo na cidade de Nova Iorque, no Brooklyn, fez parte da organização fascista sionista Liga de Defesa Judaica (JDL), fundada por Meir Kahane, um sionista membro do Betar, organização fascista criada por Vladimir Jabotinski:

Já em “Israel”, Goldstein serviu nas Forças de “Defesa”. Tendo em vista que fazia parte do JDL, juntou-se ao partido fascista Kach, do revisionismo sionista, partido este também fundado por Kahane, e liderado por ele. De forma que era uma pessoa que não admitia nenhum tipo de compromisso com palestinos. Nesse sentido, vale ressaltar que Goldstein, que era médico, recusava-se a atender árabes.

Pois bem, conforme exposto, o massacre ocorreu no dia 25 de fevereiro de 1994. Em comemoração do Ramadã, cerca de 800 muçulmanos palestinos estavam na Mesquita de Ibrahim, no Santuário de Abraão ou Caverna dos Patriarcas, localizada na Cidade Velha de Hebron, Cisjordânia. Na data, o local estava servindo temporariamente como mesquita.

Goldstein adentrou o Santuário vestindo um uniforme do exército israelense, com as devidas identificações, o que deu a impressão de que se travava de um oficial da reserva a serviço. Armado com um rifle de assalto, abriu fogo contra a multidão de palestinos que rezavam. Ao todo, o fascista conseguiu assassinar 29 pessoas, muitas das quais crianças. O número de feridos, por sua vez, foi mais que o quádruplo: 125.

Naturalmente, os palestinos, que sempre resistiram durante décadas e décadas à ditadura fascista de todo o Estado sionista, reagiram à altura, linchando o fascista, colocando em marcha protestos massivos por toda a Cisjordânia. “Israel”, mostrando sua natureza de Estado fascista, reprimiu os protestos, assassinando cerca de 26 palestinos, e ferindo 120.

O então primeiro-ministro israelense, Isaque Rabin, deu declarações condenando o ataque perpetrado por Goldstein, chamando-o de “assassino degenerado”, dizendo que o colono era uma “vergonha para o sionismo”. Pura hipocrisia e cinismo, afinal, quando jovem, Rabin fez parte dos quadros da Haganá, principal milícia fascista do sionismo. Não bastando, durante a Nakba foi comandante de sua tropa de elite, a Palmach, a qual esteve à frente de inúmeros massacres. Releia sobre a Haganá, em matéria já publicada neste Diário:

Assim, este acontecimento, o Massacre da Mesquita de Ibrahim, serve para expor que os tais “colonos” israelenses nada mais são do que milícias fascistas do sionismo, sendo um eufemismo chamá-los de “colonos”. Precisam ser denunciados pelo que realmente são.

O massacre de Hebron

Publicado originalmente em 22 de janeiro de 2024

Há quase 30 anos, em 25 de fevereiro de 1994, Baruch Goldstein, um médico das Forças de Defesa de Israel (FDI), colono norte-americano israelense e membro do partido Kach, entrou armado na mesquita localizada na Caverna dos Patriarcas, em Hebron, na Cisjordânia, em meio às celebrações do Ramadã, mês sagrado para os islamitas, marcado por jejuns e orações durante o dia. Na Caverna, cerca de 800 palestinos faziam suas orações quando Goldstein invadiu o local trajando seu uniforme militar sionista, abrindo fogo indiscriminadamente, parando apenas após a reação dos fiéis, que lincharam o sionista, matando-o. Segundo a obra “Jewish Terrorism In Israel” (Ami Pedahzur & Arie Perliger, Columbia University Press, New York, 2009), até mesmo uma granada de mão fora lançada pelo médico da FDI. Oficialmente, 29 pessoas – incluindo seis crianças de até 14 anos – morreram e pelo menos 125 ficaram feridas (“Settlers remember gunman Goldstein; Hebron riots continue”, Avi Issacharoff, Chaim Levinson, Haaretz, 3/10/2010), porém uma matéria do jornal norte-americano The New York Times informa números maiores:

Alguns palestinos disseram que quase 50 foram mortos e talvez 250 feridos. Outras estimativas do número de mortos estão na casa dos 40. No fim de semana, a Associated Press informou que conduziu sua própria investigação e contou 30 mortos dentro da mesquita e 4 em outros lugares de Hebron.” (“Israeli Army Says Security Was Lax At Massacre Site”, Clyde Haberman, 1/3/1994).

