O governo indicou Gabriel Galípolo, atual diretor de política monetária do Banco Central (BC), ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda e ex-presidente do Banco Fator para substituir Roberto Campos Neto no comando do Banco Central.
Com o fim do mandato de Campos Neto na direção da autoridade monetária, os banqueiros (eufemisticamente chamados de “mercado”) estão em pânico, temendo uma indicação de substituto alinhado à política do atual governo e que diminua as taxas de juros.
O “mercado” logo se manifestou tempestivamente com a indicação, o que levou o ministro da Fazenda Fernando Haddad a declarar à imprensa que “ele não serviria às vontades do presidente Lula”, e que a escolha teria ocorrido por “critérios técnicos”.
A preocupação do sistema financeiro era de que ele fosse tolerante à inflação alta e em consequência praticasse taxas de juros menos elevadas. A calmaria chegou quando ele anunciou eventual alta na taxa de juros.
Na reunião desta quarta-feira o Comitê de Política Monitária (Copom) anunciará a nova taxa Selic e o sistema financeiro aposta em aumento de 0,25% indo a 10,75% ao ano.
A gritaria do mercado financeiro pela indicação de Galípolo para a presidência indica pressão sobre as autoridades monetárias para impedir que pudesse ocorrer redução, já que a inflação está sob controle dentro das expectativas para 2024 entre 1,5% e 4,5% considerando a tolerância de 1,5% para cima ou para baixo. O acumulado no ano é de 2,8% e nos últimos doze meses em 3,71% e o IPCA apresentou deflação de 0,02% em agosto.
A pressão dos vampiros da indústria financeira contra a indicação de Galípolo só se justifica pelo temor de que ele fosse influenciado pelo governo Lula com as tentativas de reduzir a taxa de juros na economia, uma vez que Galípolo é francamente um neoliberal e que já atua há muito tempo no mercado financeiro, além de ter iniciado sua carreira pública no governo do tucano José Serra em São Paulo, portanto, um meoliberal de alta plumagem.
O que chama a atenção é o papel covarde do Haddad em ceder tão facilmente à pressão, fazendo o que os banqueiros querem e não seguindo o programa de governo, o que serviu para colocar o presidente Lula em situação difícil e enfraquecida perante o sistema financeiro. Ao falar por Lula, dizendo que Galípolo não atenderia as vontades de Lula e cedendo à pressão, o ministro da Fazenda confirma o que o próprio Lula disse há tempos: “o Haddad é o mais tucano dos petistas”.
O que está em marcha é o aumento da pressão contra o governo Lula para impedir que ele tenha sucesso em desenvolver a economia e voltar a crescer, coisa que não está nos planos dos empresários nacionais e do imperialismo, que tem como objetivo reduzir a participação das indústrias na economia, privilegiando os ganhos do sistema financeiro em detrimento de investimentos em infraestrutura, saúde e educação.
Lula está cercado por cobras, umas que ele próprio trouxe para o governo e outras impostas pelo imperialismo, mas será que essas cobras estão domesticadas pelo Lula? Não parece, pois os recuos do governo nas questões de investimentos internos e na política externa dão sinal que estão cercando o governo e impedindo seu espaço de ação.
Hoje o governo está andando no fio da navalha e o novo presidente do BC, que só tomará posse em 2025, será mais um fator de pressão contra o governo. Mais um erro crasso causado pela tentativa de “administrar” a direita, cedendo um espaço que só servirá para desmoralizar o presidente e facilitar uma campanha golpista.