No último dia 7 de outubro, completou-se um ano do que ficou conhecido como a Operação Dilúvio de Al-Aqsa. Em uma edição do programa Análise Internacional, do Diário Causa Operária (DCO), o presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, e o Comandante Robinson Farinazzo discutiram as consequências desse importante evento para o mundo. A conversa foi mediada por um âncora, que introduziu o tema destacando a gravidade da situação atual.
“Precisamos falar sobre essa situação do impasse. Nós temos uma guerra que se transformou em uma guerra de atrito”, iniciou o âncora. Ele ressaltou que, segundo análise feita pelo New York Times, a mudança na liderança do Hamas, após o assassinato de Ismail Hanié por “Israel”, resultou em uma política mais agressiva em relação aos sionistas.
Pimenta acrescentou que a operação do 7 de outubro de 2023 “foi um ponto de virada na situação mundial de grande importância”. Ele relacionou este evento a outros levantes dos oprimidos que ocorreram nos últimos anos, como a derrota dos Estados Unidos no Afeganistão e a operação especial da Rússia na Ucrânia. “Esses pontos mostram que a dominação imperialista sobre o mundo está se rompendo”, enfatizou.
Pimenta ainda destacou que a fragilidade de “Israel” torna a situação mais crítica. Ele enfatizou que, se “Israel” enfrentar um colapso, isso representaria um golpe mortal para o imperialismo:
“A questão de ‘Israel’ é uma questão chave. Por exemplo, os Estados Unidos travaram uma guerra muito longa no Vietnã, foram derrotados e perderam a importante dominação imperialista na Ásia. Foi um golpe duro, mas não foi um golpe mortal. Já ‘Israel’ é outra história. Se ‘Israel’ entrar em colapso, o imperialismo sofreria um golpe mortal. Os outros países que são aliados do imperialismo, como Arábia Saudita, Egito e Jordânia, não conseguiriam segurar a situação de forma nenhuma. Eles não têm a mesma coesão interna que ‘Israel’ tem, não têm também o mesmo nível de forças armadas etc. Portanto, um colapso de ‘Israel’ levaria todo o Oriente a uma situação revolucionária. Eles não podem ter isso, pois a maior parte do petróleo do mundo acabaria nas mãos de inimigos dos Estados Unidos e da Europa imperialista, e isso seria um golpe mortal.”
Diante da importância que tem “Israel”, o presidente do PCO explicou que é por isso que a Operação Dilúvio de Al-Aqsa representou “um duríssimo golpe contra o imperialismo”. “Por isso estamos assistindo a essa situação em que o imperialismo não consegue dar um passo atrás, porque se ele ceder ao Hamas, se ele ceder ao Hesbolá, ele pode muito bem assistir ao colapso do Estado de ‘Israel’, que é frágil, que é uma sociedade artificial”, afirmou.
Pimenta e Farinazzo também discutiram a falta de ilusões sobre acordos de paz. “A direção do Hamas já percebeu que não haverá acordo de paz. Eles estão em um tudo ou nada: é matar ou morrer”, afirmou Pimenta. O Comandante Robinson complementou que, após um ano do Dilúvio de Al-Aqsa, “Israel” não está mais seguro nem próspero. “A economia caiu muito, e a imagem que ‘Israel’ levou 80 anos para construir se esboroou”, destacou.
Rui Costa Pimenta, nesse sentido, argumentou que não acha que a mudança na direção do Hamas é a principal responsável pela mudança na política do partido palestino:
“Eu não sei dizer se a mudança na direção do Hamas teve um impacto político decisivo. Bom, você sempre tem a personalidade do líder, né? Sinuar é uma pessoa que passou 25 anos na cadeia, ele é uma lenda dentro do Hamas e na Palestina, um homem lendário. Isso pode ter influenciado as decisões do Hamas, mas eu acho também que toda a direção do Hamas, inclusive a direção política, já tirou a conclusão de que não haverá acordo de paz”, disse.
Farinazzo ainda ressaltou que, enquanto o primeiro-ministro israelense mantiver a ilusão de que pode vencer, o conflito continuará. “O problema é que não sabemos o que ele considera ‘ganhar’. Destruir o Hamas? Isso não aconteceu”, ponderou.
Assista ao programa na íntegra por meio do link abaixo: