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Editorial

Um governo ainda mais desmoralizado perante os militares

Declarações do ministro da Defesa acerca da compra de blindados mostra que Forças Armadas agem à revelia de Lula

As recentes declarações do ministro da Defesa, José Múcio, e a resposta complacente de Lula em relação à polêmica envolvendo a compra de blindados de “Israel” são um exemplo cristalino do quanto o governo está achando diante das Forças Armadas e do sionismo. Enquanto o povo palestino enfrenta um massacre sistemático promovido por “Israel”, o Brasil não só mantém relações diplomáticas com esse país opressor, mas cogita a compra de armamentos que alimentam diretamente essa máquina de guerra e genocídio. A desculpa de Múcio de que a suspensão da compra de blindados se deu por “questões ideológicas” é um insulto não apenas à inteligência, mas à moralidade e à dignidade de qualquer nação que se pretenda soberana.

Múcio, ao se posicionar a favor da aquisição de 36 blindados da empresa israelense Elbit Systems, avaliada em R$ 1 bilhão, demonstra claramente de que lado está: o lado do imperialismo. Sua lamentação pública sobre o bloqueio da compra, alegando que “questões ideológicas” impedem o avanço do contrato, não é apenas uma declaração irresponsável, mas uma postura criminosa e uma sabotagem contra o governo. Não se trata de ideologia, como ele insiste em afirmar de forma desonesta. Trata-se de uma questão de princípios e de solidariedade internacional para com o povo palestino, que sofre há décadas sob a ocupação israelense.

A realidade é que, em um momento em que “Israel” intensifica seus ataques contra Gaza e outros territórios palestinos, qualquer tipo de acordo militar ou comercial com esse regime genocida deveria ser sumariamente rejeitado. Não apenas a compra desses blindados deveria ser cancelada, mas o Brasil deveria romper relações diplomáticas com Israel e expulsar imediatamente seu embaixador. No entanto, o ministro da Defesa busca reforçar laços comerciais que apenas fortalecem um regime que oprime, assassina e destrói a vida de milhões de palestinos.

Ainda mais vergonhoso é o fato de Lula ter defendido Múcio após sua fala, em vez de repreender severamente o ministro ou demiti-lo. Segundo reportagem do Correio Braziliense, Lula minimizou as declarações de Múcio, afirmando que o ministro “ligou apavorado” após a repercussão e que deveria “tocar o barco para frente”. É inaceitável que o presidente da República se preste a passar pano para um ministro que abertamente desautoriza o governo e defende os interesses de “Israel”.

Ao defender Múcio, Lula revela que seu governo está, cada vez mais, refém das Forças Armadas, que, sob direção do imperialismo, continuam a agir de forma independente e a colocar em prática uma política contrária aos interesses nacionais e internacionais da classe trabalhadora.

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