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Brasil

Em vez de investir na Educação, mais repressão!

Impedir aluno de levar celular para a escola é mais um atentado aos direitos democráticos grotesco

O artigo Uma escola sem celular é possível, publicado na Folha de S.Paulo, é mais um daqueles textos grotescos dispostos a defender a repressão como única forma de resolver os problemas sociais. Assinado por uma tal Priscila Bacalhau, que se apresenta como “doutora em economia, consultora de impacto social e pesquisadora do FGV EESP CLEAR, que auxilia os governos do Brasil e da África lusófona na agenda de monitoramento e avaliação de políticas”, o artigo defende a proibição de aparelhos de telefone celular por estudantes!

Depois de dois parágrafos de enrolação, ela afirma que:

“Nem precisaria de muitos estudos científicos para identificar que o uso irrestrito do celular por crianças e adolescentes está relacionado com mais distrações, menor poder de concentração, além de casos de bullying e problemas como depressão e ansiedade. Mas os estudos já existem e os resultados são alarmantes sobre os efeitos em aprendizado e saúde mental.”

O início da colocação já esclarece a farsa – “nem precisaria de muitos estudos científicos”. Ela já revela que quer estabelecer uma lei não por meio de um estudo de fato, mas por causa de uma opinião. Por causa do senso comum. Fato é que, antes de tudo, se esse é o argumento da autora, ela teria de esclarecer que estudos são esses, o que é um “uso irrestrito” e como, de uma maneira concreta, afeta os estudantes. Não há, por exemplo, um único estudo que comprove de maneira definitiva que o uso do celular cause depressão.

Outro aspecto bastante preocupante da afirmação da autora é que o tal do bullying não causaria um efeito no organismo dos alunos, como ela dá a entender ao falar de depressão e ansiedade, mas sim um efeito na interação social. Provar isso seria ainda mais complexo. Sem falar que nem mesmo o termo bullying denomina algo concreto – é, na verdade, um termo estrangeiro que vem sendo utilizado para a implementação de medidas repressivas.

Mas se é científico ou não – embora esteja de que não de científico nas considerações de Bacalhau – não é o maior problema de sua concepção. O maior problema é que, em um regime democrático, o resultado de investigações científicas não pode se sobrepor aos direitos de uma população. Por mais que ficasse provado que o uso de celular nas escolas cause algum mal, não estaria justificado impedir que os alunos o usassem.

Que essa é a concepção de Bacalhau, fica claro quando ela apoia uma medida do governo federal para restringir o uso do celular. Diz ela:

“Agora, a intenção do governo Lula é expandir esse tipo de restrição em nível nacional. Segundo o ministro Camilo Santana, o projeto de lei, que deve ser apresentado em outubro, oferecerá segurança jurídica aos entes subnacionais para implementar as restrições em suas redes de ensino. É uma decisão acertada. Pode parecer radical, mas vai ao encontro das evidências encontradas e de experiências bem-sucedidas. A ação coordenada importa. Se, em uma escola, apenas alguns pais não permitem que seus filhos levem celular, é possível que haja efeitos negativos para os jovens que estão sendo privados de uma importante via de sociabilização de sua geração. Mas, se ninguém na escola está trocando mensagens e vídeos durante o período escolar, constrói-se um ambiente que propicia outras formas de socializar, além de reverter os efeitos perversos na concentração.”

Com base neste mesmo discurso, há pouco tempo, a esquerda pequeno-burguesa defendia que a população fosse obrigada a tomar vacina contra a COVID-19. Não tardou para que viessem à tona várias denúncias que mostraram que as vacinas poderiam causar mil e um efeitos colaterais, ao contrário do que diziam as “evidências encontradas e de experiências bem-sucedidas”. Sem falar que a implicação disso para os direitos democráticos em geral seria tremenda. Se uma escola pode restringir o uso do celular pelo “bem” do adolescente, por que o Estado não pode proibir que alguém fume um cigarro pelo seu “bem”?

Enquanto todas as “verdades científicas” de araque aparecem para justificar um ataque aos direitos democráticos, uma verdade de fato aparece na cara de toda a população, mas a autora ignora. As escolas brasileiras estão completamente arruinadas. Falta todo tipo de estrutura, as salas são superlotadas, os professores recebem uma mixaria. A situação da Educação no Brasil é falimentar. Ao mesmo tempo em que a situação econômica das famílias é arrasadora. Nessas condições, quem realmente vai ter “concentração” para estudar?

Colocar a culpa no celular acaba sendo, no final das contas, uma grande picaretagem. Que não apenas restirnge direitso, como ainda mascara o real motivo pelo qual a Educação vai de mal a pior.

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