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Eleições municipais

Antes do resultado, Rui Pimenta previu vitória da extrema direita

No jantar de final de campanha, presidente do PCO apresentou sua análise sobre o pleito municipal

No último sábado (5), ocorreu o jantar de encerramento da campanha eleitoral do Partido da Causa Operária (PCO). Contando com a participação de candidatos de diversas cidades, como Araraquara, Sorocaba, Campinas, Osasco e mais, o evento foi feito na capital paulista, na Trattoria del Pietro.

No começo da noite, que contou com um rodízio de pizza do mais alto nível, João Pimenta, candidato do PCO à Prefeitura de São Paulo, realizou um discurso sobre a campanha do partido trotskista. Logo em seguida, Rui Costa Pimenta, presidente nacional do PCO, também fez um discurso, analisando o pleito do ponto de vista político.

Pimenta previu que a extrema direita seria a grande vencedora do pleito, algo confirmado no dia seguinte após a apuração das urnas. Além disso, o dirigente revolucionário destacou que o Partido dos Trabalhadores (PT) sofreria uma derrota importante, fato também reforçado pela votação.

Confira, abaixo, o discurso de Rui Costa Pimenta na íntegra, conforme transcrito e registrado pela equipe do Diário Causa Operária (DCO):

Eu acredito que os dados mais importantes sobre a campanha do partido foram bem apresentados pelo companheiro João [Pimenta] em sua breve intervenção. Gostaria de fazer uma análise política da situação que estamos vivendo em relação à eleição. No final da contagem dos votos, independentemente de quais sejam os números — algo que pode variar muito, dependendo de diversas circunstâncias —, o Brasil enfrentará a seguinte situação: a direita sairá fortalecida, e muito fortalecida; o PT sairá enfraquecido, e o restante da esquerda praticamente desaparecerá do cenário político. O PCB já não possui identidade própria e sobreviverá dentro da federação eleitoral. O PSOL já não é um partido de verdade; é uma legenda utilizada para o projeto político de Boulos, que está ligado aos setores da burguesia de São Paulo, da burguesia brasileira e do grande capital. Ele se apresenta como candidato de esquerda, mas é apoiado por diversos setores da burguesia. Essa é a campanha eleitoral mais rica do país. Podem desconsiderar o PSOL como um partido relevante na próxima etapa. Os partidos menores de esquerda, que não têm representação parlamentar, também sairão da eleição bastante diminuídos, independentemente do número de votos, porque não apresentaram personalidade política própria. O único partido que se apresentou com identidade própria foi o nosso, não apenas durante, mas também antes da eleição. Isso continuará após o pleito.

Isso é muito importante porque estamos caminhando para uma situação política internacional inédita. O mundo inteiro está sendo revolucionado por uma série de fatores importantes. O imperialismo assumiu uma postura extremamente defensiva e, nessa postura, é extremamente agressivo. Não podemos descartar, por exemplo, que na próxima semana comece uma guerra contra o Irã. Não podemos descartar que, em breve, a OTAN entre abertamente na guerra contra a Rússia. E também não podemos descartar um conflito militar com a China. Não estamos vivendo tempos normais; estamos vivendo uma época de grandes convulsões políticas. Isso inevitavelmente se refletirá no Brasil. O mundo está dividido: de um lado o imperialismo e, do outro, o restante do mundo. Não importa que o governo A, B ou C seja submisso ao imperialismo, como, por exemplo, o governo do senhor Javier Milei. Os povos, em geral, não apoiam o imperialismo. Esse conflito determinará a próxima etapa política. No Brasil, o único partido que assumiu, conscientemente, a luta contra o imperialismo, refletida nesses conflitos, é o PCO, e apenas o PCO. O restante da esquerda não consegue sequer compreender a importância de uma vitória da Rússia, por exemplo, na Ucrânia, e o que significa a derrota do imperialismo. Eles caíram em um estado de analfabetismo político completo e não conseguem entender o que está acontecendo no mundo. Estão completamente fora de sintonia com a realidade.

Por isso, é muito importante o que o companheiro João disse: o PCO sairá maior da eleição do que entrou. Sairá com maior influência política, e provavelmente sairá também com um número maior de votos — o que é praticamente uma certeza. Tivemos o maior número de candidatos de toda a esquerda não parlamentar. Nós nos fortalecemos na eleição e, em alguns lugares, fizemos uma campanha eleitoral extraordinária. Gostaria de citar aqui o caso dos candidatos indígenas do PCO, no Mato Grosso do Sul. Lá não foi uma mera eleição; foi uma espécie de guerra, uma guerrilha. Durante a eleição, jagunços mataram pessoas. Nosso principal candidato, o companheiro Daniel, em Amambai, foi ameaçado de morte. Mesmo assim, fizemos uma campanha que está mobilizando os indígenas do Mato Grosso do Sul — que não são poucas pessoas, mais de 60 mil, a maior população indígena do Brasil. Todas as lideranças desse movimento estão no PCO e, inclusive, são candidatas pelo partido. Elas não tiveram medo de enfrentar a máquina política dos latifundiários, a polícia, os pistoleiros e os jagunços. Acho que essa determinação expressa bem o que está acontecendo com o nosso partido. Não é um caso isolado. É que ali o conflito está mais evidente. Se tivéssemos uma situação de conflito como no Mato Grosso do Sul, em São Paulo, o PCO mobilizaria forças muito grandes. Nossas campanhas, em geral, foram muito motivadas e bem-sucedidas. Somos o partido mais conhecido da esquerda que não está no parlamento, e temos uma posição que devemos assumir com a maior responsabilidade.

