Em entrevista à Jovem Pan News, o candidato à prefeitura de São Paulo pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Guilherme Boulos, se apresentou como “o candidato da mudança”, em oposição ao atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB). E que mudança seria essa? Segundo ele próprio, a “mudança” que figuras como Pablo Marçal (PRTB) representa. Disse Boulos:
“Você vê o dinheiro da nossa cidade escorrendo em contratos suspeitos, em esquemas, em entrada do crime organizado, sobretudo no circuito de transporte. Basta você ter dignidade para não aceitar um negócio desses. E é assim que vamos dialogar não só com os eleitores do Marçal, mas com o conjunto dos eleitores da cidade, 70% dos eleitores que votaram pela mudança.”
Em uma única declaração, Boulos conseguiu expor, de uma única vez, todos os aspectos do cretinismo da esquerda pequeno-burguesa na atual etapa da luta política. Em primeiro lugar, chama a atenção que, enquanto a esquerda pequeno-burguesa, em vários lugares do País, lamentou o resultado eleitoral alegando que “o povo não sabe votar”, que “o povo é conservador” etc., Boulos se propõe a “dialogar” com esse mesmo povo. É o mais puro oportunismo: quando a eleição está em disputa, esse setor da esquerda se interessa em “dialogar” com o povo; quando perde a eleição, xinga o povo.
Em segundo lugar, mostra também o desespero de Guilherme Boulos. O candidato passou o primeiro turno inteiro apresentando Marçal como uma excrescência que sequer deveria ser convidada para os debates. Agora, o candidato do PSOL apresenta o ex-candidato do PRTB simplesmente como alguém que representaria uma “mudança”. É a repetição do que Boulos fez durante toda a sua campanha, na medida em que, iludido com as chances de vencer o pleito, abandonou a defesa do direito ao aborto, a defesa da luta por moradia e a defesa da legalização das drogas.
Boulos revela, assim, uma tendência da esquerda pequeno-burguesa, que é a de, diante da pressão da direita, adotar o programa dos seus inimigos para tentar, assim, alguma vantagem eleitoral. Boulos, ao abrir mão de polarizar com candidatos como Marçal, José Luís Datena (PSDB) e Tabata do Amaral (PSB), está se apresentando como mais do mesmo. Como o que nunca deixou de ser: apenas um representante do regime.
O mais curioso de tudo é que essa política de Boulos, ao mesmo tempo que visa colocar a população a reboque de seus inimigos, será um desastre total. Boulos não vai conseguir o apoio de Marçal, nem de seus eleitores, pois Boulos não representa mudança nenhuma. Ele é, assim como Ricardo Nunes, um representante da burguesia paulista.