Primeiro-ministro à época, o trabalhista Yitzhak Rabin classificou o ato como “hediondo” e no Knesset (o parlamento israelense), atacou Goldstein e seus correligionários, declarando sentir “vergonha pela desgraça imposta a nós por um assassino degenerado”. Dirigindo-se, então, aos demais partidários do campo político do médico morto, disse em seu pronunciamento:

“Vocês não fazem parte da comunidade de Israel, vocês não fazem parte do campo democrático nacional ao qual todos nós pertencemos nesta casa, e muitas pessoas desprezam vocês. Vocês não são parceiros no empreendimento sionista. Vocês são um implante estrangeiro. Vocês são uma erva daninha errante. O judaísmo sensato os cospe. Vocês se colocaram fora da parede da lei judaica. Vocês são uma vergonha para o sionismo e um constrangimento para o judaísmo.” (“West Bank Massacre: The Overview; Rabin Urges the Palestinians To Put Aside Anger and Talk”, Clyde Haberman, 9/3/1994).

Adotando uma linha similar, mas já dando pistas da demagogia por trás das declarações, o então líder da oposição e do Likud, o atual primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, declarou: “Este foi um crime desprezível. Expresso minha condenação inequívoca.” (The Jewish Chronicle, 4/3/1994)

O partido em que Goldstein militava, Kach, acabaria sendo declarado uma organização terrorista e proscrito da vida pública israelense. Apesar de a responsabilidade pelo massacre ter recaído inteiramente contra norte-americano, a supracitada matéria do The New York Times dá detalhes que apontam para um envolvimento do governo “esquerdista” de Rabin:

De acordo com o relato do general Yatom hoje, às 5h20 da manhã em 25 de fevereiro, o Dr. Goldstein entrou na mesquita usando seu uniforme militar, informando a um oficial que o reconheceu que estava em serviço de reserva. Na seção do complexo conhecida como Salão Isaac, entre 400 e 500 muçulmanos estavam começando suas orações de sexta-feira do Ramadã, disse o general, enquanto no Salão Abraão adjacente, 13 judeus recitavam orações para o feriado de Purim.

O Dr. Goldstein, que morava no assentamento vizinho de Qiryat Arba, provavelmente entrou no Salão Isaac pela primeira de três portas, informou o general Yatom, e então disparou contra os fiéis ajoelhados e agrupados, vindos de diferentes locais na parte de trás do salão.

No local, seis soldados e policiais israelenses deveriam estar de serviço, disse ele.

Mas três policiais de fronteira chegaram apenas depois que tudo terminou – aparentemente, disse ele, porque alguém esqueceu de acordá-los. Um policial regular também não estava lá, e um soldado havia sido enviado por um oficial superior para trocar de lugar com outro soldado do lado de fora – um erro de julgamento, disse o general Yatom.

Assim, de acordo com seu relato, quando o Dr. Goldstein entrou no Salão Isaac, apenas um dos seis israelenses designados para a segurança estava no local. E quando esse único oficial ouviu os tiros, foi empurrado pela multidão que se esforçava para escapar, disse o militar.

Finalmente, o oficial chegou ao Salão Isaac, testemunhou o general Yatom, mas era tarde demais. Ele encontrou o Dr. Goldstein morto em um canto, aparentemente espancado por palestinos que superaram seu pânico inicial.”(“Israeli Army Says Security Was Lax At Massacre Site”, Clyde Haberman, 1/3/1994).

A inacreditável sequência de coincidências concorrendo para facilitar o caminho para Goldstein realizar o massacre e matar uma quantidade absurda de palestinos, só pode ser aceita por uma pessoal irremediavelmente disposta a crer em qualquer idiotice. Finalmente, não custa lembrar, estamos falando de forças militares em uma zona de conflito.

Ou as forças sionistas equiparam-se às do clássico filme italiano “O Incrível Exército de Brancaleone” (1966) em trapalhadas e falhas grotescas na disciplina, ou o general sionista é um membro do regime colonial que consegue se destacar pela desfaçatez e o cinismo muito acima do nível normal de seus pares, já bastante elevados. Obviamente, o segundo caso está muito mais próximo da realidade do que a ideia absurda de um exército de trapalhões, onde soldados dormem demais e toda sorte de loucuras acontece.