O PCO, no próximo período, deve ser o centro de um amplo movimento anti-imperialista no Brasil. Precisamos reunir todos os setores que se dizem nacionalistas e inimigos do imperialismo para criar uma frente de luta ampla. Essa frente será capaz de superar o principal problema que enfrentamos no Brasil atualmente: a falta de mobilização política real. A esquerda perde a eleição porque não consegue mobilizar ninguém. A candidatura do Sr. Guilherme Boulos é um reflexo do que está acontecendo com a esquerda brasileira, inclusive com o PT. A votação de Boulos é de classe média alta; ele não tem voto nem prestígio na periferia. Trata-se de uma esquerda “do Leblon”, por assim dizer, uma substituição improvisada e fajuta do PSDB. O PT e o PSOL, em São Paulo, estão tentando substituir o PSDB, cuja política fracassada deu origem à ascensão da extrema-direita.

Essa situação se deve à falência da política neoliberal promovida pelo PSDB no Brasil. Esse colapso abriu espaço para a extrema-direita e para uma alternativa de esquerda que o PT não quer assumir. Lula talvez seja a única pessoa que gostaria de fazer algo diferente, mas está impotente. Precisamos entender que os partidos alinhados com a política imperialista, dita democrática, não têm futuro político. Nenhum. Basta observar o que está acontecendo na Europa e nos Estados Unidos para ver que a direita está engolindo essas forças. Macron, por exemplo, é um governo sem apoio popular, que se sustenta por meio de ilegalidades. Recentemente, os israelenses bombardearam deliberadamente uma estação de gás de uma das maiores companhias francesas no Líbano, a Total. Isso porque Macron disse que deveria parar de enviar armas para Israel. A esquerda e os partidos democráticos europeus estão acabados. É apenas uma questão de tempo para que algo substitua essa situação. Recentemente analisamos a vitória da extrema-direita na Áustria, uma extrema-direita de sangue.

O que o PT e a esquerda estão tentando fazer com a política identitária está morto. Não vai se recuperar, não vai ressurgir. O exemplo de Israel é claro: o Estado sionista está acabado. Se o imperialismo norte-americano e europeu saírem da briga, o sionismo desmoronará. A sociedade israelense está se decompondo. Isso é um sinal claro do caráter revolucionário da situação que o mundo atravessa. Muitos podem achar que é otimismo excessivo, mas o que está acontecendo na Palestina é uma revolução. A guerra no Líbano logo terá caráter revolucionário. Estamos diante de uma revolução mundial em curso.

É importante para um revolucionário reconhecer a revolução quando ela aparece. Muitos já se equivocaram antes. Quando a revolução chinesa aconteceu, por exemplo, integrantes da Quarta Internacional na China a classificaram como contrarrevolução. Algo semelhante ocorre agora: muitos desqualificam movimentos como o Hamas e o Hezbollah por sua base religiosa, mas eles representam a revolução mundial. Não sabemos que caminho esse processo tomará, mas a revolução continuará. O imperialismo está em uma crise da qual não poderá sair.

A etapa de luta que tivemos nesta eleição deve ser vista sob essa perspectiva. A eleição cria otimismo nesse sentido. Devemos nos empenhar em construir um partido numeroso, forte e capaz de polarizar o país entre a extrema-direita, que será apoiada pelo imperialismo, e a classe trabalhadora, cujo partido é o PCO. Essa é a próxima etapa política, e devemos estar conscientes disso. Queria destacar o esforço coletivo do partido na campanha eleitoral. Foi um trabalho árduo. As pessoas não têm ideia do quanto foi feito. Tudo foi complicado. Se esse trabalho caísse nas mãos de um partido maior, eles não conseguiriam fazê-lo, especialmente com os recursos que tivemos. Foi uma proeza. Todo mundo se jogou de corpo e alma na campanha, com determinação. O partido não se intimidou com a sabotagem do TSE. Denunciamos o TSE, e isso foi crucial para que pagassem o fundo eleitoral. A sabotagem faz parte do jogo, mas o que importa é a determinação dos militantes.

Temos que pensar no Hamas, que está resistindo ao imperialismo com armas em um território minúsculo. Temos que pensar nos militantes do Hezbollah, que, após perderem seu líder, bloquearam a entrada de tropas invasoras no Líbano. Esses militantes adquiriram o grau de consciência necessário para mover o mundo. Sabem que, no final, essa é uma luta de vida ou morte. Embora isso não seja tão evidente no Brasil, estamos no mesmo mundo que a Faixa de Gaza, a Cisjordânia, o Irã e o Líbano. O que está acontecendo lá chegará aqui. Devemos exaltar nossa determinação, que cresce com as experiências políticas, porque precisaremos dela para enfrentar os grandes desafios da próxima etapa. E estou certo de que essa será uma etapa de grandes conquistas para nosso partido, para os trabalhadores e para o povo brasileiro.

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