Na data de 7 de outubro, ocasião em que os povos oprimidos de todo o mundo celebravam a heroica Operação Dilúvio de Al-Aqsa, responsável por expor ao mundo todo o caráter fascista do Estado terrorista de “Israel”, o governo Lula, por meio de seu Ministério das Relações Exteriores, decidiu condenar o que chamou de “um ano dos ataques terroristas do Hamas”. A nota vergonhosa afirma que “os atentados resultaram na tomada de 251 reféns e na morte de cerca de 1.200 pessoas, em sua maioria civis, entre elas as dos cidadãos brasileiros Michel Nisembaum, tomado como refém, e Karla Stelzer Mendes, Bruna Valeanu e Ranani Nidejelski Glazer, assassinados no dia da invasão do território israelense por terroristas a partir da Faixa de Gaza”.
Essa posição já seria cretina há um ano. O governo de um País, ainda mais o governo de um presidente como Lula, que fundou o BRICS, não tem o direito de dizer não conhecer a realidade da questão palestina. O povo palestino vive há 76 anos sob um processo de limpeza étnica, consistindo em um dos casos de genocídio mais horrendos de toda a história da humanidade. Qualquer ação de violência dos oprimidos estaria, naturalmente, justificada diante da violência dos opressores.
Não apenas o governo Lula sabe disso. Até o Direito Internacional, que o presidente e o seu partido tanto prezam, reconhece o direito dos oprimidos lutarem de armas na mão contra uma invasão. Os povos que se levantaram contra o fascismo e o nazismo na Europa agora devem ser chamados de terroristas? O Ministério da Educação irá emitir um memorando para todas as editoras de livros didáticos explicando que, de agora em diante, os escravos que lutavam por sua liberdade serão chamados de terroristas?
Essa posição é ainda mais cínica, no entanto, após passado um ano da deflagração da Operação Dilúvio de Al-Aqsa. Incontáveis órgãos de imprensa, incluindo veículos imperialistas, já demonstraram que a maioria dos civis mortos no dia 7 de outubro de 2023 não foram assassinados pelo Hamas, mas pelo próprio Estado de “Israel”. Os tais “reféns”, por sua vez, nada mais são que prisioneiros de guerra legítimos. Prisioneiros feitos com o objetivo de libertar os mais de 10 mil prisioneiros palestinos – prisioneiros esses dos quais o governo brasileiro nunca falou. Também ficou claro que não apenas a ação do dia 7 de outubro de 2023, como toda a luta que vem sendo travada contra “Israel”, não é uma iniciativa apenas do Hamas, mas de todos os partidos que lutam pela libertação da Palestina.
O mais impressionante de tudo, no entanto, é que a nota sequer fala da reação do Estado de “Israel” à ação das forças de resistência. Mais de 40 mil pessoas foram mortas, a maioria mulheres e crianças. Milhares de pessoas estão sendo presas e torturadas, milhões passam fome. Tudo isso por causa da ação criminosa de “Israel”. E qual a única justificativa da entidade sionista? Defender-se do Hamas.
As mentiras contadas pelo Itamaraty, no final das contas, apenas servem de cobertura para os crimes de “Israel”. Servem para que o sionismo, por mais condenado em todo o mundo, possa dizer: estamos agindo em legítima defesa. A nota do governo Lula é uma vergonha para a luta dos oprimidos e até mesmo uma vergonha no que diz respeito à diplomacia. É uma nota de cumplicidade com os crimes de guerra do sionismo.