Assim que a notícia do massacre se espalhou, manifestações palestinas eclodiram nos territórios ocupados pelos invasores sionistas, levando a confrontos com as forças de repressão. No dia seguinte (26), pelo menos três palestinos seriam mortos na Cisjordânia e outros 50 ficariam feridos, no que foi destacado como o dia mais sangrento da ocupação na região até então (“West Bank Massacre; Palestinians Battle Israelis To Protest Hebron Massacre”, Clyde Haberman, New York Times, 27/2/1994). Ao todo, mais 20 palestinos seriam mortos nos confrontos com os sionistas, enquanto 120 ficariam feridos (Ami Pedahzur & Arie Perliger).

Ocorrido poucos meses após a assinatura dos Acordos de Oslo que puseram fim à Primeira Intifada (palavra árabe que significa “levante” ou “agitação”), o Massacre de Hebron evidenciaria para o povo palestino que nenhum acordo os protegeria do genocídio realizado por “Israel”, nem tampouco que o imperialismo estava disposto a respeitar qualquer termo mínimo. Começava a surgir ali, em meio ao sangrento massacre e na subsequente reação sionista, os desenvolvimentos que levariam à Segunda Intifada, seis anos depois, e ao surgimento de uma nova força política, menos comprometida com os israelenses e o imperialismo do que a já irremediavelmente decadente Organização para Libertação da Palestina, o Movimento Resistência Islâmica, mundialmente conhecido por sua sigla em árabe: Hamas.

O Massacre de Al-Khisas, quando 12 palestinos foram mortos

Publicado originalmente em 20 de janeiro de 2024

Os judeus sionistas começaram a realizar a limpeza étnica da palestina antes mesmo de 1948, perpetrando expulsões e massacres com a finalidade de resolver o problema demográfico da maioria árabe já no ano de 1947, preparando o terreno para possibilitar a fundação de “Israel” no ano seguinte. Um dos mais importantes massacres perpetrados nessa época pelo sionistas foi o realizado contra Al-Khisas.

Al-Khisas, ou simplesmente, Khisas era um vilarejo árabe-palestino localizado no subdistrito de Safad, na época do Mandato Britânico da Palestina. A aldeia situava-se a 31 quilômetros a nordeste da cidade de Safed, a principal do distrito citado acima.

O ataque ao vilarejo ocorreu na noite do dia 18 para 19 de dezembro de 1947, e foi perpetrado pela Palmach, tropa de elite da Haganá. Esta, por sua vez, era a principal milícia fascista do sionismo, e em 1948 suas tropas seriam a principal base das Forças de “Defesa” de “Israel”, as forças armadas oficiais do Estado Sionista. Sobre essa milícia, releia a matéria publicada neste Diário:

Segundo o historiador Ilan Pappé, em sua obra A Limpeza Étnica da Palestina (pág. 55), o massacre cometido contra Khisas fez parte das primeiras operações militares dos sionistas na conjuntura da Nakba. Tais operações seguiam a linha política sugerida pelo militar britânico Orde Wingate de constituírem campanha sistemática de intimidação contra os palestinos. Isto foi aprovado por Ben Gurion e pela Consultoria, o principal órgão político que configurava o proto-Estado de “Israel”.

Assim, previamente à invasão da Palmach ao vilarejo de Khisas, aviões deixaram cair panfletos, com os seguintes dizeres:

“Se a guerra for levada até vocês, causará a expulsão em massa dos aldeões, com suas esposas e seus filhos. Aqueles que não desejam ter tal destino, eu lhes direi: nesta guerra haverá uma matança impiedosa, sem compaixão. Se vocês não participarem nesta guerra, não terão que deixar suas casas e aldeias.” (Pappé, 2007, pp. 56)

Em suma, uma campanha visando a aterrorizar a população, estimulando o seu êxodo com o mínimo de esforço por parte das tropas sionistas.

Nessa conjuntura, havia ataques que estavam programados contra três aldeias da alta Galiléia, a saber, Khisas, Na’ima and Iahula. Contudo, foram cancelados, pois o alto comando da Palmach entendia que eram muito ambiciosos. Contudo, Ygal Allon, comandante da tropa ao norte, resolveu prosseguir no ataque contra Khisas (Pappé, 2007, pp. 57)

O dia do massacre então chegou e, como sempre tende a ocorrer, foi realizado sem nenhuma misericórdia. O pretexto dado pela Palmach foi o de que estavam buscando um palestino que teria matado um judeu em uma carruagem mais cedo no dia, e que estaria em Khisas. Este teria sido um assassinato político e, por isto, deveria haver retaliação (Benvenisti, M. (2000). Sacred Landscape: The Buried History of the Holy Land Since 1948. University of California Press. p. 103). É claro, era apenas um pretexto para justificar as ações iniciais da limpeza étnica.

