Nesta terça-feira (8), o Senado Federal aprovou a indicação de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central (BC). Indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Galípolo obteve a maior aprovação desde Chico Lopes, indicado por Fernando Henrique Cardoso (FHC) em 1999. Na época, a indicação de FHC foi aprovada por 67 votos a favor e três contrários, enquanto que o novo presidente do BC recebeu 66 votos favoráveis e cinco contra.
Antes de ser aprovado pelo plenário, Galípolo teve o nome aprovado de maneira unânime na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, angariando 26 votos favoráveis. Foi durante sabatina na CAE que o economista de 42 anos afirmou ter ótima relação com o atual presidente do Banco Central, o bolsonarista Roberto Campos Neto.
“Sinto que gerei uma grande frustração que, ao entrar no BC, fosse começar um reality show; minha relação com o presidente Lula e com o presidente Roberto sempre foi a melhor possível”, afirmou.
Galípolo, que ocupa, atualmente, o cargo de diretor de Política Monetária do BC, também afirmou que “gostaria de ter colaborado ainda mais para que a relação entre o BC e o Executivo fosse melhor do que tem sido”. Ele deixou claro que, ao conversar com Lula, teve a garantia de “liberdade na tomada de decisões”, negando ter sofrido “qualquer tipo de pressão” por parte do presidente da República.
“A verdade é que eu nunca sofri nenhuma pressão. Jamais sofri pressão. Seria muito leviano da minha parte dizer que o presidente Lula fez qualquer pressão sobre mim em qualquer tipo de decisão”, disse acerca de sua função enquanto diretor de Política Monetária.
Durante a sabatina no Senado, parlamentares de oposição ao governo Lula, dentre eles, consagrados golpistas, rasgaram elogios a Gabriel Galípolo, declarando apoio ao economista durante seu mandato. Confira, abaixo, comentários feitos por algumas dessas figuras segundo levantamento do Poder 360:
- Soraya Thronicke (Podemos-MS): “Lhe desejo voos altos, seguros e de grande sucesso, com pousos e decolagens seguras. Obrigado, boa sorte. Conte comigo”;
- Damares Alves (Republicanos-DF): “Eu fico aqui olhando a sua simpatia e lamentando que o senhor vai ser presidente do Banco Central num governo de esquerda. Que Deus lhe dê muita sabedoria e discernimento neste momento […] Foi uma alegria te conhecer pessoalmente”;
- Sergio Moro (União-PR): “Cumprimento o senhor Galípolo. Parabenizo pela indicação”, disse; “Essas críticas não são dirigidas a vossa senhoria. São dirigidas ao governo. Nós conversamos ontem vossa senhoria mencionou a sua intenção de ser independente, o que significa dizer não ao presidente Lula”, declarou; “Rogo a vossa senhoria que mantenha a mesma linha de independência que precisará ser firme para conduzir a política monetária do Brasil sem ceder ao canto da seria do crescimento rápido, descontrolado, com a volta da inflação”, disse;
- Renan Calheiros (MDB-AL): “Vejo [Galípolo] como um quadro qualificado e acho e tenho uma esperança muito grande que poderá ajudar a equacionar a questão da Selic, um dos juros mais altos do mundo”;
- Oriovisto Guimarães (Podemos-PR): “Já vou chamá-lo de presidente, porque tenho certeza que será aprovado por unanimidade”;
Nos últimos meses, chamou a atenção o fato de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aprovou a manutenção da taxa de juros e, em seguida, o aumento da taxa de juros, de maneira unânime. Contando, para tal, com o voto de Galípolo, que compõe o Copom. Nesse sentido, é um dos responsáveis por uma das maiores taxas de juros do mundo, principal culpada pelo estrangulamento da economia brasileira.
Terminado o mandato de Campos Neto em 31 de dezembro de 2024, Galípolo assume a presidência do Banco Central em 1º de janeiro de 2025, ocupando o cargo até 2028.