Após 15 dias de conflitos entre o partido revolucionário libanês Partido de Alá (“Hesbolá”, em árabe) e o enclave imperialista de “Israel”, mais de mil pessoas foram mortas e seis mil ficaram feridas, conforme estatísticas divulgadas pelo Ministério da Saúde do Líbano, fazendo deste o maior conflito no país desde a Segunda Guerra de 2006. Um dos mortos foi o líder do Hesbolá Sayyed Hassan Nasseralá, uma das principais figuras do Eixo da Resistência contra a ocupação sionista da Palestina.
Em uma operação que envolveu serviços de inteligência e ação militar, o ataque provocou reações imediatas na região e coloca em evidência a articulação das potências imperialistas para consolidar um avanço militar no Líbano. Segundo fontes ligadas ao Hesbolá, a resposta será dura, indicando que a resistência não foi derrotada e se prepara para um possível confronto terrestre com “Israel”.
A declaração oficial do Hesbolá expressa luto pela perda do líder, mas também reforça que nada muda na estratégia geral da luta do partido libanês contra o sionismo: “perdemos um irmão querido e um líder amado por nossos combatentes, que encontravam conforto nele e ele neles. Estamos prontos para o confronto terrestre com o inimigo e conduziremos a batalha de acordo com nossos planos”, declarou o movimento. Essas palavras demonstram a disposição do grupo para seguir com a luta, mesmo em condições adversas e após a perda de sua principal liderança.
O assassinato de Nasseralá foi seguido por uma série de ataques a outras figuras políticas e militares da resistência. Entre as vítimas, estavam membros do Comitê Central do Hesbolá e dirigentes da Frente Popular de Ação da Palestina e do Hamas.
A coordenação entre essas ofensivas indica um planejamento meticuloso e um envolvimento mais amplo das potências imperialistas. “Isso não é apenas obra do Mossad, estamos falando de uma operação coordenada pelos Estados Unidos, Inglaterra, França e Alemanha”, comentou o presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, durante debate com o comandante Robinson Farinazzo (que pode ser assistida nesse link). O Mossad, segundo Pimenta, é apenas um executor menor dentro de um aparato de espionagem e terrorismo de Estado, articulado pelos países mais desenvolvidos.
O avanço israelense no Líbano também não se limita aos assassinatos seletivos. Em paralelo ao ataque que vitimou Nasseralá, as forças de ocupação lançaram uma ofensiva contra as regiões do sul libanês, evidenciando a preparação para uma invasão em larga escala. “Matar o secretário-geral do Hesbolá e liquidar o Comitê Central é uma ação que só poderia ser feita como preparação para a invasão terrestre do Líbano, que está em andamento neste momento”, afirmou um especialista. A operação, que conta com apoio direto dos Estados Unidos e da Inglaterra, parece ser parte de uma estratégia mais ampla para desestabilizar e fragmentar a resistência na região.
Diante do cenário atual, a resistência libanesa e palestina enfrenta uma ameaça sem precedentes. A morte de suas lideranças e o avanço militar israelense indicam que a situação está em um ponto crítico. No entanto, o Hesbolá afirma que sua estrutura está preparada para continuar a luta, mesmo após as perdas. O movimento já havia se preparado para situações como essa, garantindo que cada comandante tem um vice pronto para assumir a posição em caso de morte, como ocorreu agora.
A ofensiva imperialista, porém, não se restringe ao Líbano. Desde abril de 2024, o Irã vem sendo pressionado por uma série de ataques. Segundo o comandante Farinazzo, o ataque iraniano contra “Israel”, realizado naquele mês, foi percebido como uma demonstração de fraqueza pelo governo de Benjamin Netaniahu. “O Irã passou um sinal de fraqueza com o ataque pífio que realizou contra ‘Israel’. Desde então, foi ladeira abaixo, com a morte de Nasseralá e agora com a possibilidade de liquidarem outras lideranças. Se o Irã não reagir de forma contundente, isso pode dar fôlego para que Israel e o imperialismo façam uma revolução interna e desestabilizem completamente o regime iraniano”, analisou o Farinazzo.
