O presidente da Rússia, Vladimir Putin, aumentou o tom contra o imperialismo, afirmando que expandirá a doutrina nuclear de seu país para abranger ataques contra seu país utilizando tecnologia de mísseis avançados oriunda de países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), o braço armado das potências imperialistas. “A agressão contra a Rússia por qualquer Estado não nuclear (…) apoiado por uma potência nuclear deve ser tratada como um ataque conjunto”, disse o mandatário russo, durante reunião televisionada do Conselho de Segurança da república russa na última quarta-feira (25), acrescentando: “nos reservamos o direito de usar armas nucleares em caso de agressão contra a Rússia e Belarus”.
Atualmente, a doutrina nuclear russa estabelecida em decreto de Putin de 2020 diz que armas nucleares poderão ser usadas no caso de um ataque nuclear por um inimigo ou um ataque convencional que ameace a existência do Estado. Há meses, no entanto, o presidente ucraniano Vladimir Zelenskiy vem pedindo que os mísseis de longo alcance norte-americanos e britânicos sejam usados para atacar o território russo. O avanço gradual russo no leste ucraniano tem feito a ditadura fantoche da OTAN perder cidades para as forças russas, fazendo com que o mandatário ucraniano requisitasse ao imperialismo que cruzasse as chamadas “linhas vermelhas” da Rússia.
“A Rússia não tem mais nenhum instrumento para intimidar o mundo além da chantagem nuclear”, disse o chefe de gabinete de Zelenskiy, Andriy Yermak, em resposta aos comentários de Putin, acrescentando ainda que “esses instrumentos não funcionarão”. Putin, por sua vez, tem alertado que a ditadura mundial e a Ucrânia estão arriscando uma guerra global.
A situação se complica ainda mais com as recentes deliberações das potências ocidentais sobre o envio de armamentos avançados para a Ucrânia. A possibilidade de fornecimento de mísseis Storm Shadow, que possibilitariam ataques mais profundos no território russo, foi considerada uma escalada significativa. Em resposta a essa perspectiva, Putin deixou claro que um ataque à Rússia, mesmo que realizado com armamentos convencionais, poderia ser tratado como um ato de agressão justificado por uma resposta nuclear. Essa nova diretriz, segundo analistas, poderia redefinir a forma como a Rússia interpreta as ameaças e, consequentemente, suas opções de resposta.
Putin ainda enfatizou que a proteção de Belarus, seu aliado mais próximo, seria igualmente defendida por seu arsenal nuclear, destacando a interdependência da segurança entre os dois países. “Consideraremos um ataque contra Belarus como um ataque à Rússia”, afirmou, estabelecendo um novo patamar para a interpretação de agressões no contexto da guerra. As implicações dessa afirmação são imensas, pois colocam um peso adicional sobre os ombros da OTAN e de seus aliados.
Em sua retórica, Putin tem se esforçado para reverter a narrativa de que o uso de armamentos nucleares seria uma resposta desesperada. A ideia de que a Rússia tem o direito de utilizar tais armas em resposta a uma agressão, seja ela nuclear ou convencional, reflete a tentativa do Kremlin de estabelecer uma posição de força em um cenário internacional volátil. A reavaliação da doutrina nuclear russa é, portanto, um passo estratégico para criar uma zona de incerteza em torno das intenções da Rússia, desencorajando qualquer intervenção direta dos aliados ocidentais.
As informações e declarações dos últimos meses indicam que a Rússia está se preparando para um cenário de escalada, onde a linha entre um ataque convencional e uma resposta nuclear se torna cada vez mais turva. Especialistas em segurança afirmam que essa mudança na doutrina pode abrir precedentes perigosos, uma vez que a interpretação do que constitui “agressão” pode variar amplamente. Além disso, a possibilidade de que países que apoiam militarmente a Ucrânia sejam considerados participantes de uma agressão contra a Rússia gera um ambiente tenso que pode culminar em uma resposta militar desproporcional.
Os líderes imperialistas estão cientes do risco de que um escalonamento descontrolado possa resultar em um conflito que ultrapasse as fronteiras da Ucrânia. Contudo, a pressão para apoiar a Ucrânia com armas e recursos financeiros não mostra sinais de diminuição. O desafio será equilibrar o suporte a Quieve sem provocar uma reação mais agressiva de Moscou.
Concluindo, a atual configuração geopolítica e as preparações da Rússia para um uso potencial de armas nucleares indicam que a guerra na Ucrânia pode estar se aproximando de um ponto de inflexão crítico. A tensão crescente entre a Rússia e as potências ocidentais sugere que as condições estão se reunindo para um confronto de grandes proporções, onde a linha entre a guerra convencional e nuclear se torna cada vez mais tênue. Os próximos passos tomados por ambas as partes serão cruciais para determinar não apenas o futuro da Ucrânia, mas também a estabilidade global em um cenário já marcado pela incerteza e pelo medo.