Aguardado por todos os que desejam conhecer mais as últimas novidades sobre a China e o confronto cada mais radicalizado contra o imperialismo, o programa especial Diário de Viagem será exibido na próxima quinta-feira (26), às 12h30, no canal Causa Operária TV, apresentado por Rui Costa Pimenta, presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO). No especial, Pimenta compartilhará as experiências da delegação do partido durante sua visita ao país asiático, onde foram convidados pelo Diário do Povo, órgão de imprensa do Partido Comunista Chinês.
Em Chengdu, capital da província de Sichuan, os representantes participaram do Fórum de Cooperação de Mídia, um encontro significativo para fortalecer a luta da imprensa contra o imperialismo. Essa visita ocorre em um momento em que é importante revisitar a trajetória da China, especialmente seu desenvolvimento nuclear, que, desde a dependência inicial da ajuda soviética até a afirmação de sua autonomia, reflete os desafios e triunfos do país em sua busca por segurança e soberania.
Poucos anos após o Partido Comunista Chinês (PCCh) consolidar o governo revolucionário da República Popular da China, em 1949, estoura a primeira crise de Taiuan, entre 3 de setembro de 1954 e 1º de maio de 1955, um breve conflito armado entre o país e a República da China, um reduto do regime pró-imperialista do partido Kuomintang, liderado pelo presidente deposto após a Revolução de 1949, Chiang Kai-shek. No desenrolar do conflito, o governo dos EUA ameaçou usar armas nucleares na província de Fuquiém, do outro lado do Estreito.
Até então, o líder chinês, Mao Tsé-Tung, considerava as armas nucleares “um tigre de papel que os reacionários americanos usam para assustar as pessoas”. Após a ameaça, no entanto, o dirigente chinês mudou sua posição para: “no mundo de hoje, se não quisermos ser intimidados por outros, devemos ter armas atômicas por todos os meios”. Ainda em 1954, o gigante asiático iniciava seu programa nuclear, contando com ajuda da União Soviética para isso.
A ajuda da União Soviética, inicialmente tida como crucial para o desenvolvimento nuclear da China, logo se revelou um engodo. O apoio soviético não foi integral e as informações fornecidas eram deliberadamente incompletas.
A construção de instalações de enriquecimento, por exemplo, foi auxiliada pelos soviéticos, mas os detalhes técnicos mais avançados nunca foram repassados.Essa omissão foi um golpe para o programa nuclear chinês, atrasando consideravelmente seu progresso e forçando o país a desenvolver, de forma independente, a maior parte das tecnologias necessárias para a construção de sua bomba atômica.
A realidade por trás dessa “ajuda” soviética era muito mais complexa. A União Soviética, sob a liderança do burocrata Nikita Khrushchov, buscava estabelecer uma política de convivência pacífica com as potências imperialistas, incluindo os Estados Unidos. Essa postura favorecia a contenção da proliferação de armas nucleares e era vista pelo governo chinês como uma traição às nações atrasadas, que lutavam contra o regime de opressão dos monopólios internacionais. Mao Tsé-Tung denunciou abertamente a aliança soviética com o imperialismo, afirmando que “a política soviética de convivência pacífica é, na verdade, uma rendição ao imperialismo” e uma forma de minar o desenvolvimento militar das nações revolucionárias.
Essa oposição culminou na ruptura sino-soviética, formalizada em 1960, quando a União Soviética retirou completamente sua assistência técnica da China, dando início a uma crise que continuaria sendo um ponto central de tensão entre os dois maiores Estados operários da época. Sem a assistência soviética, os cientistas chineses foram forçados a reestruturar completamente o projeto.
A falta de recursos e tecnologia, agravada pelo isolamento internacional, significava que cada etapa do processo de desenvolvimento da bomba era marcada por dificuldades extremas. Sem alternativas e com uma ciência muito atrasada para as tarefas necessárias, o programa de espionagem da China foi essencial para o sucesso de seu desenvolvimento nuclear, permitindo que o país adquirisse dados estratégicos dos principais programas atômicos do mundo.
Nos Estados Unidos, agentes chineses conseguiram informações cruciais sobre o enriquecimento de urânio e o projeto de bombas nucleares. Cientistas de origem chinesa, como Qian Xuesen, que havia trabalhado nos EUA antes de retornar à China, desempenharam papéis fundamentais ao trazer conhecimento técnico obtido em laboratórios como o de Los Alamos. A infiltração em programas nucleares norte-americanos acelerou significativamente o desenvolvimento da bomba atômica chinesa.
A União Soviética também foi alvo de espionagem chinesa após o rompimento diplomático. Os chineses roubaram dados técnicos importantes sobre o enriquecimento de urânio e mísseis balísticos intercontinentais (ICBM), obtendo avanços em áreas onde o apoio soviético havia sido interrompido. Isso permitiu que os asiáticos continuassem seu programa de armas nucleares, mesmo após o fim da cooperação formal.
Além dos EUA e da URSS, a China espionou a França, focando nos testes nucleares franceses no deserto do Saara, na África, durante os anos 1960. Agentes chineses conseguiram dados sobre os processos de testes e desenvolvimento de ogivas nucleares. O Reino Unido e “Israel” também foram alvos, com os chineses acessando tecnologias avançadas relacionadas a mísseis e sistemas de defesa.
A espionagem foi fundamental para a China contornar a barreira tecnológica imposta pelos países imperialistas. O acesso a segredos nucleares permitiu que um país atrasado e miserável criasse sua própria bomba, surpreendendo o mundo no dia 16 de outubro de 1964, quando realizou seu primeiro teste nuclear, apenas uma década após o início de seu programa.
O teste, realizado no deserto de Lop Nor, foi um marco significativo não apenas para a história do país, mas também para o cenário político internacional. Dez anos após o início do programa nuclear, a China entrava para o seleto grupo de nações com poder nuclear, uma façanha que chocou o mundo, especialmente as potências imperialistas.
O teste da bomba atômica chinesa, embora atrasado em comparação com o rápido progresso dos Estados Unidos e da União Soviética, foi uma vitória monumental para um país que, até aquele momento, era amplamente visto como tecnicamente atrasado e economicamente devastado.
A China provou ao mundo que o monopólio nuclear dos países imperialistas não era invencível. Este fato assombrou os países imperialistas. A consequência disso foi o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), cuja primeira proposta formal havia sido introduzida ainda nos anos 1950, mas que só ganhou tração após o sucesso chinês.
Todos que desejam entender melhor o desenvolvimento chinês, entre outros aspectos da luta de classes mundial, estão convidados a se juntar ao presidente do PCO na Causa Operária TV na apresentação marcada para esta quinta-feira (26). Compartilhe este importante evento com amigos e contatos, pois a participação de todos é essencial para fortalecer uma imprensa operária, independente e revolucionária.