As ordens recebidas pelas tropas da Palmach eram para “bater em homens adultos [ou adultos]” e “matar homens adultos [ou adultos] no palácio do Emir Faur”. Segundo o historiador judeu israelense Benny Morris, em sua obra The Birth of the Palestinian Refugee Problem Revisited, págs. 79-80, o palácio de Faur e outra casa vizinha foi explodida pela Palmach, resultando na morte de inúmeros palestinos, inclusos mulheres e crianças.

Segundo relatório da própria tropa de elite da Haganá, o número de mortos foi de 12 (7 homens, 1 mulher e 4 crianças) (The New York Times, 20 December 1947 and 22 December 1947).

O massacre foi resultado de uma desobediência de Ygal Allon ao alto comando da Palmach. Contudo, ele não foi punido. “Ben-Gurion emitiu um dramático pedido público de desculpas, alegando que a ação não tinha sido autorizada, mas, alguns meses depois, em abril, ele o incluiu em uma lista de operações bem-sucedidas.” (Pappé, 2007, pp. 57).

Tão bem sucedida que quando a Consultoria se reuniu novamente, no dia 17 de dezembro, dela participaram dois oficiais de nome Yohana Ratner e Fritz Eisenshtater, convidados por Ben Gurion, e nomeados para elaborar uma estratégia nacional baseada na bem sucedida operação em Khisas. Uma estratégia de cunho retaliatório e intimidatório, que deveria incluir a expulsão dos palestinos de suas casas, e a destruição dos vilarejos. E, é claro, nas terras tomadas, o assentamento de colonos sionistas.

Assim, o massacre de Khisas (ou Al-Khisas) é mais um exemplo de como o Estado de “Israel” foi fundado sobre o sangue dos palestinos.

O Massacre de Khan Younis de 1956

Publicado originalmente em 19 de janeiro de 2024

Desde que “Israel” rompeu a trégua em 1º de dezembro de 2023, sua ofensiva genocida contra a Faixa de Gaza centrou-se nas regiões central e sul do enclave. Uma das principais cidades alvo do Estado sionista é a cidade de Khan Younis, alvo de incessantes bombardeios e incursões militares por parte das Forças de Defesa de “Israel”. A ofensiva sobre a cidade, além de resultar em novos assassinatos, força mais e mais palestinos a migrarem para o sul, em direção a Rafá, fronteira com o Egito, resultando em uma catástrofe humanitária.

É uma clara tentativa de expulsar os palestinos de suas terras. Apesar disto, o imperialismo tenta, a todo custo, justificar essa política genocida, a exemplo de recente matéria publicada no jornal The Financial Times, sob o título Relatório Militar: a batalha por Khan Younis, na qual tenta justificar o assassinato sistemático de civis palestinos.

Contudo, é impossível esconder a realidade do genocídio. Afinal, os palestinos da cidade de Khan Younis (assim como os demais) não são estranhos ao fascismo de “Israel” e dos judeus sionistas, sendo notório o Massacre de Khan Younis, de 1956.

O massacre aconteceu em 3 de novembro daquele ano, e foi perpetrado pelas Forças de Defesa de “Israel” (FDI) tanto na cidade de Khan Younis, quanto no campo de refugiados de Khan Younis, este situado a oeste da cidade, na costa do Mediterrâneo, sendo parte da Província de mesmo nome, fazendo ainda fronteira com o Egito.

A saber, o campo surgiu em 1948, durante a Nakba, quando os palestinos estavam sendo sistematicamente expulsos de suas terras pelos sionistas. Já naquele ano, o campo contou com cerca de 35 mil refugiados, o que dava a dimensão da limpeza étnica que os judeus haviam realizado para fundar “Israel”. Em 2017, segundo censo realizado pelo Escritório Central Palestino de Estatísticas, estima-se que havia 41.128 refugiados, mostrando que o sionismo nunca abandonara seu objetivo de expulsar os palestinos de suas terras.

