Com a ameaça de uma greve, o sindicato de 45 mil trabalhadores portuários e a aliança que representa os portos da Costa Leste e do Golfo dos EUA trocaram propostas salariais, oferecendo uma esperança de acordo antes de uma paralisação. A U.S. Maritime Alliance propôs um aumento salarial de 50% ao longo de seis anos, além de triplicar as contribuições dos empregadores para planos de aposentadoria. O sindicato International Longshoremen’s Association (ILA) ameaça entrar em greve à meia-noite de terça-feira (1), o que pode afetar metade da carga movimentada nos portos dos EUA.
A greve poderia ter um impacto imediato na cadeia de suprimentos do país, levando ao aumento de preços e atrasos na entrega de mercadorias. Produtos perecíveis, como bananas, seriam os primeiros afetados, já que os portos ameaçados movimentam 75% da oferta de bananas dos EUA. O fundador da empresa Pro3PL alertou que os efeitos da greve podem se estender até 2025, prejudicando tanto o comércio doméstico quanto o internacional, especialmente com o Reino Unido.
O sindicato exige salários mais altos e um banimento total da automação nas operações portuárias. Se a greve for considerada uma ameaça à economia, o presidente Biden poderia pedir um período de suspensão de 80 dias com base no Ato Taft-Hartley, mas ele já indicou que não pretende intervir, apoiando a negociação coletiva. Apesar da pressão crescente, Biden e sua equipe encorajam ambas as partes a continuar negociando, sem usar o Taft-Hartley para interromper a greve, a poucas semanas de uma eleição presidencial importante.
O indicativo de que Biden poderia usar a medida ditatorial contra a greve mostra como ela é perigosa. O fato é que nos EUA há uma tendência enorme de mobilização da classe operária. A greve da Boeing já está sendo um enorme problema, agora os portuários. Um destaque é que são categorias tradicionalmente operárias que se mobilizam.