No dia 30 de agosto, em Seul, agentes da Divisão de Investigação de Segurança Nacional da Agência de Polícia Metropolitana invadiram escritórios e residências de membros do Partido Democracia Popular (PDP), organização de esquerda e comunista da Coreia do Sul.
Fundado em 12 de julho de 2016, o PDP condena a presença militar dos EUA na península coreana e lidera campanhas de solidariedade ao povo palestino, além de denunciar o regime ucraniano.
O governo sul-coreano intensifica a repressão à esquerda e aos movimentos trabalhistas, levando o país a um regime cada vez mais autoritário, segundo denúncia do PDP. A “Lei de Segurança Nacional”, vigente até hoje, proíbe manifestações favoráveis à “reunificação da pátria” e ao “socialismo”. Frequentemente, quem viola essa lei é acusado de “colaborar com o Norte” e conspirar para derrubar o Estado. Sob esse pretexto, as autoridades sul-coreanas invadiram as instalações do PDP.
Segundo o partido, “as autoridades de segurança pública fizeram acusações absurdas, vinculando o PDP à Aliança Coreana pela Reunificação Independente e Democracia (Aliança Coreana), que foi dissolvida há oito anos, não existe mais e possui propósitos e composição organizacional diferentes. Detiveram violentamente membros do partido não incluídos no mandado, cometendo abusos ilegais e contrários aos direitos humanos”.
O presidente do PDP, Lee Sang-hoon, declarou: “O fim de Yoon Suk Yeol está visível. […] Inúmeros camaradas foram presos com base na Lei de Segurança Nacional”. Sobre a política atual do país, afirmou: “com o Partido Democrata (Coreano) assumindo a maioria, discute-se a dissolução da Assembleia Nacional, o que significaria implementar a lei marcial para oprimir o povo. Não temos medo do confisco. A ordem de confisco veio dos EUA”.
Diante desse ataque aos direitos democráticos, o PDP alertou Yoon Suk Yeol: “fascistas anteriores na República da Coreia encontraram seu fim por assassinato, impeachment ou prisão. Yoon Suk Yeol, causa da guerra da ‘República da Coreia’ e provocador no Pacífico Ocidental, terá um fim ainda mais terrível, e nosso povo fará isso acontecer. O precedente do regime fascista de Park Geun-hye, que cavou sua própria cova ao reprimir partidos e organizações sociais, prova que a queda de Yoon Suk Yeol está próxima. Onde há opressão, há resistência”.
A repressão a partidos de esquerda com bandeiras anti-imperialistas, defensores da Rússia no conflito com a OTAN, é crescente. Em 2022, a sede do Partido Socialista do Povo Africano (APSP), nos EUA, foi invadida e seus computadores apreendidos, resultando em processos judiciais motivados por perseguição política.
Em solidariedade ao PDP e aos membros detidos, partidos comunistas e organizações de esquerda de diversos países emitiram notas e realizaram protestos em frente às embaixadas da Coreia do Sul.
A desculpa de “segurança nacional” está sendo usada na Coreia do Sul para, sistematicamente, atacar e desmontar todas as liberdades democráticas: o direito à liberdade de expressão, à organização política e à reunião pacífica. Essas ações fazem parte dos preparativos imperialistas para futuras agressões militares no leste asiático. Esse objetivo, reforçado pela formação de alianças militares como a Aukus e pela expansão da OTAN no Pacífico, representa uma grave ameaça à soberania dos povos da região.