Pois bem, como afirmado acima, soldados das FDI perpetraram o massacre no dia 3/11/1956. A conjuntura política era a Crise de Suez, também conhecida como Segunda Guerra Árabe-Israelense ou Guerra do Sinai. Foi uma guerra em que “Israel”, junto do imperialismo britânico e francês, travou contra o Egito, com o objetivo de derrubar o líder nacionalista Gamal Abdel Nasser e obter o controle sobre o Canal de Suez, uma das principais rotas marítimas do mundo, fundamental para a estabilidade da economia imperialista. A guerra teve início em 29 de outubro de 1956, com “Israel” invadindo o Egito a fim de reabrir o Estreito de Tiran e o Golfo de Aqba. Ao fim, com o forte aparato militar do Estado Sionista, e com o apoio dos ingleses e dos franceses, o Egito foi parcialmente derrotado, com “Israel” ocupando a Península do Sinai. A derrota foi parcial, pois manteve o controle sobre o Suez. Contudo, foi um controle relativo, pois resultou da intervenção dos Estado Unidos, que impediu o imperialismo francês e britânico de assumir a posição vantajosa sobre essa importante rota comercial.

Foi justamente durante a operação das FDI para reabrir o Estreito de Tirar que o Massacre de Khan Younis foi perpetrado. Assim relata o historiador judeu israelense Benny Morris, que informa o assassinato de 200 palestinos nas cidades de Khan Younis e Rafá:

“Ao todo, as tropas israelenses mataram cerca de quinhentos civis palestinos durante e após a conquista da Faixa. Cerca de duzentos deles foram mortos durante os massacres em Khan Yunis (em 3 de novembro) e em Rafa (em 12 de novembro) (Benny Morris, Righteous Victims: A History of the Zionist-Arab Conflict, Random House 2011 p. 295).”

Noam Chomsky também falou sobre o massacre, chegando, inclusive, a citar um número maior de palestinos assassinados. O linguista e comentarista político judeu norte-americano, citando o jornalista norte-americano Donald Neff, informa que 275 civis foram assassinados pelas tropas sionistas, quando invadiram suas casas sob o pretexto de buscar por guerrilheiros palestinos (Noam Chomsky, The Fateful Triangle (1983), Pluto Press, 1999, p. 102).

Da mesma forma como age a Polícia Militar brasileira após as chacinas que perpetra contra os trabalhadores das periferias, dando justificativas falsas e cínicas de que os assassinatos foram resultados de trocas de tiros com pessoas que também estavam armadas, a justificativa oficial do Estado israelense e das FDI para o massacre foi que eles se depararam com combatentes palestinos e uma batalha foi desencadeada.

Contudo, a realidade mostra-se sendo outra. Segundo os moradores do campo de refugiados, a maioria dos assassinatos ocorreu após a ação das FDI para retomar o controle sobre a região, a fim de concretizar seu objetivo tático de reabrir o Estreito de Tirar e o Golfo de Aqba. Nesse sentido, vale informar que em março de 1957, as tropas israelenses foram forçadas a se retirar de Gaza e de Sinai, em razão da pressão da comunidade internacional. Com isto, foi descoberta uma cova coletiva com corpo de 40 palestinos, nas redondezas de Khan Younis, corpos estes com marcas de tiros por trás da cabeça, sinalizando execução (Palumbo, Michael (1990). Imperial Israel. Bloomsbury Publishing. p. 32).

Para além de tais evidências materiais para o massacre, há também outros testemunhos. Segundo Abdel Aziz al-Rantisi, líder palestino e co-fundador do Hamas, que tinha apenas oito anos quando ocorreu o massacre, 525 palestinos, incluso seu tio, foram assassinados pelas FDI “a sangue-frio” (Jean-Pierre Filiu, Gaza: A History, Oxford University Press, 2014 pp.95-100).

Até mesmo um soldado sionista teve de revelar a crueldade com a qual as tropas das FDI realizaram o massacre de Khan Younis. A revelação se deu no ano de 1982, após ele ter se tornado jornalista:

“Em alguns becos encontramos corpos espalhados no chão, cobertos de sangue, com as cabeças quebradas. Ninguém se encarregou de movê-los. Foi terrível. Parei em uma esquina e vomitei. Eu não conseguia me acostumar com a visão de um matadouro humano” (Sacco, Joe (12 October 2010). Footnotes in Gaza. Metropolitan Books. p. 118. ISBN 978-0-8050-9277-6).

Mais de 1.500 palestinos refugiados no Líbano são mortos

Publicado originalmente em 15 de dezembro de 2023

OMassacre de Karantina deu-se no dia 18 de janeiro de 1976, na conjuntura política da chamada “Guerra Civil Libanesa” (1975-1990), a qual era, na realidade, uma guerra do imperialismo e de “Israel” contra os palestinos, que haviam se refugiado no Líbano em razão da Nakba, e contra as suas principais organizações de resistência à época, a Organização pela Libertação da Palestina (OLP) e o Fatah, as quais haviam sido expulsas da Jordânia e se realocado no Líbano.

