Chegou ao conhecimento de nossa redação a denúncia de que o latifundiário Guilherme Maranhão estaria contratando agentes da Polícia Militar do estado de Alagoas para uma investida contra camponeses posseiros do Engenho do Barro Branco, localizado no município pernambucano de Jaqueira. A denúncia, feita pelos camponeses, foi publicada originalmente na página do Comitê de Apoio à Luta dos Posseiros de Barro Branco no Instagram.
Conforme publicado na página citada, há rumores de que os policiais contratados iriam realizar um ataque contra os posseiros na noite dessa quinta-feira (25). Até o fechamento desta edição, contudo, nenhum ataque havia sido registrado.
O município de Jaqueira, situado na fronteira de Pernambuco e Alagoas, é uma das regiões onde a luta pela terra se encontra mais acirrada na região Nordeste. Cada vez mais, o enfrentamento entre latifundiários e sem terra e camponeses posseiros adquire um caráter de guerra civil.
O Engenho do Barro Branco é um dos principais palcos dessa luta. “Nos últimos meses, os camponeses de Barro Branco, posseiros e verdadeiros donos das terras registradas no nome da escravocrata e fraudaria usina Frei Caneca, têm vivido um verdadeiro Estado de Sítio instaurado pela Polícia Civil do município de Jaqueira-PE”, destaca um artigo do jornal A Nova Democracia, datado de 23 de maio. “O objetivo é amedrontar os camponeses e fazê-los abandonar a luta por aquelas terras, que há mais de século estão sob suas posses”.
Segundo a denúncia dos posseiros, os policiais estão atuando como pistoleiros do latifundiário Guilherme Maranhão, dono da Agropecuária Mata Sul LTDA, que arrenda as terras utilizadas pelos camponeses na zona da mata pernambucana.
De acordo com A Nova Democracia, os camponeses já fizeram mais de uma centena de boletins de ocorrência “denunciando invasões a casas por homens encapuzados com viaturas, ameaças de pistoleiros, agressão físicas e verbais, tortura e envenenamento através de drones”. O Estado, contudo, ignora.
A possível contratação de policias militares para invadir as terras dos camponeses posseiros ocorre em meio a uma série de vitórias que a população local conseguiu contra o latifúndio. Entre elas, a retomada de fontes de água que haviam sido cercadas por uma empresa latifundiária. A ação de Guilherme Maranhão seria, de acordo com os camponeses, uma retaliação às recentes conquistas e uma tentativa de intimidar os posseiros para que não avancem na luta pela terra.
É preciso rechaçar completamente os crimes do latifúndio contra os trabalhadores do campo, bem como prestar solidariedade incondicional à sua luta.