A operação Dilúvio de al-Aqsa, lançada pelo Hamas no dia 7 de outubro, foi um golpe de mestre no Estado de “Israel”, colocou o sionismo em crise existencial. Sendo assim, era inevitável que a maior potência da região, a República Islâmica do Irã, se tornaria cada vez mais poderosa diante das derrotas do imperialismo, mas o que aconteceu após um ano poucos imaginariam. Faltando poucos dias para o aniversário do Dilúvio, o Irã realizou um gigantesco ataque com 180 mísseis balísticos que humilhou o Estado sionista. Essa foi mais uma enorme vitória da Revolução Palestina.
O Irã é a principal potência do Eixo da Resistência, ele é crucial para fornecer armamentos e todo tipo de recurso para todas as organizações. A Força Quds, que foi liderada por Qassem Soleimani até seu assassinato em 2020, é responsável pelo altíssimo nível de organização entre as diferentes organizações que compõe o Eixo. O Irã, no entanto, é o que menos pode atuar diretamente na guerra contra “Israel” devido ao seu tamanho. Caso o Irã declarasse guerra direta contra o sionismo, o imperialismo entraria em guerra direta com o Irã. Isso parece quase inevitável, mas os iranianos preparam o tabuleiro para acontecer da melhor forma possível, com o imperialismo enfraquecido ao máximo.
O Irã, portanto, foi crucial na preparação da operação do Hamas. Logo após seu princípio, ele foi o principal aliado dos palestinos no quesito diplomático. Ele pediu auxílio dos russos, que tem a cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU, para constantemente manter a questão palestina com centro dos debates. Foi também sempre a principal voz em todos os meios diplomáticos, como a Liga Árabe, que o país participa como convidado, e a Organização das Nações Islâmicas. Mas evidentemente o Irã não atuou apenas com a diplomacia.
O Irã entra na guerra
O país auxiliou militarmente todas as frentes da resistência durante esse um ano de guerra. Ele sofreu todo tipo de retaliação por isso. Mais sanções econômicas do imperialismo e mais assassinatos do Estado de “Israel”. O principal alvo dos sionistas são os membros da Guarda Revolucionária Islâmica, principalmente os que atuam na Síria, um país constantemente bombardeado por “Israel”. Mas o Estado de “Israel” cometeu um atento muito pior do que esses assassinatos no mês de janeiro, organizou um ataque terrorista na procissão de homenagem ao mártir Soleimani. As bombas assassinaram mais de 100 pessoas!
Esse foi o primeiro momento que o Irã decidiu agir. No dia 15 de janeiro, a República Islâmica atacou alvos israelenses com mísseis balísticos, mas todos eles estavam fora do território sionista. O principal deles era uma base do Mossad no Curdistão iraquiano. Foi uma gigantesca demonstração de força do Irã e um primeiro sinal de que a situação estava mudando, que a fraqueza de “Israel” e do imperialismo permitiria ataques diretos do Irã ao Estado sionista. O evento, que hoje parece pequeno, foi muito marcante naquele momento.
O segundo ataque, que ficou muito mais famoso, aconteceu no dia 14 de abril. Os sionistas duas semanas antes assassinaram vários iranianos em um bombardeio ao consulado do Irã na cidade de Damasco, na Síria. Na prática, foi um ataque direto de “Israel” ao solo do Irã, não era mais uma operação disfarçada, agora era necessário realizar a retaliação direta. Esse foi o grande ponto de virada da situação política, o segundo momento mais importante da guerra após o próprio dia 7 de outubro.
O Irã disparou centenas de drones e diversos mísseis de diferentes tipos diretamente contra o Estado de “Israel”. A operação foi um golpe de mestre. Ela demorou horas, o que levou toda a atenção do mundo para o Irã, obrigou o imperialismo e países árabes a atuarem de forma conjunta para proteger “Israel”, mostrando quem defende o genocídio em Gaza. E mais importante, atingiu diretamente a base mais protegida de todo o Estado de “Israel”. Foi apenas um aviso, mas o Irã mostrou para o mundo que ele era de fato capaz de atingir qualquer ponto do Estado sionista e também qualquer uma das muitas bases dos EUA na região. O ataque foi tão poderoso que “Israel” não conseguiu retaliar.
No entanto, a situação do imperialismo não permite derrota. Assim, eles decidiram dobrar a aposta em uma contra-ofensiva. O Estado de “Israel” então assassinou o principal líder do Hamas, Ismail Hanié, em solo iraniano. Agora o Irã deveria cumprir sua promessa novamente e atacar “Israel”. No entanto, a estratégia do Eixo da Resistência naquele momento ainda era de tentar manter a guerra nos termos em que ela acontecia, quase que apenas na Palestina. Ou seja, o Irã tentou armar um ataque que contornasse a contra-ofensiva do imperialismo, mas isso se mostrou impossível.
Em meados de setembro essa ofensiva se ampliou ainda mais. O Estado de “Israel” iniciou uma série de ataques contra o Hesbolá, com o ataque terrorista dos bipes, e depois começou a bombardear todo o Líbano. O ápice foi o assassinato do principal líder do Hesbolá, Hassan Nasseralá. Neste momento ficou claro para o Irã que não era mais possível esperar, seria necessária uma retaliação imediata. Eis que no dia 1 de outubro sirenes tocaram em todo o território de “Israel”. 180 mísseis estavam sendo disparados do Irã para atingir diversas bases militares, em menos de 15 minutos a maior parte deles atingiu seu alvo.
A operação Promessa Cumprida II não foi apenas um aviso, ela foi uma gigantesca demonstração de força. O Irã atingiu diversas bases israelenses, destruiu os caríssimos jatos F-15 e F-35 usados nos bombardeios genocidas de Gaza e do Líbano. E mandaram uma mensagem clara: se a ofensiva imperialista continuar, o Irã irá atacar todo o Estado de “Israel” e todas as bases dos EUA na região. Ou seja, quando o imperialismo assumiu totalmente a guerra ao atacar o Líbano, o Irã também entrou em ação.
Menos de uma semana se passou deste ataque e ainda não está claro qual será a reação do imperialismo. Mas o Irã se mostrou como o grande nêmesis dos sionistas, ou seja, o grande aliado dos palestinos. A Revolução lançada pelo Hamas no dia 7 de outubro fortaleceu o regime revolucionário iraniano surgido em 1979. A luta dos oprimidos é uma luta internacional e a questão palestina, acima de qualquer outra, deixa isso muito claro.