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Eleições parlamentares

Extrema Direita ganha também na Áustria

Vitória da extrema direita e crescimento da esquerda mais radical é uma expressão mundial da falência do chamado centro político

No último domingo (29) aconteceram na Áustria as eleições parlamentares onde a extrema direita teve quase 30% dos votos. O principal candidato do partido, Herbert Kickl, disse que a sigla deu início a uma “nova era” após a vitória inédita no fim de semana.

O Partido Liberdade – FPÖ, sigla em alemão – conquistou 29,2% dos votos segundo resultados provisórios — quase três pontos a mais do que o conservador Partido Popular Austríaco (ÖVP), que chegou a 26,5%. O partido Social Democrata, da oposição, marcou seu pior resultado de todos os tempos – 21% – enquanto o liberal NEOS obteve cerca de 9%.

Essas eleições são bastante significativas. É primeira vez que a extrema direita vence as eleições na Áustria depois do nazismo. Por outro lado a questão curiosa é o crescimento do Partido Comunista da Áustria (KPO, na sigla em alemão) que teve sua maior votação desde 1962. O KPO e o apolítico Beer Party pareciam improváveis ​​de superar a barreira dos 4% para representação. A participação foi alta, cerca de 78%.

Usando o apelido de “chanceler do povo”, o mesmo usado antigamente para descrever o austríaco Adolf Hitler, Herbert Kickl disse que estava pronto para formar um governo com “todos e cada um” dos partidos no parlamento. “Escrevemos um pedaço da história juntos hoje”, ele disse aos apoiadores do partido em Viena. “Abrimos uma porta para uma nova era.”

De acordo com o jornal britânico The Guardian, em seu comício final no centro de Viena na sexta-feira, Kickl arrancou aplausos da multidão que protestava contra as sanções anti-Rússia da UE, “os esnobes, diretores e sabichões”, ativistas climáticos e “drag queens nas escolas e a sexualização precoce de nossas crianças”. Outro ponto que também é decisivo em sua campanha é política antimigração, ou deportação forçada de pessoas “que acham que não precisam jogar pelas regras” da sociedade austríaca.

Ainda segundo o Guardian, por não ter conseguido obter a maioria absoluta, o FPÖ precisará de um parceiro para governar. Ao contrário dos outros partidos centristas, o ÖVP não descartou cooperar com a extrema direita no próximo governo, como fez duas vezes no passado em alianças que quebram tabus em nível nacional.

Na Itália, a premiê Giorgia Meloni lidera uma coalizão de direita, à frente do partido Irmãos da Itália, de extrema direita. Na Alemanha, a extrema direita AfD ficou em primeiro lugar em eleição no Estado da Turíngia no mês passado.

Na Holanda o Partido pela Liberdade, de Geert Wilders, também liderou o resultado de eleições, porém desistiu de ser primeiro-ministro para que fosse possível costurar uma coalizão que permitisse formar um governo. Na França, o Reunião Nacional, de Marine Le Pen, foi vitorioso na eleição de junho para o parlamento europeu.

A vitória do Partido Liberdade é um reflexo claro da insatisfação popular as crises econômicas implementadas no país pelos direitistas tradicionais. O avanço do Partido Comunista tem o mesmo sentido. A crise europeia atualmente se dá muito por conta da subordinação dos partidos tradicionais ao imperialismo, principalmente norte-americano. As sanções econômicas contra Rússia estão colocando a população de joelhos e passando dificuldades financeiras.

Durante a transmissão da Análise Política Internacional da última segunda-feira (30), o presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO) Rui Costa Pimenta, destacou que essa situação é coerente com um deslocamento constante do regime político à extrema direita, o que estamos vendo em praticamente todas as eleições pelo mundo. “A extrema direita cresce, o chamado “centro político” entra em colapso, resultado da política que estão seguindo em vários lugares, resultado do neoliberalismo também. E há também uma tendência de crescimento da esquerda, o que é menos sólido” – aponta Pimenta.

Para o dirigente do PCO, e esquerda brasileira deveria analisar essa eleição com extrema importância, e “profunda preocupação. Segundo ele, essa está sendo a política levada adiante pelo governo do PT atualmente. “A política do Lula, a política do PT é de aliança com esses setores falidos, frente com os falidos. Então, os falidos caem cadê vez mais, e extrema direita capitaliza, porque uma boa parte da esquerda mundial, não consegue se livrar dos falidos”, esclarece Pimenta.

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