O sítio Revista Movimento publicou neste dia 17 (terça-feira) uma matéria sob o título “O Brasil está queimando”. É mais uma na montanha de artigos alarmistas da esquerda que, mais uma vez, segue a política das “mudanças climáticas” ditada pelo imperialismo. No olho da matéria lemos que “As queimadas e poluição do ar em todo país demonstram a insuficiência das medidas governamentais e exigem mobilização popular pela emergência climática”. Como é comum na esquerda pequeno-burguesa, esse grupo acredita que a população irá se mobilizar para defender uma coisa abstrata como o clima.
Uma das maneiras de se dominar as consciências é pelo uso do medo. Nas décadas passadas não faltaram filmes do chamando “cinema catástrofe” que reforçavam a ideia de que o gelo dos polos terrestres derreteriam sob efeito do “aquecimento global” e inundar as principais cidades costeiras pelo mundo.
É nesse ‘clima’ que o texto diz que “a situação em São Paulo assusta: há pelo menos duas semanas o céu não é visível devido à fumaça. E não é apenas São Paulo que enfrenta esse problema. Em todo o interior do país, a situação é semelhante. Belo Horizonte e Brasília, por exemplo, estão há mais de 140 dias sem chuva. A Amazônia e o Centro-Oeste estão cobertos por fumaça. O Brasil está em chamas, com algumas regiões apresentando níveis de umidade do ar comparáveis aos de desertos, e São Paulo está entre as cidades com a pior qualidade do ar no mundo”.
Brasília, citada acima, passou por uma grande estiagem há vinte anos, em 2004, 147 dias. Em 1963 a cidade passou 163 dias sem chuvas e não havia todo esse alarme sobre as “mudanças climáticas”, efeito estufa, aquecimento global, buracos na camada de ozônio, pegadas de carbono etc.
Para reforçar a sensação de medo, o artigo diz que “esse é o terceiro momento de agudização da crise climática: tivemos os desastres do governo Bolsonaro, colocando em risco o Pantanal e a Amazônia; a destruição do Rio Grande do Sul; e agora, um novo passo na catástrofe climática, com a onda de calor e queimadas”.
O fim do mundo
Essas previsões apocalípticas são ditadas pelo imperialismo, que montou um esquema, incluindo um sem número de publicações científicas (por ele controladas) que alardeiam sobre a crise climática.
Curiosamente, os países imperialistas não estão interessadas em reduzir suas ‘pegadas de carbono’, dizem que vão ‘indenizar’ os países atrasados pela poluição que esses países ricos não vão deixar de produzir. Trocando em miúdos: os pobres não se industrializam e os ricos… esses continuam sua expansão. A vantagem, como todos já sabemos, é que os países atrasados ficarão sempre submetidos aos avanços tecnológicos dos desenvolvidos e prestarão, quando muito, para a exportação de commodities. É um ótimo negócio, pois a tecnologia agrega muito valor às mercadorias.
Outra vantagem das previsões do “final dos tempos”, é que o imperialismo pode usar o clima para ameaçar abertamente o resto do mundo. Joe Biden, por exemplo, chegou a declarar que tratará o clima como uma questão de “segurança nacional”, o que equivale a dizer que, caso os Estados Unidos se sintam ameaçados, poderão, por exemplo, invadir a Amazônia. Tudo isso para proteger aquele imenso “tesouro da humanidade”, óbvio.
O governo não se mexe
Segundo o texto, o governo federal não faz nada, é inoperante. Mais ou menos, pois temos até uma ministra, Marina Silva, que não quer que o Brasil explore petróleo. É claro que isso agrada ao imperialismo. E é preciso dizer que a Revista Movimento apoia Marina Silva, pois afirma que “O Brasil precisa suspender novas fronteiras de exploração do petróleo (como a da Margem Equatorial), afirmando uma transição energética real e renovada”.
E ainda: “Congresso Nacional, enrolado nas negociações para a sucessão de Lira e dominado pelo Centrão, está a serviço dos que fazem as queimadas. O Parlamento é dominado pelos latifundiários. Os governos estaduais, aliados ao agronegócio, são omissos. Em meio à seca histórica, o governo Lula anunciou que investirá para reconstruir a BR-319, chamada “estrada do fim do mundo”, acenando para o agro devastador”.
Com relação à “estrada do fim do mundo”, a esquerda pequeno-burguesa, que vivem cidades com estradas asfaltadas, com energia elétrica, internet etc., nega o mesmo direito aos brasileiros que vivem na Região Amazônica, que precisam ser condenados a viver no meio da lama, encalhando e levando dias para fazer um percurso que se poderia percorrer em horas.
A quem interessa que o Brasil não tenha estradas na Amazônia? Esse tipo de equipamento poderá integrar outros países latino-americanos, poderá facilitar o transporte de pessoas e mercadorias, o acesso ao Oceano Pacífico, mas o nosso desenvolvimento é ruim para o imperialismo. No lugar de desenvolvimento, a ‘esquerda climática’ só vê fogo e desgraça, ainda que não esteja disposta a ceder um milímetro do conforto no qual vive.
A esquerda como polícia ambiental
O texto faz apelo à ciência para sustentar sua posição imperialista, apesar de que, para muitos cientistas (devidamente calados), não existe consenso sobre um desastre iminente. Mesmo assim, atestam que “Uma das maiores autoridades climáticas, o cientista Carlos Nobre anunciou sua preocupação que os eventos que estamos vivenciando possam caminhar para o chamado ‘ponto de não retorno’, pelo aumento médio da temperatura e a destruição dos biomas”.
Em vez de lutar pela reforma agrária, pelo desenvolvimento racional da Amazônia e da agricultura, a Revista Movimento propõe “uma esquerda à altura dos fatos”. E diz que “com essas bandeiras, [está] defendendo um plano de emergência, a serviço de ampla mobilização popular”. Quer formar a “Coalizão pelo Clima”, uma espéciel de polícia ambiental que vai zelar pelos interesses do imperialismo. Será que teremos um Greenpeace 100% brasileiro?
Na matéria alegam que “A única saída para impedir a catástrofe que se aproxima é puxar – com programa e mobilização – o freio de emergência”. O único freio que estão puxando, no entanto, é o do desenvolvimento nacional, e o imperialismo, que despeja dinheiro em ONGs ambientalistas, agradece.