Nessa sexta-feira (20), o Diário do Centro do Mundo (DCM), um portal de variedades pretensamente progressista, publicou um artigo asqueroso de título PCO dá golpe em prestação de contas e TSE não libera fundo eleitoral. A matéria se refere ao fato de que o Partido da Causa Operária (PCO) está há 55 dias aguardando o pagamento do fundo eleitoral, que se encontra bloqueado graças a uma série de manobras inacreditáveis orquestradas pela presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a ministra Cármen Lúcia.
Se há alguém nessa história que não deu golpe é o PCO. O primeiro golpista da história é o próprio redator do artigo do DCM, um tal de Augusto de Sousa. Seu primeiro golpe consistiu em, no lugar de fazer o que se esperaria de um jornalista, que seria apurar os fatos e escrever uma matéria com base nessa apuração, ter copiado um outro artigo, do jornal Folha de S.Paulo, e ter pedido ao ChatGPT para reescrevê-lo. Seu segundo golpe consistiu em publicar um artigo no qual o título não tem relação alguma com o seu conteúdo. O artigo chatgptzado de Augusto de Sousa não apresenta “golpe” nenhum do PCO.
O segundo golpista da história é, obviamente, o próprio TSE, representado na figura da ministra Cármen Lúcia, que, por sua vez, foi a ministra do SupremoTribunal Federal (STF) durante a consolidação do governo golpista de Michel Temer.
A questão em tela é muito simples, de modo que até a Folha de S.Paulo compreendeu. De maneira completamente atípica, a presidente do TSE está demorando meses a fio para liberar o fundo eleitoral do PCO. Essa demora, conforme o próprio PCO explica, nada tem a ver com o excesso de burocracia no interior do regime. A demora ocorre para impedir que o PCO possa fazer campanha eleitoral. É uma forma de tentar calar o Partido.
O não pagamento do fundo eleitoral tampouco tem a ver com qualquer coisa que o PCO tenha praticado que o TSE tenha considerado, pela Lei, ilegal. O PCO não foi julgado, o problema é que simplesmente não há julgamento. O DCM, portanto, acusa o PCO de dar um golpe, não mostram as provas e sequer respeitam a presunção de inocência de quem não foi julgado pelo TSE.
É uma palhaçada. Mas não é novidade alguma. Não é de hoje que o DCM pratica um “jornalismo” ao estilo da revista Veja. Qualquer semelhança não é mera coincidência: Kiko Nogueira, antes de fundar a revista de “homens” Alfa, foi editor da própria sucursal paulista da Veja!
O portal coleciona episódios grotescos como o “assassinato” do personagem Coronel Siqueira, cuja morte foi noticiada pelo portal, sem que o próprio personagem soubesse que tinha morrido! Mais recentemente, o portal também “matou” o linguista norte-americano Noam Chomsky.
Ainda que faça campanha para algumas figuras difusas da esquerda nacional, o DCM vem se notabilizando por suas campanhas policialescas contra a própria esquerda. O PCO, por exemplo, já foi alvo de uma quantidade inacreditável de calúnias do portal – incluindo, até mesmo, a acusação de ter roubado um celular!
Uma vez mais, o DCM aparece para fazer o serviço sujo que nem a direita teve coragem de fazer. No momento em que um partido está sendo sabotado pelo TSE, em uma flagrante violação de seus direitos democráticos, o portal decide alinhar-se ao grande capital e dizer: bem feito, o PCO tem mais que ser censurado mesmo.
O jornalismo de esgoto do DCM pode não se dar conta, mas, uma vez mais, revela em que lado está na luta política. Em primeiro lugar, convém destacar que defender que um partido seja impedido de realizar as suas atividades políticas – que é, na prática, o que o TSE está fazendo – é atentar contra a Constituição Federal e contra o próprio sistema de democracia representativa em vigor no País. O DCM está defendendo, portanto, que o povo não tenha controle sobre o Estado, por meio dos partidos políticos, mas que o próprio Estado tenha controle de si próprio.
A Constituição Federal diz: “todo poder emana do povo”. Para o DCM, todo poder emana do tribunal que impediu que Lula fosse candidato em 2018 e, assim, garantiu a vitória eleitoral de Jair Bolsonaro.
A segunda coisa que o DCM revela novamente é o motivo de sua cisma com o PCO. O jornaleco começou a caluniar o Partido quando este saiu a público para denunciar o grande esquema envolvendo Guilherme Boulos (PSOL) e as Organizações Não Governamentais (ONGs). Isto é, quando o PCO mostrou que não tem nada a ver com a “esquerda” que o imperialismo gosta. O DCM, que apoia Boulos, não gostou.
O não pagamento do fundo eleitoral hoje acontece pelos mesmos motivos. O PCO tem denunciado a operação Guilherme Boulos em São Paulo e tem sido o único partido a não se dobrar à pressão da burguesia em temas como a defesa da resistência armada palestina e a liberdade de expressão.
É por não ser uma esquerda à la Boulos que o DCM decide caluniar o PCO. Visto desse ponto de vista, a nova picaretagem de Kiko Nogueira é um elogio.