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Eleições muncipais

Só a ditadura militar achava ‘democrático’ banir um candidato

A "democracia" da esquerda pequeno-burguesa cada vez mais se parece com a "democracia" do general Costa e Silva

O jornalista e colunista do Brasil 247, Alex Solnik, publicou no último dia 24, um artigo intitulado Chega! Marçal tem que ser banido da eleição, que, como indica o título, defende que o candidato à prefeitura de São Paulo pelo PRTB Pablo Marçal seja excluído do processo eleitoral. O motivo? Solnik decretou que Marçal “não está disputando a cadeira de prefeito, mas desafiando, conspurcando e achincalhando os valores democráticos e impossibilitando a convivência civilizada entre os brasileiros”, como se a candidatura do direitista fosse um fenômeno social tão avassalador que causasse um antes e depois da “convivência entre os brasileiros”. Diz Solnik:

“Espero, ainda, que além de ser excluído dos debates, seja, também, excluído da eleição, porque ele já demonstrou, reiteradas vezes, nunca obedecer às regras do jogo e querer impor as suas próprias regras autoritárias, inspiradas em ditadores sanguinários como Bukele, de El Salvador.”

Ora, mas executará essa tarefa? Dado a falta de escrúpulos demonstrada, é pouco provável que o próprio Marçal se sensibilize com a argumentação do jornalista e retire-se da campanha, sobrando apenas um candidato a atender os anseios de do esquerdista, que é a burocracia judicial. E aí temos o seguinte problema: Marçal é direitista? Sem dúvida. Desagradável? Às vezes. Foi condenado a algum crime que justifique qualquer uma das medidas demandadas por Solnik? Não.

Dessa forma, o que Solnik defende é a política de Jarbas Passarinho, no fatídico 13 de dezembro de 1968 declarou: “às favas com os escrúpulos de consciência”. A frase tornou-se uma das mais emblemáticas do momento que o País vivia e viveria a partir de então, com o decreto do famigerado AI-5, momento em que a Ditadura Militar (1964-1985) mandava seu “às favas”, principalmente, aos limites legais à atuação do Estado, deixando claro que qualquer loucura que passasse pela cabeça dos generais era válida. É praticamente o que defende o autor, descontando-se o fato de que este não é general, mas jornalista, e continua:

“Espero que haja um consenso de que ele não está disputando a cadeira de prefeito, mas desafiando, conspurcando e achincalhando os valores democráticos e impossibilitando a convivência civilizada entre os brasileiros.”

Defender uma medida draconiana e profundamente anti-democrática alegando a defesa “dos valores democráticos” é o cúmulo do cinismo ou da desorientação, mas é exatamente o que faz o jornalista. Os paralelos com a Ditadura Militar mais uma vez caem como uma luva, como se vê na foto abaixo, com a famosa capa do golpista O Globo:

A defesa da “democracia” e dos “valores democráticos”, como se vê, é algo vago o bastante para caber qualquer coisa, inclusive um ditadura fascista escancarada como a que submeteu o povo brasileiro a um regime de terror durante longos 21 anos. Quando a esquerda fala em “saudosos da Ditadura” entre a direita e particularmente entre os bolsonaristas, não é outra coisa que estão criticando, mas a demanda por um regime onde qualquer loucura repressiva podia ser feita, bastava ocorrer a alguém com meios de implementá-la.

Podia ser um general, um juiz ou, como imortalizou Pedro Aleixo, “o guarda da esquina”. Não se sabe de um jornalista que tenha entrado na conta, mas caso tenha ocorrido, certamente não foi um de esquerda.

O problema sobre quem irá implementar não é a única questão a ser levantada, embora seja algo a ser considerado. A mesma esquerda que tanto fala em “democracia”, quando confrontada, tem o péssimo hábito de revelar que a palavra tem para o campo o mesmo valor que tem para a direita.

É uma contradição em termos falar em democracia ao mesmo tempo em que defende algo frontalmente contrário ao que se espera de um regime político minimamente democrático. Tal qual os militares de 1964, tudo em nome da ordem, ou, “pacificação”:

“O país precisa de pacificação para seguir em frente, por isso não se pode aceitar que um candidato de passado nebuloso, sem partido (aliás, um partido envolvido em crimes), sem vereadores e sem propostas exequíveis use uma campanha eleitoral para promover o ódio e incitar a violência.

Espero que, depois das cenas de pugilato de ontem, promovidas e incitadas por ele, os demais candidatos assinem um pacto: se Marçal for ao debate, irá sozinho.”

Aqui, Solnik reúne todos os preconceitos pequeno-burgueses contra o que se espera de um regime democrático tal como concebido pela Constituição brasileira: pluralismo político, liberdade de expressão, equidade de oportunidades,… o jornalista joga tudo na lata de lixo, sem explicar o que sobraria de “democrático” nessa “democracia” à 1964. Nada de debates verdadeiros, com oposição real e principalmente, com política. Quanto mais estéril o debate, menos a debilidade dos mais frágeis aparece, o que favorece tipos medíocres como Guilherme Boulos, apoiado por um setor da esquerda pequeno-burguesa. Aqui reside um aspecto importante de toda a anti-democrática defesa da “democracia” com limites.

“Não há diálogo com quem só conhece a linguagem dos marginais.

Não podemos ficar reféns de um desqualificado que promete conduzir os brasileiros para o abismo.”

A julgar pelo medo de Solnik, a esquerda pequeno-burguesa já está refém.

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