A atual ofensiva militar e política demonstra o grau de organização e influência do imperialismo na região. A cooperação entre Estados Unidos, Inglaterra e “Israel” para eliminar lideranças da resistência é um reflexo claro da tentativa de reordenar o equilíbrio de poder no Oriente Médio, fragilizando movimentos como o Hesbolá, o Hamas e a própria estrutura de apoio do Irã. “O imperialismo não tem outra alternativa a não ser seguir com os ataques. A economia israelense está em colapso, e eles precisam de uma vitória militar para fortalecer internamente o governo”, ressaltou Pimenta.
Em meio à ofensiva, o Irã, que até então vinha desempenhando um papel central no suporte à resistência, também mostra sinais de vulnerabilidade. “O Irã é o elo mais fraco dessa corrente, pois é um país enorme e há décadas visado pelos países imperialistas. Eles têm vários espiões infiltrados lá e, por isso, o país está mais vulnerável a ataques e sabotagens”, completou Farinazzo.
Apesar dos fenômenos observados por Farinazzo, o Hesbolá e o Hamas garantem que continuam a lutar e que estão preparados para uma batalha prolongada. Indícios disso são vistos nas intensas operações contra as tropas israelenses no sul do Líbano. Em um dos mais recentes confrontos, combatentes do movimento libanês atacaram um grupo de militares israelenses que se deslocava por uma faixa florestal próxima às localidades de Aadaysit e Kfarkela, na zona de fronteira. “Os lutadores da resistência islâmica atacaram um grupo de tropas israelenses que estava se movendo em uma faixa florestal em frente às localidades de Aadaysit e Kfarkela”, afirmou o partido revolucionário libanês em comunicado.
Nos últimos 15 dias, mais de mil pessoas foram mortas e seis mil ficaram feridas, segundo estatísticas divulgadas pelo Ministério da Saúde do Líbano. Esse é o maior número de vítimas registrado desde a Segunda Guerra do Líbano, em 2006, evidenciando a violência da atual ofensiva sionista. O movimento, no entanto, permanece firme e pronto para a possibilidade de uma invasão terrestre por parte das forças israelenses.
Naim Qassem, vice-líder do Hesbolá, declarou que o movimento está preparado para enfrentar um confronto em larga escala e que não se renderá diante das investidas. “Se Israel decidir realizar uma operação terrestre, as forças da resistência estarão prontas para uma invasão. Nós nos preparamos e, com a ajuda de Deus, estamos confiantes de que o inimigo israelense não atingirá seus objetivos e venceremos esta batalha,” afirmou Qassem. Além disso, ele garantiu que o apoio a Gaza continuará, mesmo diante das adversidades.
A ofensiva israelense, que resultou na morte de Nasseralá, também vitimou Ali Karaki, comandante da frente sul do movimento, e Abbas Nilforoushan, comandante sênior do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC), bem como outros membros próximos à liderança do Hesbolá. Qassem enfatizou que, apesar das perdas, o movimento segue determinado a manter suas operações e fortalecer a resistência contra a ocupação.
Essa sequência de ataques e a resposta do Hesbolá indicam que a situação está longe de se estabilizar. Com a liderança reorganizada e os combatentes mobilizados, a resistência libanesa demonstra que não pretende recuar, mesmo diante de uma possível nova invasão israelense.
A capacidade de resistência das organizações será testada nos próximos dias, conforme o confronto terrestre no sul do Líbano se intensificar e o cerco se fechar ainda mais em torno das lideranças políticas e militares da resistência.
Seja qual for o desfecho, a escalada de violência no Líbano e a reação dos movimentos de resistência terão implicações profundas para toda a região. A invasão do Líbano, caso se concretize, acirrará ainda mais a disputa entre as potências imperialistas e os movimentos de resistência que há anos buscam expulsar os invasores sionistas da região.