Quem não deixa levar pela campanha que a direita faz através, principalmente, do Partido da Imprensa Golpista (PIG), e das suas pesquisas que buscam induzir o eleitor sobre em que se deve ou não votar, percebe claramente a tendência de predomínio da direita nas eleições do próximo dia 6.
A poucos dias das eleições municipais, as expectativas mais realistas, bem como as tradicionalmente manipuladas pesquisas eleitorais, apontam, por um lado, para um fortalecimento eleitoral e político da extrema direita bolsonarista, que deve ganhar ou ir para o segundo turno em até mais de uma dezena de capitais, além de conquistar centenas de prefeituras, e da direita golpista – defensora da “terceira via” – que, apesar da sua crise e enorme rejeição popular, deve manter em seu comando milhares de prefeituras.
Por outro lado, de um modo geral, a situação aponta para um retumbante fracasso eleitoral da esquerda pequeno-burguesa e parlamentar e da sua política de frente ampla, pela qual o maior partido do País, o PT, detentor do mandato presidencial, deve sair com um dos menores totais de prefeitos de capitais e grandes cidades das últimas décadas.
É o resultado de sua política de “ceder a vez” e apoiar candidatos de moribundos e “renovados” partidos da direita, golpistas e oportunistas “de esquerda”.
Com tal política, essa esquerda realizou uma das mais reacionárias campanhas eleitorais dos últimos tempos, com vários de seus candidatos defendendo um programa típico da direita, como o aumento da repressão do povo, apoiando o imperialismo contra os povos oprimidos (“ditadura na Venezuela”, “terrorismo do Hamas” etc.), fazendo promessas que nunca serão cumpridas, com destaque para a chapa “esquerdista” que apoiou o golpe de Estado (2016) formada por Boulos (PSOL) e Marta Suplicy (por hora no PT), em São Paulo.
Essa política de nada serviu para conter a pressão reacionária da burguesia e da sua imprensa sobre o governo Lula e deve levar a um aumento desse cerco. A direita e os partidos tradicionais da burguesia, que se apoiaram em Lula e no PT e tiveram seu apoio em diversas cidades importantes (Rio de Janeiro, Recife, Salvador, Curitiba e muitos etc.) vai – com certeza – apresentar a conta e cobrar mais do governo (cargos, novos apoios etc.), buscar impor seu interesses diante da crise e, se preciso, buscar criar condições para derrubar Lula, antes ou em 2026; como parte da onda golpista que avança em toda a América Latina.
A “festa da democracia” não fez a direita reduzir nem um milímetro os ataques contra o povo. Pelo contrário, intensificaram-se as violações dos direitos democráticos (como a censura no X que atingiu mais de 20 milhões); a degradação ambiental (com recorde de queimadas); a repressão, com o assassinato de índios e sem terra e da população pobre e negra, e a roubalheira de todo o País, com o início de uma nova onda de aumento da taxa de juros em favor dos bancos. Além do recrudescimento dos ataques do imperialismo em todo o mundo, contra os povos oprimidos com mais guerras e golpes.
Nós, do PCO, que nos opusemos à política de conciliação e capitulação da maioria da esquerda, enfrentamos um pesado bloqueio, perseguição e duros ataques. Estamos realizando uma campanha de luta, da qual nosso Partido sai muito fortalecido, com crescimento numérico e político de sua militância, da audiência e do apoio crescente que conquista entre uma importante parcela dos explorados. Independentemente dos manipulados resultados eleitorais que são em grande medida fabricados pelo sistema eleitoral antidemocrático no qual o PCO e outros 14 partidos estão quase que totalmente alijados da propaganda no rádio e na TV, dispomos de recursos insuficientes para a campanha eleitoral em uma única cidade de médio porte para ter que atender a campanha de quase duas centenas de candidatos em todo o País e somos alvos de todo tipo de bloqueio e ataque por parte da direita.
Além do esforço da militância classista na reta final na defesa das candidaturas de luta dos trabalhadores e da juventude, é preciso preparar – desde já – um debate sobre o balanço desta jornada, diante da crise que tende a se acirrar no próximo período e da necessidade de superar o retrocesso da esquerda, da política das direções atuais diante dos grandes enfrentamentos que se aproximam.