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Um ano do Dilúvio

Síria: discretamente resistência prepara libertação nacional

O governo de Assad, com a força da Revolução Palestina, consegue impor derrotadas a todos os grupos pró-imperialistas que dividem o país 

A Revolução Palestina iniciada com a operação Dilúvio de al-Aqsa do Hamas em outubro de 2023 colocou em marcha a rápida transformação da Síria, um país em guerra de libertação nacional desde o ano de 2011, quando iniciou a intervenção imperialista. De todo o Eixo da Resistência esse é o país onde menos ficam claro as mudanças, ao mesmo tempo, é o país onde a maior escalda da guerra e a maior derrota do imperialismo é possível. O governo Bashar al-Assad prepara o tabuleiro para reunificar a Síria.

A história recente da Síria é de destruição de grande parte do país devido à interferência imperialista. A partir de 2011, o país árabe foi um dos principais focos de ataque dos EUA. Várias milícias foram armadas para derrubar o governo Assad, principalmente o Exército Livre da Síria, mas também o próprio Estado Islâmico, a própria Al-Qaeda, que foi renomeada Haiat Tahrir al-Shams (HTS), Forças Democráticas da Síria (lideradas pelos curdos). Lá foi travada a guerra do Eixo da Resistência. De um lado Síria, Irã, Hesbolá, resistência iraquiana e resistência Palestina, auxiliados pela Rússia, do outro o imperialismo.

Em 7 de outubro de 2023 a situação de Assad era de controle de apenas ⅔ do país, com várias regiões dominadas por esses grupos pró-imperialistas, o mais importante sendo a FDS dos curdos, na região mais rica em água e em petróleo. Ou seja, na prática, o país está sob ocupação dos EUA em sua região economicamente mais rica, enquanto a região mais populosa está sobre as massacrantes Sanções Cesar. Ou seja, é uma situação ainda pior que a do Iraque.

A Síria, além disso, faz fronteira direta com “Israel”, as Colinas de Golã são um território sírio ocupado pelos sionistas em 1967. Os israelenses também estão bombardeando a síria, quase todas devido à intervenção imperialista no país. Nessas condições o governo de Assad aparece muito pouco auxiliando a resistência, mas isso esconde o tamanho de seu apoio.

Primeiro, a Síria é a rota de fornecimento do Hesbolá, esse sim um grupo em guerra direta com “Israel”. Ou seja, grande parte do avanço militar do Hesbolá teve participação dos sírios. Além disso, não fica claro quanto dos armamentos usados pela resistência não é produzido pela própria síria. Um país nesse nível de guerra há mais de uma década certamente desenvolveu uma indústria que pode estar operando a favor dos palestinos sem grandes holofotes. Mas se o auxílio a Palestina não é tão grande quanto as outras frentes, o impacto da Revolução Palestina na Síria foi enorme.

A guerra de libertação nacional síria

Conforme os norte-americanos e os israelenses se enfraquecem na região, o governo Assad trabalha junto aos iranianos e aos russos para ter uma grande vitória. Primeiro, as bases norte-americanos foram atacadas dezenas de vezes pela resistência iraquiana, o que enfraqueceu a posição dos EUA na região. Em relação a “Israel” as Colinas de Golã, invés de se tornarem uma base para atacar a Síria e o Líbano, agora são um dos pontos mais vulneráveis do Estado de “Israel”.

Esse território tende a ser palco de uma enorme batalha de todo o Eixo da Resistência. No mês de setembro começaram a aparecer as notícias de que milhares de iemenitas estavam no sul da Síria preparados para essa batalha. Depois o próprio exército de “Israel” começou a noticiar, a princípio seriam 40 mil tropas da resistência preparadas para invadir e libertar o território controlado por “Israel”. Esta seria a maior derrota do Estado sionista desde a perda da Faixa de Gaza para o Hamas em 2005. E, diante da invasão do Líbano, essa guerra pode começar a qualquer momento.

Assad também avança em um acordo com os turcos para que eles se retirem do território da Síria que ocupam no norte, a pressão dos russos está sendo crucial nesse processo. Já os territórios dominados tanto pelo HTS quanto pelos curdos começam a ter enormes crises políticas, fica claro que o imperialismo começa a perder o controle de suas milícias diante do fortalecimento do governo Assad. Um fator importante é que ele voltou a ser aceito em todas as organizações internacionais árabes, uma enorme vitória da resistência.

O principal avanço militar foi o do que são chamadas tribos, uma população rural tradicional. Em agosto de 2024, o movimento tribal iniciou uma enorme campanha militar contra as posições dos EUA e dos curdos. O governo Assad apoiou o movimento, isso começou a desestabilizar a dominação norte-americana, que até então não estava sob grandes ataques. Esse acontecimento também tem um aspecto político.

Em setembro a conferência nacional das tribos foi realizada e nele aconteceu uma enorme reviravolta política. Com a participação enorme de 10 mil representantes, as tribos passaram em massa a defender o governo Bashar al-Assad. Ou seja, a população da síria que estava em disputa com as forças pró-imperialista percebeu com quase um ano de guerra na Palestina que era preciso se unificar em torno a resistência. É o prenúncio de uma enorme derrota do imperialismo.

Nada de grandioso aconteceu no país, mas ao mesmo tempo Assad nunca esteve tão forte desde de 2011. A Revolução Palestina fez o governo avançar em todas as frentes. Internacionalmente Assad está mais forte, menos isolado. No noroeste o HTS está em crise, ao norte a ocupação dos turcos se encaminha para o fim, ao nordeste, região mais importante de todas, o governo dos curdos está em crise e o avanço militar já começou. As bases norte-americanas estão todas reféns dos ataques dos iraquianos. E no quesito “Israel” a ocupação das Colinas de Golã está totalmente ameaçada.

Um último destaque importante é que pela Síria se faz a ponte entre a guerra da Ucrânia e a guerra no Oriente Médio. Os ucranianos passaram a armar os sírios para atacar as bases da Rússia. Isso também permite uma grande escalada dos russos da região, o que modificaria muito a balança a favor dos palestinos.

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