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Palestina

Partido aliado do Hamas vence eleições no Reino da Jordânia

A Frente de Ação Islâmica, partido ligado ao Hamas, teve uma vitória gigantesca nas eleições, a coroa mais frágil do Oriente Médio balança na cabeça do lacaio sionista Abdulá II

No dia 10 de setembro aconteceram as eleições gerais para o parlamento da Jordânia. O país árabe é um dos principais aliados do imperialismo no Oriente Médio, uma monarquia constitucional, ou seja, onde o parlamento tem ainda menos poder. No entanto, uma reviravolta aconteceu, o nacionalismo islâmico, organizado no partido Frente de Ação Islâmica (FAI), teve uma vitória gigantesca. Com a maior votação do país, teve 28% dos votos, conquistou 22% das cadeiras do parlamento. O motivo? É o partido que defende o Hamas e a Palestina.

A FAI é uma organização ligada a Irmandade Muçulmana, a mesma organização internacional do Hamas e do governo derrubado pelos EUA no Egito em 2013. Desde 2016, a Irmandade Muçulmana sofre com a repressão do governo. Suas sedes foram fechadas na capital Amã e na cidade de Madaba. Mas fica claro que a repressão não teve efeito, pois a FAI está maior do que nuca.

Em 2022, o governo jordaniano aprovou novas leis eleitorais para fortalecer a representação de partidos políticos no parlamento. Isso porque já naquele momento a crise era muito grande e o sistema truncado deixa o parlamento sempre com a maioria de representantes tribais. Estes eram mais alinhados com a monarquia, a população urbana, principalmente os refugiados palestinos e as de descendência mista, são o setor mais nacionalista e, portanto, mais contra a monarquia.

Para se ter uma noção, mesmo com a regra nova, 49,6% dos votos foi para 19 partidos que não tiveram nem 2,5% dos votos. Além disso, o segundo partido mais votado teve 5,72% dos votos, 22% a menos que o FAI. Na prática, o FAI é o único partido real do país.

Mas nessa eleições o FAI foi tão popular que conseguiu conquistar assentos até em distritos tradicionalmente tribais. Na segunda circunscrição de Amã, os candidatos da FAI garantiram vários assentos, incluindo um candidato cristão, Jihad Madanat, e uma mulher, Raquin Abu Hanié. É um avanço gigantesco para o partido. E não é algo apenas da Jordânia. Na Síria também os representantes das tribos estão se agrupando cada vez mais com o governo nacionalista de Assad, contra os EUA.

É interessante que partidos tradicionais de esquerda e nacionalistas da Jordânia faliram completamente. A FAI absorveu grande parte das cadeiras que antes eles possuiam. Isso é também uma tendência geral do Oriente Médio. O nacionalismo islâmico cresce independente da linha religosa do país. O nacionalismo xiita se expandiu com a Revolução Iraniana de 1979. Mas agora com a Revolução Palestina, o nacionalismo sunita se torna também cada vez mais forte. O Hamas de certa forma quebra essa fronteira dos sunitas com os xiitas pois mostra que os xiitas são grandes aliados.

A grande questão da eleição, como todos esperavam, foi a Palestina. A FAI foi o partido que mais defendeu os palestinos nos últimos 11 meses de genocídio. Eles estavam presentes nas centenas de atos que aconteceram em todo o país. São defensores da resistência e inclusive cantam palavras de ordem abertamente em defesa do Hamas e das Brigadas al-Qassam. Em um país com milhões de palestinos, ser um apoiador do Hamas, o maior partido da Palestina, tem um impacto enorme em sua popularidade.

Não foi só isso, quando o jordaniano Maher Hussein al-Jazi realizou uma operação na Cisjordânia ocupada abatendo 3 israelenses ele se tornou um herói nacional da Jordânia. Quem estava em seu velório desde o princípio? Membros da FAI. O partido realmente defende a resistência contra o sionismo. E isso é uma ameaça gigantesca para a monarquia mais frágil do Oriente Médio.

Jordânia, uma colônia do imperialismo e do sionismo

A FAI pede a suspensão de acordos comerciais e de segurança com “Israel”, incluindo o vergonhoso Tratado de Uadi Araba, que normalizou as relações entre a Jordânia e o Estado sionista em 1994. Foi a partir desse momento que o país se tornou uma verdadeira colônia do sionismo. A degradação foi tão absurda quem em 1997 já havia agentes do Mossad em Amã assassinando dirigentes do Hamas. O rei teve de intervir para que “Israel” atuasse de forma mais discreta.

Abdulá II é de fato o chefe de Estado da Jordânia. Ele tem a capacidade de dissolver o parlamento, no entanto, a FAI se tornou uma força política tão grande que o rei não poderá lidar com ela na base da repressão apenas. O impacto, mesmo que não tão grande quanto poderia ser se houvesse um regime parlamentar real, será sentido. As eleições mostraram para todo o mundo que a questão palestina está desestabilizando todos os regimes pró-imperialistas do Oriente Médio. Quando mais a guerra em Gaza continua, pior é a situação das monarquias e da ditadura do Egito.

Fica claro que a monarquia da Jordânia fez de tudo para impedir que fosse derrotada nas eleições. Em junho, a FAI chegou a enviar uma carta ao primeiro-ministro Bisher Khasauné, protestando contra o “assédio eleitoral” realizado pelos serviços de segurança do reino. Ou seja, já estava claro que a FAI cresceria. O que não se sabia era o tamanho da derrota do sionismo e do imperialismo. O alerte verde (cor do Hamas e da FAI) foi acionado. Mais uma crise sionista se aproxima do regime sionista. A queda da monarquia da Jordânia seria uma ameaça gigantesca ao Estado de “Israel”.

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