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Eleições municipais

João Pimenta: não há motivo nenhum para confiar em Boulos

Jovem dirigente do PCO foi entrevistado por jornal paranaense Gazeta do Povo

Nessa terça-feira (18), o jornal paranaense Gazeta do Povo publicou uma entrevista exclusiva com o candidato a prefeito do Partido da Causa Operária (PCO) da cidade de São Paulo, João Jorge Caproni Pimenta. O artigo, assinado por Luisa Purchio, aborda diversos temas, dando ênfase, ao contrário da maior parte das entrevistas realizadas pela imprensa burguesa, aos aspectos políticos, e não meramente administrativos acerca da disputa eleitoral.

Logo na primeira pergunta, Pimenta teve a oportunidade de explicar a visão do Partido sobre o processo eleitoral. “Nós temos uma eleição muito antidemocrática”, disse ele. “As regras impedem a isonomia, ou seja, a igualdade entre os candidatos. Alguns candidatos têm tempo de televisão, outros não têm. Alguns candidatos são chamados para debates e um determinado número de entrevistas, outros não. Isso cria uma situação em que tem uma tendência de vantagem muito grande a candidatos que já estão bem posicionados, seja pela máquina partidária que detêm, ou pelo fato de serem conhecidos previamente”.

Ao abordar o caráter antidemocrático das eleições, o candidato não poderia deixar de denunciar a sabotagem do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na figura da ministra Cármen Lúcia, contra o Partido. A ministra, que é responsável por autorizar o pagamento do Fundo Eleitoral, se recusa a fazê-lo. “Até agora, a ministra Cármen Lúcia não se deu ao trabalho de julgar. Os prazos são muito grandes, ela pede para o Ministério Público se manifestar em cinco dias, que é 10% da campanha e, sendo bem franco, é uma enrolação. Então assim, nós estamos pedindo, nesse caso, um julgamento célere. Se ela não vai fornecer, que nós achamos que está em contradição com a lei, tudo bem, mas ela tem que julgar, porque até agora não tem julgamento se vai liberar o fundo ou não, e já passou metade da eleição”.

Na primeira pergunta mais diretamente ligada à administração municipal, Pimenta foi questionado sobre a atuação do Primeiro Comando da Capital (PCC) e o conjunto do crime organizado. O jovem dirigente respondeu que o PCC não é causa da Cracolândia; é efeito do fato de que os bancos e os especuladores financeiros, “que são uma organização criminosa muito maior do que o PCC, levaram o país à falência, tiraram das pessoas a esperança de que, se elas trabalharem, estudarem e se esforçarem, elas vão ter uma vida digna, porque hoje em dia não é verdade, você pode se esforçar muito e não ter uma vida digna”.

Pimenta, então, explicou que o Partido defende a legalização de todas as drogas, uma vez que, com essa medida, “acaba com a violência”. O candidato afirmou que também é preciso arranjar emprego, moradia, acesso à cultura e educação, “porque a pessoa precisa ter um motivo para parar de usar droga”, e “não adianta ficar discutindo se vai fazer internação compulsória, como é o caso do Guilherme Boulos”.

Ao ser perguntado sobre o problema do orçamento municipal, João Pimenta foi categórico: “o município está falido”. Segundo ele, “todo o dinheiro que é recolhido nessa cidade, seja de impostos federais, impostos estaduais ou impostos municipais, é enviado para os governos estadual e federal, e esses governos gastam uma boa parte do orçamento com o pagamento da dívida pública para os barões do mercado financeiro, que são verdadeiros criminosos”.

Ao ser perguntado sobre como o prefeito poderia intervir na questão da liberdade de expressão, o candidato forneceu o exemplo da Lei Cidade Limpa, que restringe a comunicação visual na cidade, “em benefício dos grandes capitalistas”. Segundo ele, “no Brasil, em São Paulo, não tem um outdoor que você pode pegar um partido, um sindicato, colocar uma imagem ali para divulgar uma greve, um acordo, uma proposta, você não pode fazer nada, isso é uma restrição dos direitos individuais. Você tem uma invasão da prefeitura sobre o funcionamento dos comércios e outras questões muito grandes. Você tem que ter regras para construir um banheiro, tem regra para tudo quanto é tipo de coisa, e isso é uma violação das liberdades”.

Na última pergunta da entrevista, Pimenta explicou sua caracterização do candidato Guilherme Boulos:

“Formalmente ele é de esquerda, agora eu não sei no que ele acredita e, na minha opinião, ninguém sabe. Ele era a favor da legalização do aborto e das drogas, agora ele é contra. Ele já falou que era a favor da Venezuela, agora já acha que é uma ditadura. Ele já foi super crítico da presidenta Dilma, falando que o governo era indefensável etc., agora ele está lá apresentando a entrega do Minha Casa, Minha Vida, que foi feito pela Dilma, como se fosse ele que entregou. Hoje ele diz que é de esquerda, mas nós temos o exemplo do Gabriel Boric [presidente do Chile], que subiu ao governo falando que era de esquerda e agora é um governo de direita. Eu vejo que ninguém tem motivo nenhum para confiar nele.”

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