Karantina é o termo coloquial para um bairro na região nordeste de Beirut, La Quarantaine, um bairro semi-industrial, com população de baixa renda, cuja paisagem urbana configura uma mistura de residências e estabelecimentos comerciais.

Na década de 70, quando ocorreu o massacre, já após iniciada a “Guerra Civil”, a região nordeste de Beirute era controlada por forças hostis aos palestinos e à OLP. No caso, os partidos cristãos católicos maronitas e suas milícias armadas. Dentre os principais que atuaram na guerra, podem ser citados o Partido Cataeb e sua ala paramilitar; os Guardiões do Cedro; a milícia Tigre, ala paramilitar do Partido Nacional Liberal e Movimento Juvenil Libanês (LYM). Elas faziam parte da chamada Frente Libanesa, agrupamento político e militar de extrema-direita, apoiado pelo imperialismo e pelo sionismo em sua luta contra os palestinos do Líbano e a OLP.

O massacre se deu com a invasão de Karantina pelas milícias citadas acima, em especial a do Partido Cataeb, cujos milicianos, não coincidentemente, eram conhecidos como Falangistas, em referência ao partido fascista espanhol Falange Espanhol das Juntas de Ofensiva Nacional Sindicalista, conhecida popularmente como Falange. Este fora o principal grupo fascista que atuou durante a Guerra Civil Espanhola (1936 – 1939), tendo papel fundamental em garantir a subida de Francisco Franco ao poder, e a consolidação de uma ditadura fascista que duraria quase quatro décadas.

E, de fato, o nome de Falangistas para designar os membros do Cataeb não era nenhuma coincidência. Pierre Gemayel, fundador do partido, católico maronita, já expressou sua admiração pelo nazismo e pela Alemanha nazista, em entrevista ao jornalista e escritor britânico Robert Fisk (correspondente internacional que chegou a cobrir diversas guerras, dentre elas a “Guerra Civil Libanesa”). Na entrevista. Gemayel declarou o seguinte:

“Fui capitão da seleção libanesa de futebol e presidente da Federação Libanesa de Futebol. Fomos aos Jogos Olímpicos de 1936 em Berlim. E eu vi então essa disciplina e ordem. E eu disse a mim mesmo: ‘Por que não podemos fazer a mesma coisa no Líbano?’ Então, quando voltamos ao Líbano, criamos este movimento juvenil. Quando eu estava em Berlim, o nazismo não tinha a reputação que tem agora. Nazismo? Em todos os sistemas do mundo você pode encontrar algo bom. Mas o nazismo não era nazismo. A palavra veio depois. No sistema deles, vi disciplina. E nós, no Médio Oriente, precisamos de disciplina mais do que qualquer outra coisa.”

Segundo Fisk, os uniformes originais dos militantes do partido incluíam camisas marrons e os membros utilizam a saudação romana. Na década de 40, seu lema era “Deus, Pátria e Família”.

Simplificando, as milicias maronitas que lutavam contra os palestinos e a OLP eram grupos fascistas no sentido mais literal da palavra.

Embora não haja muitos detalhes a respeito de como se deu o massacre (da forma como há em relação aos massacres de Tel al-Zaatar e Sabra e Chatila), sabe-se que essas milícias fascistas, de cristãos maronitas, assassinaram mais de 1.500 pessoas em Karantina, das quais palestinos, curdos, sírios, armenos e libaneses xiitas.

Conforme relato de Johnathan Randal, correspondente internacional do jornal norte-americano The Washington Post à época da guerra, “muitos homens e meninos muçulmanos libaneses foram presos e separados das mulheres e crianças e massacrados, enquanto as mulheres e meninas foram violentamente estupradas e roubadas”.

E é fundamental deixar claro o apoio de “Israel” à Frente Libanesa, fornecendo inteligência militar e armamento às milícias maronitas, mostrando que não basta ao sionismo expulsar os palestinos de suas terras, sendo também necessário acabar com todas as suas organizações de resistência, que lutam pela libertação nacional da Palestina. À época, a principal era a OLP, que eventualmente capitulou perante “Israel”.

Contudo, a resistência não foi derrotada, e hoje em dia sua principal organização é o Hamas, que, no último 7 de Outubro, liderou a Operação Dilúvio al-Aqsa, assestando profundo golpe no Estado sionista, o qual pode muito bem ser o catalizador do fim de “Israel” e de todos os massacres cometidos pelos sionistas, na Palestina, ou fora dela.

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